Destinos Cruzados [REESCREVENDO]

Dúvidas e mais dúvidas

Brittany sentiu a garganta se fechando cada vez que Santana dava um passo para sentar no lugar vago, atrás dela e de Mike. Sua saliva não descia, assim como sua respiração foi ficando cada vez mais pesada. Por que Mike resolveu buscá-la justo hoje? Por que ela estava se sentindo dessa forma? Pra que esse abraço agora?. Mike envolveu um dos braços por seus ombros e a puxou para mais perto, deixando um beijo em sua bochecha, fazendo a esposa sorrir sem graça. Santana se sentou no banco atrás e presenciou toda aquela cena. Dentro do seu peito, não sabia o que mais a incomodava: Dani com a pós graduação, ou ela saber que Brittany era hetero e tinha alguém. E podia jurar que entre ela e a loira havia rolado alguma coisa com aqueles olhares. E ainda teve o chaveiro, claro, não poderia se esquecer desse detalhe. A loira lhe deu todos os sinais errados, ou ela realmente é apenas simpática e amiga, e Santana embolou todo o meio de campo. Se a morena tivesse olhado para trás quando caminhou até a porta de saída do veículo, teria visto os olhos azuis a fitando, com um pontada de culpa por não terem sentado juntas.
Brittany permaneceu divagando, mergulhada em seus pensamentos, no qual, Santana era a principal. Queria ter o poder de conseguir decifrar a amiga pelo olhar. Queria também ter conversado com ela, saber se ela havia melhorado do problema com a esposa. De mãos dadas com Mike no percurso de casa, Brittany se lembrou que Santana era casada, e o principal: ela também era. Então por que aqueles olhos castanhos não saiam mais de seus pensamentos?.
 
- Você está tão calada – Mike falou a esposa assim que abriu o portão. - Aconteceu alguma coisa?
 
- Não é nada. Só cansaço mesmo.
 
- Bom, eu vou tomar uma ducha e estudar um pouco. Amanhã chegarei tarde. As aulas retornam na faculdade.
 
- Verdade. Eu havia me esquecido.
 
- Me acompanha no banho? – O sorriso de Mike para Brittany nem foi notado pela loira.
 
- Não, pode ir na frente. Eu vou tirar algo do congelador para a janta.
 
Na cozinha, Brittany tirou coxas de frango para fazer no forno e se perguntou se Santana gostava de frango, ou preferia carne. – Eu vou enlouquecer. A garota não entendia porque pensava tanto nos olhos castanhos, porque se sentiu tão incomoda pela amiga vê-la junto do marido e se isso abalaria alguma coisa entre elas. Decidiu após muito pensar que agiria normal, claro, não tinha motivo para mudanças. Faria a proposta pelo qual pensou durante toda a manhã e torceria para a outra aceitar.
Santana quando chegou em casa, tomou um bom banho e fez companhia a Marie, assistindo TV (seus desenhos idiotas preferidos) e comendo pipoca, precisava parar de pensar na cena do casal mais cedo. Pela manhã, arrumando rápido sua mochila, achou a caneta de unicórnio e decidiu que daria a garota, independente de qualquer coisa. Quando fez sinal para o ônibus, não conseguiu evitar de desejar que a amiga estivesse sozinha, no banco que era apenas delas duas. Com ciúmes ou não, Santana abriu um sorriso resplandecente, mostrando suas covinhas, em direção a Brittany e recebeu outro sorriso, com todos os dentes a mostra. Foi impossível de evitar.
 
- Oi...
 
- Oi B...
 
- Tenho algo para você – As duas falaram em uníssono e sorriram em seguida.
 
- Você primeiro, Britt.
 
- É... eu pensei em algo e quero te fazer um convite.
 
- Convite? – Santana arqueou uma das sobrancelhas grossas, virando o rosto na direção da amiga.
 
- Coisa simples, básica. Então, como ontem você estava triste, eu lembrei daquele assunto sobre as aulas de danças, e decidi perguntar se você topa mesmo.
 
- Haaa... – Santana não sabia o que fazer com aquele farelo de esperança idiota. Achou que a loira a chamaria para um jantar, até lembrar que ambas eram casadas. – Eu não sei, Britt. A vida tá corrida, e eu vou precisar ver no meu orçamento e...
 
- Oh, não... – Brittany sorriu fazendo sinal de negação com a cabeça – Não irei te cobrar. Você pode ir depois da minha aula pela manhã, podemos treinar por 30min. Dançar sempre me deixa feliz, além de relaxar.

- Por isso pensou em mim?

- De certa forma sim - sorriu - Você estava triste ontem, e... Bom, eu fiquei pensando nisso - Brittany olhou para o lado, desviando dos olhos castanhos que pareciam sorrir com o que dissera - Achei que fosse ser uma boa.

- Isso não vai te trazer problemas não, Britt-Britt?

- É só ir na boa San... zero problemas.

- Ir na boa, é? Sei... tudo bem, eu topo. Mas com uma condição?

- Qualquer uma - Brittany estava radiante pelo fato da amiga ter aceitado.

- Não vale rir. É sério. Eu não sei dançar bem.

- Não sr preocupe San-San, não irei rir.

- É, realmente. Você é péssima com apelidos. - ambas riram juntas e seus ombros ficaram mais colados. - Antes que eu me esqueça - Santana remexeu em sua bolsa - comprei para você.

- Meu Deus San-San, que caneta incrível. Eu amei, muito mesmo. - Brittany sorria igual uma criança e abraçou a amiga de surpresa que estava apenas rindo junto dela, pela sua reação espontânea. O abraço foi desfeito no exato momento que o ônibus fez a curva e então Santana acabou indo de encontro com Brittany e suas respirações foram sentidas em seus rostos, enquanto suas pupilas se fixavam uma na outra.  Seus corações batiam acelerados e a cada batida,  seu ar faltava. A freiada do veículo fez com que voltassem a realidade.

Santana e Brittany estavam coradas e mexeram no cabelo, sorrindo de lado, tentando disfarçar o clima que pesou em questão de segundos.

- Você gostou? Mesmo?

- Eu amei, verdade verdadeira - sorriu - vou deixá-la na bolsa, para estar comigo sempre.

E era esse tipo de atitude que deixava Santana derretida, além de muito confusa. O que havia sido aquele clima todo? Tinha certeza que Brittany também havia ficado mexida.
Na empresa, puxou Quinn em um canto, precisava desabafar sobre isso com alguém, ou iria enlouquecer, talvez.

- Que foi, mulher? Já chega igual a um furacão.

- Reunião dos yags na escada de incêndio. Urgente.

- Quem morreu Santana? - Kurt perguntou enquanto chegava perto das meninas com o copo de café na mão. - Não dá nem um bom dia e já vai deixando a gente curioso.

- Dormiu comigo querida? Fiz tão ruim assim pra não ganhar um bom dia.

- Ha-Ha, tô morrendo de rir. Não querem saber do que tenho pra contar? Tudo bem. Eu não conto então. Vocês que perdem...

- Conta logo criatura.

- Tem uma garota... E ela está me confundindo. Acho... Acho que estou afim dela.

- PUTA MERDA - os amigos disseram de boca aberta.