Virada de jogo

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Manhã após manhã, tarde após tarde, Brittany pegou o mesmo ônibus, no mesmo horário, com esperança de encontrar com Santana uma outra vez. Um mês havia se passado, e a esperança de vê-la ia diminuindo a cada vez que no ponto de ônibus, ninguém subia. Para Santana, as coisas também estavam ladeira abaixo. Seu rendimento caiu completamente no trabalho, na faculdade, e em casa, só conseguia pensar e desejar Brittany. Não conseguia beijar Danielle, não conseguia fazer sexo e a promessa que fez em fazer dar certo, se quebrou, igual quebrou seu coração em se despedir da loira aquela tarde.
Mais um mês se passou como uma flecha, e Brittany observou que um dos gatos que adotou junto de Santana parecia estar doente. Wanky não estava comendo ração, ficava apenas deitado e seu corpo não reagia nem quando o irmão pulava em cima para brincar.

- O que você tem Wanky? Já é o terceiro dia que você não come direito. Fala pra mim. Você também está triste? - Brittany só de pensar em Santana, deixou algumas lágrimas escaparem. - Vamos ao veterinário, tá bom?! Você precisa melhorar. Eu não quero ficar sem você. - Se levantou da onde o gato estava, pegou sua bolsa, carteira, uma para enrola-lo e foi até o quarto, onde o marido estava estudando. - Mike... preciso levar o Wanky ao veterinário.

- O que aconteceu?

- Acho que o Wanky está doente. Eu não sei. Tem três dias que ele mal come, e está parecendo uma gelatina, todo mole.

- Esse gato não é da Santana? Você deveria falar com ela, e não arcar com tudo.

- Haaaa... É. Talvez eu fale.

- Você tem que falar, Brittany. Veterinários são caros... eles farão exames, darão medicações. Tudo isso é custo. Por isso eu não queria gatos e...

- Tá, eu já entendi. Só que eu não posso deixar ele doente desse jeito. Enfim... eu estou indo.

- Liga para a Santana.

- Tchau Mike.

Dentro do uber, com Wanky enrolado na manta e seus olhos de gatos a encarando, ela se perguntou diversas vezes se deveria ligar para Santana ou não, já que Santana nunca ligou nem para saber como estavam os filhotes. Tal pensamento fez Brittany se entristecer um pouco mais e quando chegou naquela sala toda branca, com uma mesa de metal no canto, se sentiu vulnerável e a única presença que ela queria naquele momento era de Santana.

- Conte para mim o que a dê errado com o Wanky? - A voz da veterinária a faz despertar. - Olá garotinho. - Falou com o animal já na mesa.

Brittany contou tudo o que se lembrava dos sintomas que notou no pequeno animal e a doutora decidiu fazer alguns exames para saber exatamente o que ele tinha. Também o deixou tomando soro para que não desidratasse mais. Vê-lo naquela mesa, com o bracinho amarrado a uma fita adesiva, junto de uma agulha foi o ápice para Brittany. Ela não aguentava sozinha e então ligou para Santana. Seus dedos tremendo a cada número que discava. Ouvir os toques e aquela voz...

- Britt... - Santana não conseguiu conter o sorriso, mas logo o perdeu ao ouvir o choro abafado do outro lado da linha. - Britt...

- San... - Segundos de silêncio pareceram uma eternidade. Ouviram apenas a respiração descompassada uma da outra. - É... É o Wank...

- O que aconteceu com o Wank? - Seu coração encolheu ao ouvir o nome do gato. Santana todos os dias olhava as fotos que havia tirado do animal, os vídeos que gravou e no fundo, a risada de Brittany. Se tornou prisioneira da sua própria escolha e pagava por isso.

- Ele... ele está doente. Eu estou no veterinário com ele, mas San... eu tô com medo. Ele está no soro.

- Qual veterinário você está?

Destinos Cruzados [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora