I

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— Bom dia, meu amor. — Nicole acordava Ethan com um suave carinho nos cabelos. — É hora de acordar. — Deu um beijo na testa do garoto.

— Bom dia, Nick. — Ethan se esticou na cama, com a voz sonolenta, e olhou para a irmã. — Posso faltar à aula hoje?

— O que? Por quê? Você está se sentindo mal? — Perguntou enquanto abria as cortinas do quarto, deixando a luz do sol entrar. Foi até o irmão e colocou as costas da mão em sua testa, verificando sua temperatura.

— Não estou sentindo nada, estou bem. — Ele se sentou na cama. — Só não quero ir hoje. — Baixou os olhos e torceu os lábios com tristeza.

— Mas aconteceu algo? Você nunca teve problemas com a escola.

— Não, Nick, só estou com preguiça. — Ele deu um sorriso desanimado e se levantou da cama.

— Hmm, nada de preguiça, mocinho. Seu futuro depende dos estudos. — Ela bagunçou os cabelos loiros do menino e o guiou até o banho.

A mãe de Nicole adotou Ethan quando ele tinha dois anos. Ele veio de um lar abusivo e era maltratado por seus pais. Hoje, com sete anos, o menino era o amor da vida da irmã e da mãe. Nicole cuidava dele na maior parte do tempo, já que sua mãe não podia fazer muitas coisas devido à idade avançada. Nicole assumia a maioria das responsabilidades.

— Vamos, Ethan, você vai se atrasar, ainda precisa tomar café. — Nicole chamou da cozinha.

— O que aconteceu? Ele nunca se atrasa. — A mãe perguntou entrando no cômodo.

— Não sei, disse que não queria ir à escola hoje.

— Como assim? Ele adora a escola.

— Estão falando de mim? — O menino apareceu, cortando a conversa, e sentou-se à mesa. — É feio falar sobre alguém pelas costas. — Ele disse, começando a comer seu café da manhã.

— Não estamos falando pelas costas, estamos conversando sobre você. — Nicole explicou.

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— Não saia da escola sozinho, por favor, espere eu ou a mamãe. Não confie em ninguém. — Nicole deu instruções enquanto o menino a ignorava e saía do carro sem nem olhar para trás, batendo a porta e desaparecendo no meio das crianças.

Nicole respirou fundo e seguiu seu caminho com o carro. Estava ficando cada vez mais difícil criar um menino de sete anos. Ele necessitava de muitas coisas, e o dinheiro era o maior dos problemas. Carinho e atenção, ele tinha de sobra, mas dinheiro era escasso. Como dizer a uma criança que ele não podia ter a mesma mochila da moda que os amigos? Ou que o presente de Natal dele era "apenas uma lembrancinha"? Partia o coração de Nicole sempre que essas situações aconteciam. Mas graças a Deus, Ethan era uma criança muito inteligente e, mesmo ficando triste, parecia entender a situação. No entanto, ela sabia que ele merecia o mundo e que precisava fazer de tudo para dar isso a ele.

Nicole passou a tarde inteira entregando currículos em padarias, lanchonetes, mercados, bares e boates. Ela tentava todas as alternativas, estava aberta a todos os tipos de empregos. Quando terminou, seu celular indicava que eram duas e quarenta da tarde. Ethan sairia da escola em vinte minutos, o suficiente para que ela chegasse lá.

— Oi, meu príncipe. — Cumprimentou o menino assim que ele se aproximou do carro.

Ethan entrou no veículo em silêncio, sentou-se no banco de trás e colocou o cinto de segurança, ignorando a irmã.

— Como foi o seu dia? — Nicole deu partida no carro e olhou Ethan pelo retrovisor quando não obteve resposta. — Aconteceu alguma coisa?

— Não quero falar sobre isso. — Respondeu, cruzando os braços.

Acasos do Destino  (romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora