Capítulo 15.

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Ainda tentando me acostumar com a claridade insuportável que faz minha cabeça latejar ainda mais, me sento na cama e tento de alguma forma me lembrar de alguma coisa da noite passada além do jantar, das diversas taças de vinho e de termos sentado para ver um filme.

Mas, o fato de eu ter acordado na cama de Luke, vestindo sua camiseta, e não vendo nenhum sinal da minha roupa, me faz imaginar muito bem o que aconteceu. Céus, eu me sinto horrível.

Ainda meio zonza, caminho para fora do quarto e vou em direção a cozinha. Vejo Luke de moletom e camiseta, de costas para mim.

- Ah, você acordou! – Ele diz, assim que se vira e me vê. – Vem, eu preparei café da manhã. Acho que você vai precisar de um café preto e bem forte.

Sem dizer nada, me sento em um dos bancos da bancada da cozinha, e ele me serve de café. Não dizemos nenhuma palavra e eu mal consigo olhar para ele. Ele não se aproxima de mim, e fica em pé na minha frente, encostado no balcão. Minha cabeça gira tentando recuperar alguma memória, mas só consigo me fazer sentir mais dor.

- Vai te fazer bem. – Luke coloca uma cartela de aspirina na minha frente e eu sorrio fraco, tomando um dos comprimidos com um copo cheio de água. Minha consciência me coroe, pelo falo de eu não saber o que eu fiz e pelo clima esquisito.

- Eu preciso te perguntar uma coisa. – Eu falo por fim e ele me olha atentamente. – O que exatamente aconteceu ontem? – Mordo os lábios assim que faço essa pergunta. Ele tomba sua cabeça para o lado, e eu não consigo decifrar o olhar dele. – Desculpa, mas eu realmente não me lembro de muita coisa. – Ele ri e concorda com a cabeça.

- Eu imagino. – Ele coloca sua xícara em cima da pia. – Eu vou tentar refrescar sua memória. – Seu tom de voz é divertido. – Você tomou algumas garrafas de vinho sozinha, xingou todos os personagens do filme que começamos a ver, brigou com a TV porque estava odiando o filme e ela não o trocava sozinha, me fez colocar High School Musical e cantou todas as músicas do inicio ao fim.

- Isso é péssimo! – Faço uma careta e mordo meu lábio. Eu passei essa vergonha toda de graça e isso só me fez ficar pior.

- Ah, e você também dançou todas as coreografias do filme. – Prendo meus lábios juntos, em uma linha reta, sentindo a vergonha me consumir. – Mas se você quer saber se a gente transou... – Ele caminha até mim e para na minha frente, olhando fundo nos meus olhos. – A resposta é não. – Respiro aliviada, me sentindo um pouco menos pior. Olho para baixo, envergonhada, mas ainda pensando sobre minha roupa trocada. – Foi você quem se trocou. – Ele diz como se soubesse o que passava na minha cabeça. – E você dormiu no quarto sozinha. Eu fiquei aqui na sala, e só entrei lá hoje cedo para ver se você estava bem.

O alivio que eu sinto é indescritível, e eu volto a respirar naquele momento. Mas, ao mesmo tempo, eu me sinto uma idiota por pensar que ele pudesse ter feito alguma coisa.

- Indo contra todas as minhas vontades, e resistindo muito a todas as suas provocações; e acredite em mim, foram muitas; nada aconteceu. Eu jamais faria algo com você naquele estado. – Sorrio e olho para ele.

- Desculpa! Por todo o meu fiasco de ontem, que foi péssimo. – Ele ri. – E por ter imaginado que alguma coisa a mais aconteceu. Eu só estava confusa por não me lembrar de nada. – Ele nega com a cabeça e faz um carinho no meu rosto.

- Você não precisa se desculpar, está tudo bem, e é completamente compreensível. – Ele garante. – Está mais calma agora? – Concordo com a cabeça. – Então será que agora eu posso te dar um beijo de bom dia? – Sorrio.

- Deve!

Seus lábios tocam os meus delicadamente, me envolvendo num beijo calmo e tranquilo, apenas com carinho. Faço um carinho na sua nuca, e ele sorri quando se afasta e encosta sua testa na minha.

(Des)encontros.Onde histórias criam vida. Descubra agora