Capítulo 28.

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Luke.

Eu encarava fixamente o envelope em minhas mãos há mais de trinta minutos. As palavras "grávida" e "positivo" faziam minha cabeça latejar e eu não sabia o que fazer. Isso me assombrava a mais tempo do que eu gostaria.

Daphne sempre mostrou que não é flor que se cheire, mas eu sempre pensei que fosse coisa da minha cabeça e nunca dei muita atenção para isso. Quando eu terminei nosso relacionamento, que nunca foi lá as mil maravilhas, ela surtou e ficou ainda pior. Enquanto eu saia da sua casa, ela gritava que eu ia me arrepender e que iria voltar para ela.

Eu tinha decido que não me envolveria com ninguém tão cedo, pretendendo me livrar do meu trauma de relacionamentos sérios primeiro e aproveitar minha vida de solteiro. Mas aí eu conheci Alice, e tudo mudou. Eu sentia a necessidade de estar com ela o tempo todo, e queria mais que tudo um relacionamento sério com ela, para mostrar para todo mundo que ela era minha.

Daphne começou a me rodear, começou a me mandar mensagens, me ligava, vinha até mim, mas eu sempre a despistava. Mas eu tanto me esquivei que ela conseguiu dar o bote final. Quando ela disse que estava grávida, eu senti vontade de rir alto, chamar os seguranças do prédio e a tirar dali à força. Ou, ainda, ligar para uma clínica psiquiátrica e a internar com urgência.

Mas, por uma inconveniência ridícula do destino, Alice estava ali e ouviu tudo. Eu não sei como, mas Daphne tinha algumas informações específicas sobre meu relacionamento com Alice, e isso contou muito a seu favor. Até eu acreditaria se ouvisse a conversa de fora. E, para fechar com chave de outro, ela mostrou seu triunfo: um teste de gravidez positivado.

Eu não sei como ela conseguiu essas informações, ou como ela conseguiu esse teste positivo, mas eu vou descobrir. De algum jeito, eu vou descobrir e vou provar para Alice que ela está mentindo, além de implorar o seu perdão e que ela volte comigo.

Jogo o maldito envelope em cima da mesa e tomo mais um gole do uísque no meu copo.

- Devo me preocupar e começar a beber também? – Escuto a voz do meu pai e olho para. Nego com a cabeça, e ele finge um alivio exagerado. – Qual é o problema? Alguma coisa na empresa?

- Não... Aqui está tudo certo, não precisa se preocupar. – Ele concorda com a cabeça e se senta ao meu lado.

- Então, qual é o problema? O que está te deixando com essa cara?

- Não é nada demais, pai, você não precisa se preocupar. – Me levanto, e me sirvo de mais uma dose da bebida em tom amadeirado.

- Você é meu filho, Luke. Meu único filho. É claro que eu me preocupo com você. – Ele rebate e eu respiro fundo.

- Você provavelmente não notou, ou preferiu ignorar, mas eu me apaixonei, pai. Pra valer. De uma forma que eu nunca pensei que era possível. Eu conheci alguém com os mesmos objetivos que eu, madura, linda e muito inteligente. – Ele sorri um pouco.

- E quem é essa garota tão especial assim?

- A Alice, pai. – Ele fica sério. – Nós acabamos nos aproximando e eu me apaixonei loucamente por ela. Ela é a mulher da minha vida, e eu achava que íamos ficar juntos a vida inteira. Mas, como você sempre diz, nem tudo é como planejamos.

- E o que aconteceu? – Ele pergunta, não muito interessado e eu quase bufo.

- A Daphne aconteceu. Ela veio com uma história maluca de que está grávida de um filho meu e Alice terminou comigo. – Meu pai arregala seus olhos verdes e levanta as sobrancelhas.

- Eu vou ser avô e é assim que você me conta isso? – Ele sorri.

- Você não vai ser avô. Daphne não pode estar grávida, muito menos de um filho meu. É tudo uma mentira dela. Eu só não sei como provar isso ainda. – Meu pai concorda com a cabeça e se levanta. Ele caminha até o balcão da minha sala e se serve de uma dose de uísque.

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