(Des)encontros.

Capítulo 26.

- Como você consegue fazer tudo isso em tão pouco tempo? – Kriss pergunta, embasbacada, olhando fixamente para a planilha em seu computador. Levanto os ombros, sem graça.

- Eu não fiz nada demais, Kriss. Apenas trabalhei em cima do que você me mandou. – Ela revira os olhos.

- Sua modéstia, às vezes, me irrita. – Rimos. – Bom, está perfeito. Eu vou dar aprovação no orçamento agora mesmo, e você pode começar a trabalhar no aplicativo.

- Muito obrigada, Kriss! – Ela sorri. – Aceitam uma companhia extra para o almoço? – Pergunto quanto ela chega à porta da minha sala. Ela olha para mim e levanta os ombros.

- Vou ver. Te digo mais tarde... – Ela pisca e sai da minha sala por fim.

Passo a manhã toda dedicada ao novo projeto. Iriamos repaginar um aplicativo antigo, e o trabalho precisava ser extremamente minucioso e bem feito. Sr. Clarkson estava uma pilha de nervos, e não era para menos: temos cinco aplicativos grandes na linha de produção, com datas de entregas curtas e próxima uma da outra.

Ao meio dia em ponto eu bloqueio meu computador e saio da minha sala a tempo de ver Kriss, Dakota e Lucy chamando o elevador.

- Ora, vejam só quem resolveu comer... – Dakota brinca quando eu paro ao lado delas. Sorrio. – Espero que não chova canivetes hoje. – Rimos e entramos no elevador.

- Bom, eu tenho que defender minha chefe. Esses dias eu a vi comendo algumas bolachinhas. – Lucy diz e eu a olho indignada.

- Vocês estão controlando minha alimentação agora? – Brinco, com um fundinho de verdade.

- Você passa mais tempo trancada dentro da sua sala do que qualquer outra coisa. Só vemos você quando você chega, e olhe lá. No último mês, se eu te vi comer comida de verdade três vezes, foi muito. – Dakota responde e eu mordo os lábios, envergonhada.

Eu realmente estava parecendo uma maníaca fissurada por trabalho, e minha alimentação tinha decaído muito. Mas, em minha defesa, eu estou atolada de trabalho para fazer, e é muito mais rápido e prático comer lanchinhos durante o dia do que parar para comer de verdade. Além disso, Ella tinha saído definitivamente da minha casa, então minha motivação para cozinhar apenas para mim é nula.

- Eu acabo me enrolando com as demandas cada vez mais altas. Mas, prometo me policiar sobre isso. E conto com vocês para serem minha patrulha da alimentação. – Rimos juntas e entramos no restaurante que geralmente almoçamos. – Hum, nhoque... – Resmungo quando leio a enorme placa de sugestão do prato do dia.

- Sim, nhoque. São bolinhas de massa branca, cozidas em água muito quente, cobertas com molho vermelho e muito queijo ralado por cima. Você ainda lembra o que é isso, não é? – Dakota alfineta, e eu reviro os olhos sorrindo.

- Quando foi que você se tornou tão sarcástica assim? – Pergunto com as sobrancelhas erguidas. Ela finge pensar por alguns segundos.

- Acho que foi durante essas semanas que você se isolou do mundo e de nós.

- Tudo isso é saudade? – Ela ri e concorda com a cabeça.

- É claro!

- Parem de brigar vocês duas, e escolham logo o que querem comer. – Kriss interrompe nossa 'discussão' e chama o garçom, que nos atende gentilmente e anota nossos pedidos sem demora.

Nós quatro pedimos a sugestão do dia e uma jarra de suco de laranja para dividir. Conversamos bobagens e degustamos lentamente nosso almoço, que estava divino. Voltamos para a empresa rapidinho, pois eu tinha uma reunião com os donos da empresa que era nossa cliente.