Capítulo 4.

41 10 62
                                    

A segunda-feira chegou voando. O conjunto de calça social justa e blazer alongado em tom cinza, quadriculado em preto contrastavam com o batom vermelho que eu usava. Sapatos pretos e acessórios pratas completavam meu figurino no dia.

Ella ainda estava dormindo e, como estava atrasada, resolvi que compraria meu café no caminho.

Meu e-mail já bombava, e não eram nem 9 horas da manhã ainda. Comecei respondendo os mais urgentes, e fazendo algumas ligações que estavam pendentes. Meu telefone tocou e o nome da secretária do Sr. Clarkson piscava na tela.

- Oi, Anne!

- Alice, bom dia! Tudo bem?

- Tudo bem, e com você?

- Tudo bem. O Sr. Clarkson pediu que você venha até aqui. Ele quer falar com você, mas disse que seria bem rápido.

- Claro, já estou subindo. Obrigada, Anne!

Desliguei o telefone, peguei meu celular.

- Lucy, eu vou subir para falar com o Sr. Clarkson, mas não demoro. Pode anotar se tiver alguma ligação importante, por favor? – Pergunto a ela, que tinha uma mesa em frente à minha sala.

- Claro, pode deixar.

Fui em direção ao elevador e subi para o andar que meu chefe ficava. Anne me recebeu com um sorriso, e novamente fiquei esperando nos sofás da sala de estar até que Sr. Clarkson pudesse me atender.

Um homem alto, forte, cabelos loiros e bem cortados, e de olhos castanhos, entrou na sala falando ao celular. Ele ria do que a pessoa no outro lado da linha falava, e pude notar que sua voz era grossa. Seu perfume era forte, amadeirado e inebriante. Eu reconheceria aquele perfume, e já tinha visto aquela cabeleira loira.

O cara da trombada.

O filho do chefe.

Luke Zimmerman.

Em carne e osso. Bem na minha frente.

Voltei minha atenção para meu celular, e continuei lendo o e-mail que lia antes dele chegar, mas não consigo ler uma frase antes de ser interrompida.

- Então você é a famosa ruiva que todos andam falando. Finalmente te conheci!

- Desculpe, como?! – Franzi a testa e o encarei. Ele sorria. E que sorriso.

- Não temos ruivas na empresa. Isso é uma coisa nova. As pessoas comentam... – Disse como se fosse óbvio. Ergui as sobrancelhas.

- Ah...

Anne entrou na sala com um copo grande de café bem forte com creme de coco.

- Obrigada, Anne! – Sorri para ela.

- Quer dizer que a novata ganha cafés especiais, e eu não?! – Ele falou e nós duas o encaramos.

Novata?! Sério? Me segurei para não revirar os olhos.

- Desculpe-me pela minha falha, senhor. Irei providenciar um café tão especial quanto esse para você. – Anne falou sorrindo e ele lhe lançou uma piscadela.

A grande porta a nossa frente se abriu e o Sr. Clarkson saiu de lá.

- Luke, meu filho, bom te ver. Temos novidades sobre Dubai? – Disse cumprimentando o filho com um abraço. Ele assentiu.

- Temos, e são boas. – Sr. Clarkson sorri.

- Antes de entrarmos nesse assunto, deixa eu te apresentar uma pessoa. Srta. Pipper, bom dia! – Sorriu para mim. – Obrigada por ter vindo, mesmo tendo te chamado em cima da hora.

- Bom dia, Sr. Clarkson! – Sorri. – Sem problema. Precisa de alguma coisa?

- Eu só queria apresentar vocês dois. Esse é Luke, meu filho. E Luke, essa é Alice Pipper. Ela é nossa Diretora de Marketing e Criação, sua nova par dentro da empresa.

Luke olhou para mim e sorriu. Entendeu sua mão e eu a apertei.

- Muito prazer, Srta. Alice Pipper. Será uma honra trabalhar com você! – Ele diz com uma ponta de ironia e eu quase reviro os olhos novamente.

- O prazer é meu! – Sorri fraco.

Deus, por favor, que eu tenha que falar com ele apenas em casos extremos, e sobre assuntos muito, muito, muito importantes. Amém.

- Entrem, vamos conversar. – Entramos na sala da presidência e nos sentamos nas cadeiras em frete à cadeira do Sr. Clarkson. – Luke está negociando alguns investimos em Dubai, por isso você não o conheceu semana passada. Estamos vendendo um aplicativo para uma indústria de cosméticos, e ele foi resolver os assuntos contratuais. – Concordo com a cabeça. – Obviamente esse é o primeiro trabalho que quero que você tome frente, Srta. Pipper. – Sorrio.

- Claro, vai ser incrível! Se você puder me passar mais informações sobre a empresa e o aplicativo, eu já começo a trabalhar no marketing. – Olho para Luke, que concorda com a cabeça.

- Nós demoramos meses para conseguir vender isso, então precisa ser algo grandioso, principalmente pelo local onde é a empresa. – Concordo.

- Tenho certeza que isso não será problema para a Srta. Pipper. – Sr. Clarkson diz confiante, e eu não consigo decidir se me sinto felozou pressionada com essa confiança toda dele em mim.

- Agradeço a confiança. – Sorrio sincera. – Marcamos uma reunião em breve para apresentar minhas ideias.

- Combinado!

Nos despedimos e eu saio da sua sala, o deixando sozinho com o seu filho. Volto para a minha sala e retomo o que eu fazia antes de ser chamada pelo meu chefe.

- Pelo visto você também se perde na hora quando está trabalhando, né?! – Alguém falou da porta da minha sala e eu sorri quando vi Dakota. Já passava das 12h30 e eu mal tinha visto a hora passar. – Vai almoçar?

- Me perdi completamente, mas isso explica minha fome! – Fiz uma careta e ela riu. – Vou sim.

- Estou saindo agora. Vamos juntas?!

- Claro, vamos sim!

Pego minha bolsa e seguimos juntas até o primeiro restaurante que encontramos.  

- O que está achando de tudo por aqui? – Ela pergunta interessada, enquanto enrola seu espaguete no seu garfo.

- Eu estou amando. Ainda me adaptando, mas estou encantada com tudo e com todos. Fui muito bem recebida e isso fez uma grande diferença para mim. – Ela concorda.

- Essa é uma política da empresa que todos levam bem a sério quando temos algum colaborador novo. Sempre imaginamos que somos nós no lugar dele, e ajudamos o máximo possível. – Concordo. – E como tem sido com o Boss supremo? – Ela levanta as sobrancelhas de forma engraçada.

- Tudo certo também. Tivemos poucos encontros até agora, mas sei que ele espera muito de mim. Só espero conseguir atender as expectativas dele.

- Tenho certeza que vai. Se precisar de alguma ajuda, por contar comigo, e com as meninas também.

- Obrigada! – Agradeço, achando incrível a preocupação dela comigo. – Eu acho que não sei ao certo o que você faz... – Sorrio sem graça.

- Sou da contabilidade. Ou seja, vou controlar todos os gastos dos projetos que você criar. – Ela torce o nariz e rimos juntos.

- Prometo que não farei nada exorbitante. – Ela concorda.

-Eu espero que não! – Rimos e continuamos conversando durante todo nosso almoço. 

(Des)encontros.Onde histórias criam vida. Descubra agora