Capitulo 10

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- Eu beijei a sua irmã.- Nicolas pressionou as têmporas ao terminar de falar, criando coragem para levantar o olhar ao perceber que seu amigo continuava em silêncio.
- O que disse?- Arthur parecía incrédulo.
- Eu beijei a Amanda... E se você não tivesse chegado naquele momento... Nós iríamos...-
As palavras de Nicolas foram cortadas por um abrupto soco no nariz.
Ele poderia retrucar, mas não tirava o direito do amigo de se sentir traído.
Quando Nicolas mal se deu conta, Arthur o puxou pela gola da camisa, disferindo mais três socos certeiros em seu olho direito, o que fez acumular sangue no local e nascer um hematoma.
Provavelmente isso teria acontecido, se Nicolas dissesse ali, naquele momento, o que de fato o intrigava há semanas.
Mas ao invés disso, ele respirou fundo, passou os dedos pelas mechas grossas de cabelo, e relatou algo completamente diferente.
- Eu fiquei com a Rachel mais cedo, em meu apartamento.
Seus amigos caíram em gargalhada.
- Eu sabia que em algum momento isso aconteceria.- Comentou Arthur.
- Eu já estava começando a desconfiar de você, cara... Naquele dia na praia você dispensou a Jess, aquela menina é uma escultura, já viram os... - Marcelo levou suas duas mãos para a frente do tórax, simulando o que seria o tamanho dos seios da moça.
- Nem me fale dessa cobra... Ela foi colocar caraminholas na cabeça da Rachel... Bem, porque eu emprestei minha camisa para a Amanda.-
Arthur fechou a cara, foi nítida a mudança de expressão.
- Ela é prima da Rachel, não?- Perguntou Gustavo.
- É...-
- Ah, cara. Com uma prima dessas... Quem precisa de inimiga?- Gustavo levou a pedra de gelo que tinha em seu copo a boca.
- Não sei que ideia absurda que essa tal Jessica teve... Você jamais olharia para a minha irmã como mulher... Pfff.- Arthur precisava de uma confirmação.
- Sim... Sim... Claro.- Nicolas dissimulou.
- Você gosta dela como uma irmã, não é?-
- Com certeza... E nem se fosse o caso, sua irmã parece a Olívia palito.-
Gustavo e Marcelo acharam que Nic forçou bastante a barra.
Amanda não chega nem perto de ser magra demais.
Ela podia até não ser nenhuma deusa dos quadris largos e seios fartos, mas tinha o corpo bastante volumoso para ser designada como " Olívia palito".
Não que isso fosse um problema.
Samanta, uma das melhores amigas de Amanda que ficou com o Arthur na praia, era bem magrinha.
E uma coisinha linda.
Arthur até deixou escapar um sorriso ao pensar nela.
Mas claro, não pretendia repetir a dose. Ela podia achar que ele queria alguma coisa séria e...
Só de pensar, Arthur ficava nervoso.
Já Nicolas, continuava muito pensativo.
Ele tomou uma decisão muito importante. Não colocaria a sua amizade em risco por conta de uma garota. Precisava urgentemente afastar a Amanda.

...

Na manhã seguinte, quando Amanda acordou, seu celular vibrava com a quantidade de mensagens que suas amigas mandaram.
Elas queriam saber se Fábio dissera algo depois do beijo que rolou.
O último que Amanda quería pensar era na confusão que havia se metido. No mesmo dia, ela beijara o melhor amigo de seu irmão e o primo dele.
E o pior... Tinha a sensação esquisita de que estava começando a sentir algo pelo Nic.
Ela não o viu mais no restante do dia, e desconfiava que ele estava tão confuso quanto ela.
Precisava tirar aquela história a limpo. Seja lá o que tenha acontecido, ela precisava se certificar se sentia ou não algo por ele.
Nem tocou no café da manhã, saiu voando porta a fora após suas higienes matinais, e pegou um carro de aplicativo até a casa do Nic.
Como de costume, o porteiro estava fora do seu posto, e ela correu para chamar o elevador até o andar dele. Amanda sentia um nervosismo estranho, era uma espécie de frio e calor que brotavam ao pé de sua barriga.
Qual o motivo disso tudo? Era apenas o Nic.
O Nic que ela conhecia desde criança.
O melhor amigo irritante do seu irmão que a amava como uma irmã.
Ou pelo menos era o que ele sentia, antes de ter acontecido tudo aquilo no dia anterior, no quarto de Amanda.
O que ela sentia por ele não era mais fraternal. Era desejo, e talvez até...
Bom, ela não era boa com isso de sentimentos, mas sentia uma atração tão forte que chegava a ser perigosa.
Então, quando ela se viu de frente para a porta da casa dele, e apertou a campainha, de repente, parecia que para o seu dia valer a pena, dependia daquela bendita conversa que ela teria com Nic.
Ela ouviu os passos na direção da porta, era incrível como conhecia tão bem os passos dele, e quando ele girou a maçaneta e ficou de frente para o ela, por um momento, Amanda esqueceu como falava.
- Amanda? O que faz aqui?.- Nicolas parecía confuso.
- E-eu... Bem...- Ela parecia uma pateta, nem formular uma frase conseguia.
- Aconteceu alguma coisa?-
- Nic... Quem foi que chegou? Pediu café da manhã pra gente?- Era a voz dela.
Da intragável da Rachel, que não demorou muito para aparecer atrás dele na porta.
Amanda abriu e fechou a boca tentando dizer alguma coisa, mas não conseguiu, o choque era muito grande.
- Veio trazer algum recado do seu irmão?-
- Eu precisava conversar com você, Nic... Mas vejo que está ocupado.-
- Sim, estamos muito ocupados.-
- Não, eu não estou ocupado. O que aconteceu?-
Amanda achou melhor não responder.
A vontade que ela tinha de trucida-lo era grande demais, então, tudo o que fez, foi caminhar pelo corredor no sentido contrário ao apartamento dele.

Horas antes

Já era madrugada quando Nicolas voltou do bar, e tudo o que precisava era de uma ducha quente e sua cama extremamente confortável.
É verdade que precisava resolver a situação com a Amanda, ele não poderia simplesmente parar de frequentar a casa de seu melhor amigo.
A culpa ainda lhe corroía a mente, principalmente porque não parava de pensar nela.
Não parava de pensar no desejo que sentiu ao tocar a pele macia de seu corpo... E pior... O que sentiu ao encostar na sua intimidade quente.
Ele a queria, e não podia fazer nada para mudar isso.
Mas não podia dar uma facada daquela nas costas de seu amigo, ele e Arthur são como irmãos desde criança, e isso valia mais do que qualquer coisa.
Ou qualquer pessoa.
Ele precisava conversar com a Amanda.
Mas precisava de um lugar público para não cair na tentação de ficar com ela de novo.
Ele afundou o corpo no sofá, estava exausto. Antigamente teria se embebedado para fugir dos problemas, mas precisava pensar com clareza na decisão que iria tomar.
Como ele afastaria a Amanda? Era obvio que ela sentia o mesmo, ou do contrário não reagiria daquela forma ao toque dele.
Em uma resposta para as suas preces - na verdade, ele não tinha rezado, ou do contrário não teria acontecido isso- , ou então reformulando melhor a frase... Como um sinal que Nicolas achou ter recebido, a campainha tocou.
Aquela maldita campainha, velha e irritante, que as vezes o fazia lembrar de sua tia avó. - Tia Clotilde era tão barulhenta quanto aquilo-.
Nic ficou de pé e abriu a porta, eram quase cinco horas da manhã e não conseguiria imaginar alguém que fosse capaz de fazer uma visita naquela hora.
Alguém normal, com certeza não.
Mas era a Rachel.
- Vi a foto que postou quando chegou em casa...-
- O que está fazendo aqui?-
- Vim te ver, não vai me convidar para entrar?-
- Não.- Ele respondeu seco.
Rachel bufou.
Mas como sempre, ela não se convencia facilmente de nada. Levou uma de suas mãos as costas, abrindo o zíper de seu vestido e deixando a peça escorregar pelo corpo bem desenhado.
Ela estava nua, completamente.
Não havia um vestígio de roupa.
E claro, a atração que ele sentia por ela era ainda muito forte.
Além de que, alguém poderia passar pelo corredor e encontrar aquela louca naquela situação.
- Você não me quer?- Ela sussurrou.
Nicolás continuou parado, e não evitou que Rachel se aproximasse.
Ela tocou o seu corpo nu contra o dele, e depositou um beijo na pele quente de seu pescoço, o que o fez arrepiar.
A mulher deslizou uma das mãos pelo seu abdômen nu - já que ele estava sem camisa antes-, e a levou até a sua intimidade coberta pelo short fino que Nic usava, apertando vagarosamente o seu membro.
Ele soltou um leve gemido, entreabrindo a boca, e foi quando Rachel o devorou em um beijo urgente.
Nic envolveu o corpo dela com os braços e a arrastou para dentro, fechando a porta de sua casa. Na manhã seguinte, estava atordoado por ter amanhecido ao lado dela.
Rachel acordou quando ele levantou, e o convenceu de que deveriam tomar o café da manhã juntos.
Ela não é Amanda...
Ele pensou várias vezes enquanto a observava se mover pela sua casa.
Ela não é a Amanda, e isso parece correto.
Nic quería uma forma de se livrar do que estava sentindo pela irmã de seu melhor amigo, e encontrou o meio perfeito para isso.
Ele precisava voltar a ficar com a Rachel. Já foi apaixonado por ela um dia, por que não poderia voltar a sentir aquilo?
- O que está pensando?- Rachel perguntou ao perceber que ele a encarava.
Nic abriu a boca para responder, mas foi quando a campainha tocou.
Ele não estranhou o porteiro não ter interfonado, o homem parecia que estava sempre fora de seu posto. Quando girou a maçaneta e abriu a porta, se deparou com a última pessoa que imaginava encontrar na frente de sua casa.
- Amanda? O que faz aqui?-

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