Já anoitecia quando Priscila decidiu fazer sua visita noturna ao cubículo no qual confinou Amanda. A refém tinha os pés e as mãos acorrentadas, e devido ao longo tempo que passou em jejum estava prostrada no colchão, sem forças para erguer sequer um dos dedos das mãos. A garota trouxe um copo de água, se divertindo ao ver que Amanda parecia um bicho sedento quando se sentou no colchão com a esperança de beber o líquido incolor.
- Ah, vejo que está muito necessitada disso.- Priscila entornou o copo para frente, derramando toda água no piso de madeira.- Terá que lamber o chão para matar a sede.-
- O que pretende com tudo isso, Priscila?- Perguntou com a voz fraca.- Chamar atenção, claro. É o seu objetivo de vida.-
- O meu objetivo de vida é fazer da sua vida um inferno devido a tudo que me tirou.- Priscila jogou o copo contra a parede, olhando com desdém os cacos de vidro espalhados.- Pensei que aquelas incompetentes conseguiriam te minar, mas nem para isso servem. Rachel não passa de uma c.a.d.e.l.a psicodélica desprovida de inteligência, e as suas seguidoras são ainda pior. O melhor trabalho é aquele que executamos com as próprias mãos ao invés de mandarmos fazê-lo.-
- Sua frase é pronta e típica de um filme tedioso que ninguém assiste por mais de uma vez.-
- Para quem está com fome e sede, você fala demais. Bom, se continuar assim o seu namorado não te encontrará com vida. Embora que, de qualquer maneira, eu duvido que encontre. Ninguém faz ideia de onde é esse lugar.-
- Subestima demais os outros, Priscila. Deveria ter mais cuidado com a sua arrogância.-
- É você quem deveria ter cuidado, Amanda. Sua vida está nas minhas mãos. Talvez você tenha até uma força física maior do que a minha, mas não há nada que uma mulher acorrentada possa fazer.- De forma arrogante, Priscila deu de ombros para caminhar novamente até a porta.
Não sabendo de onde tirou forças para ficar de pé, Amanda decidiu que não passaria muito tempo encontrando respostas para aquilo. Suas pernas estavam fracas e trêmulas, mas a raiva era o seu suporte e sua âncora. Priscila a atacou na covardia, pelas costas, contando com o auxílio de dois malfeitores para levá-la até ali, e Amanda devolveria o truque. Usou as correntes que tinha em cada uma de suas mãos para envolver o pescoço de Priscila, e as apertou como se enlaçasse os cadarços de um sapato. A mulher fez um barulho esganiçado, como se fosse um porco estrebuchando. Amanda continuou apertando as correntes, descontando todo o ódio naquele ato de estrangulamento. Soltou sua prima quando a mesma já estava arroxeada, e caiu no chão próxima o suficiente para que Amanda batesse com o ferro protuberante das amarras, fazendo-a cair inconsciente no chão.
- Parece que uma mulher acorrentada pode, sim, fazer alguma coisa.- Amanda, com as mãos amarradas, conseguiu vasculhar os bolsos de Priscila e tomar posses da chave que estava em seu bolso. Com dificuldade, destrancou a trava dos pés e depois das mãos, precisando contar com o auxílio da boca. Conseguiu se livrar cerca de dez minutos depois, e por sorte, sua algoz continuava desacordada.
- Essa d.e.s.g.r.a.ç.a.d.a ao menos poderia trazer um lanche. Do jeito que é glutona deve ter comido tudo.- Resmungou Amanda enquanto tateava o corpo de sua prima em busca do celular dela. Encontrou o aparelho na cintura da garota, e prontamente discou o número de Nicolas, na esperança que ele atendesse antes dos capangas de Priscila aparecerem.
...
- Só pode ter sido a Rachel. Ela é a única capaz de fazer essas atrocidades. Depois que descobrimos a sua gravidez falsa, deve estar desesperada.- Falou Nicolas, ainda na sala das câmeras com Arthur e o responsável pela segurança.
- Então é preocupante. Essa mulher é uma insana e a vida da minha irmã deve estar em risco. Devemos acionar a polícia nesse momento, cada minuto que passa é um tempo perdido.- Arthur desviou os olhos das imagens do sequestro de Amanda e caminhou até a porta.
- Espere. Eu acho que temos uma pista do paradeiro de sua irmã.- Nicolas olhava as imagens atento, repetindo por mais uma vez o momento em que um dos criminosos descia da moto e acertava a coronhada na cabeça de Amanda. Em uma de suas mãos tinha uma tatuagem, na qual o homem não foi cuidadoso o suficiente para escondê-la. O bandido número um tinha uma fênix desenhada na mão, e ao pausar a imagem e dar um zoom no desenho, Nicolas confirmou qualquer dúvida que pudesse ter. - Só há uma pessoa que conhecemos que tem uma tatuagem como essas.-
Arthur deu meia volta, chegando mais perto das câmeras para também conseguir visualizar.
- Fred. O ex namorado da minha prima Priscila.- Disse Arthur com segurança.
- Acho que já descobrimos a cúmplice de Rachel. Agora ficará mais fácil de chegarmos até a Amanda. Vamos seguir o Fred, ele não estará contando com a nossa descoberta e com certeza em algum momento irá atrás das garotas.- Disse Nicolas
- Tem razão. A Rachel nunca foi de executar os próprios crimes, na grande maioria das vezes ela manda que alguém o execute por ela. Bom, também acho difícil que saia do apartamento dela para ir até Amanda, pelo menos não agora, deve imaginar que estaremos de olho nela.- Concordou Arthur.
- Mas e quanto a sua prima?-
- Essa daí também dará os seus descuidos, embora esteja há algum tempo sumida. No momento, tudo o que temos é o Fred, e eu sei que a essa hora ele já está em casa, portanto vamos até lá. Ficaremos de olho nele por toda a noite, uma hora ele vai sair.- Respondeu Arthur.
- Então recomendo que usemos um outro transporte, já que ele conhece tanto o seu carro quanto o meu.- Sugeriu Nicolas.
- E posso saber o que tem em mente?- Arthur mal perguntou e o seu celular tocou. Ao olhar para a tela, viu que se tratava do número de Priscila. Atendeu de imediato, não tendo nem a chance de expelir suas ameaças.-
- Arthur, sou eu. Acho que o Nic está sem o celular, então precisei te ligar. A Priscila mandou me sequestrar.- Disse Amanda do outro lado da linha, tentando adivinhar a sua localização através do vidro um pouco embaçado da janela.
- O Nicolas esqueceu o celular na nossa casa, estamos na sala de segurança do prédio. Escute bem, Fred, o ex namorado da nossa prima foi um dos seus seqüestradores e estávamos indo agora na casa dele para segui-lo, mas já que ligou, vai facilitar muito o nosso trabalho. Pode me mandar a sua localização?-
- Eu já sei onde estou. Lembra da casa da árvore que eu costumava brincar com a Priscila no terreno abandonado ao lado do sítio da vovó?-
- Não me diga que estão aí.- Disse Arthur incrédulo.
- Eu tenho certeza.- Respondeu Amanda.
- Tente nos esperar em um local seguro, estamos indo aí.- Disse Arthur, por fim, desligando a ligação.- Diga de uma vez por todas o transporte que irá nos levar, meu amigo. Temos um resgate para fazer.- Disse Arthur, dando um tapinha amigável no braço de Nicolas.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceO que você faria se, de repente, um amor platônico pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, virasse realidade? Desde pequena, Amanda suspirava por Nicolas, mas devido a diferença de idade, além do fato de Arthur, irmão de Amanda, ser extremamente...