Três anos depois.
Amanda sentiu o próprio coração quase pular pela garganta quando as portas da igreja se abriram e a primeira imagem que viu foi o Nicolas, perto do padre. Arthur estava do seu lado, e o seu braço envolvia o dele. Ele caminhou com ela pela igreja, entregando-a para Nicolas, que fez o resto do percurso acompanhando a noiva.
A sua noiva.
Emma, filha do casal, com apenas três anos de idade caminhava logo atrás de sua mãe, carregando a caixa com as alianças. A criança que estava atrás era um pouco maior, e quase se desviou do caminho para o altar quando viu a mesa com os doces que tinham providenciado para o padre e outros integrantes da igreja. O forte motivo que o fez continuar foi o olhar gelado de dona Teresa, que era intimidador o bastante até mesmo para uma criança sedenta por doce. Ao chegarem no altar, o padre deu início ao casamento. Após os votos matrimoniais, todos seguiram para a festa que seria comemorada em um espaço alugado por Nicolas. Os primeiros a cumprimentarem o casal, foram Arthur e Samanta, que foram os primeiros a constituírem uma família. Já tinham dois filhos, dois meninos, e mais um vinha a caminho. Amanda gostava de dizer que para a sua amiga, ficar com o marido em um cômodo vazio da casa já era o gatilho de afrodisíaco que ela precisava.
- O nome dela será Amanda, em homenagem a você, minha melhor amiga.- Samanta abraçava a noiva ao falar.
- A madrinha dela é a Ingrid, qual o intuito de colocar o nome da minha irmã?- Protestou Arthur.
- Não opine. Sou eu quem passo por privações durante nove meses e aguento a dor mortificante do parto. É direito da mulher escolher os nomes.-
- É, mas sem mim a vida deles não seria possível.-
- Você teve uma pequena participação.- Rebateu Samanta.
- E você ama as minhas pequenas participações.- Arthur sussurrou no ouvido dela.
Amanda revirou os olhos, ainda não estava acostumada com a demonstração lasciva de afeto que os dois as vezes faziam em público.
- Acho que se continuar com essas suas pequenas participações, meu amigo, você escalará um time de futebol.- Brincou Nicolas.
- Ah, a Samanta queria ter uma menina.- Arthur acariciou a barriga de sua esposa, pousando um beijo na bochecha dela.
- Na verdade, você gosta de usar essa desculpa. Já que é tão empenhado para encomendar, seja para cuidar. O Rafael está prestes a quebrar uma perna para roubar um brigadeiro.- Samanta observou seu filho mais velho - com três anos de idade-, entregar corpo e alma para escalar uma mesa.
Arthur respirou fundo, afastando-se para resgatar seu filho.
- Ainda bem que a Emma é uma criança tranquila, ou do contrário, já estaria subindo pelas paredes.- Disse Amanda.
- Quem aí vai subir pelas paredes?- Perguntou Leticia, invadindo o pequeno círculo de pessoas.
- Falando em subir pelas paredes, chegou a expert nisso. Minha amiga Letícia, vindo diretamente do Monte Everest.- Amanda deu um abraço forte na mulher que acabou de chegar.
- A única solteira do grupo.- Completou Leticia.
- Solteira porque quer.- Ingrid, que até então conversava com outros convidados, se aproximou de repente, achando o outro lado do salão mais interessante.- O seu novo estilo de vida é um encontro diferente a cada semana.-
- Sem rótulos.- Letícia deu de ombros, se virando de frente para a Ingrid.- E o seu namoro com o André?-
- Acho que ele está inspirado com o casamento da Amanda.- Ingrid inclinou a cabeça para o lado, observando o namorado conversar com a família do noivo.- Isso porque ainda não sabe da surpresa principal.
- Qual surpresa?- Perguntou Samanta.
Ingrid levou as duas mãos para a barriga, usando daquele gesto como resposta. Suas amigas se entreolharam perplexas e com surpresa, mas ao mesmo tempo, uma felicidade enorme invadiu o quarteto. As quatro garotas se abraçaram, chamando a atenção até mesmo dos outros convidados.
- Quantos meses? E por Deus, quando descobriu?- Perguntou Letícia.
- Há alguns dias. Estou de três meses.- Respondeu Ingrid.
- Dois meses de diferença. Ingrid, nossos filhos crescerão juntos.- Disse Samanta, comovida.
- Bom, deixarei vocês a sós. Vejo que o assunto se tornou um pouco feminino.- Nicolas se afastou logo depois a sua deixa.
- Será que pode jogar o buquê de novo? Não foi justo com a Ingrid, já que está grávida. Quem sabe agora ela não segura e já conta da gravidez para o André? Seria melhor do que nos filmes.- Opinou Letícia.
- Ah, para. Estou de três meses, mal dá para notar a minha barriga e isso não interfere na minha agilidade. Prefiro contar na intimidade entre quatro paredes.- Respondeu Ingrid.
As garotas riram com malícia, e todas pareciam concordar com a ideia.
- Aí, eu realmente sinto que todas encontramos nossos próprios caminhos.- Amanda olhou para sua filha, que estava montada nas costas do pai.- Eu fiquei sabendo que hoje a Priscila saiu da cadeia por bom comportamento. Não a convidei para o meu casamento, porque acho que ainda não consigo conviver com ela tranquilamente, mas eu realmente espero que tenha melhorado como pessoa.-
- Então...- Ingrid pigarreou para limpar a garganta.- Eu pretendia falar sobre isso com você quando acabasse a festa, mas já que tocou no assunto...- Ingrid abriu o zíper da bolsa, puxando um envelope de dentro dela, que continha uma carta.-
- Isso é o que eu estou pensando?- Amanda esticou a mão para segurar a carta que Ingrid estendia para ela.
- Encontrei com sua prima na frente da casa de recepção e quase tive uma síncope. Sinceramente, não sei ao certo o que vocês conversaram naquele dia, você não quis contar detalhes para ninguém, mas não acredito em uma mudança vindo da Priscila.-
Amanda olhava o envelope com interesse, precisando reprimir a vontade de ler o conteúdo ali mesmo. Tinha que ir para um lugar silencioso, já que as vezes entender sua família era tão difícil quanto decifrar um enigma. Ainda lembrava das exatas palavras que disse para a sua prima, e esperava que tivessem surtido efeito.
- Eu vou até a varanda ler o conteúdo da carta e depois converso com vocês sobre. Será que podem distrair meus convidados?- Perguntou Amanda.
As suas amigas assentiram, permanecendo quietas no mesmo canto quando Amanda se afastou. Emma, que já tinha cansado de brincar de cavalinho com o pai e decidiu escalar a mesa para roubar brigadeiros com o filho mais velho de Samanta, quando viu sua mãe ir para o jardim da casa de recepção, saiu atrás. Amanda estava encostada no parapeito da varanda quando abriu a ponta do envelope e puxou a carta de dentro dele. A letra era realmente de Priscila, e assim que Amanda começou a prestar atenção no que estava escrito, sua filha saiu correndo na direção contrária ao jardim.
" Soube que hoje coincidentemente é o dia que você vai se casar. Nos últimos três anos andei pensando no que me falou e decidi aproveitar o seu perdão para seguir em frente e recomeçar. Obrigada por ter sido capaz de me perdoar antes mesmo de eu reconhecer o meu erro, e essa carta, Amanda, é a prova de que estou reconhecendo o meu erro. Por mais que já tenha me perdoado e seguido com a sua felicidade, eu quero te pedir perdão. Me perdoe pelos anos de inveja e injustiça no qual culpei você pelos próprios limites que me impus. Obrigada pelo seu perdão, porque com ele, enxerguei pela primeira vez o meu próprio caminho. Esperarei até que receba a minha carta para ir embora. Com isso, sinto que estou fechando um velho ciclo para começar um novo.
- De sua prima, Priscila "
Amanda sentiu o coração aquecer de esperança ao ler aquela carta. Não costumava ser sensitiva, mas sentiu crescer uma sensação de paz. As coisas estavam caminhando para o lado certo, e para continuar desse lado, era necessário que pusessem um fim na antiga guerra entre primas.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceO que você faria se, de repente, um amor platônico pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, virasse realidade? Desde pequena, Amanda suspirava por Nicolas, mas devido a diferença de idade, além do fato de Arthur, irmão de Amanda, ser extremamente...