O melhor amigo do meu irmão

Capitulo 23

  Arthur estava pálido com a confissão de sua irmã.
  Ele olhou perplexo de Amanda para Nicolas, esperando que algum dos dois negassem aquela confirmação.
  - O Mário era seu amigo, não era?- Falou Amanda, dissimulando um sorriso cínico ao olhar para Rachel.
  Arthur respirou aliviado.
  Nicolas respirou aliviado.
  E Rachel resfolegou como um cavalo agitado.
  - Não pode mentir nessa brincadeira, Amanda.- Falou Priscila.
  - Você pode provar que ela está mentindo?- Samanta perguntou a Priscila.
  Priscila encolheu os ombros em resposta.
  - Se não pode provar que ela está mentindo, logo não tem como afirmar que ela está mentindo.- Falou Samanta, com orgulho de si mesma.
  - Agora é a minha vez...- Amanda ergueu o copo, olhando maliciosamente para Rachel.- Eu nunca me humilhei para o meu ex namorado que me despreza.-
  - Não vai beber, Rachel?- Perguntou Letícia, com um sorriso maquiavélico.
  - Não posso beber bebida alcoólica. E a água acabou.- Falou a outra, secamente.
  - Ah, não seja por isso. Eu trago até um botijão para você beber, querida. Vai precisar.- Solicitamente Ingrid ficou de pé.
  - Acho melhor acabarmos com essa brincadeira.- Falou Nicolas.- Isso aqui claramente se tornou uma briga interna da qual eu não pretendo fazer parte.-
  - Eu vou caminhar um pouco na praia, quem vem comigo?- Perguntou Arthur, ficando de pé.
  - Ah, mas eu estava me divertindo tanto...- Resmungou Hugo.
  Nicolas olhou de cara feia para ele.
  - Você estava se divertindo, porque não era você que estava no meio do fogo cruzado.-
  Hugo ergueu o canto da boca em uma demonstração de sorriso que era capaz de tirar qualquer um dos eixos. Principalmente quando o humor não se era dos melhores.
  - Eu vou me deitar um pouco.- Amanda ficou de pé, caminhando para longe da borda da piscina.
  A sua vontade era segurar tanto a Rachel quanto a Priscila pelos cabelos e tirá-las a força de sua casa. Ela não deveria ser desacatada dentro de sua própria casa. No entanto, o espírito esportivo que ela se esforçava para ter, fazia com que Amanda retrucasse habilidosamente as palavras ferrenhas das duas, sem deixar as claras que estavam de fato brigando.
  O espírito esportivo de Amanda, fez com que ela fingisse uma forte dor de cabeça e se recolhesse em seu quarto para dormir pelas próximas sete horas seguidas.
  ...
  Amanda revirou na cama por várias vezes, tentando desesperadamente dormir para se livrar daquele dia. Quando finalmente se rendeu ao fato de que o sono não chegaria só porque ela queria, Amanda resolveu ir até a sala de visitas para tentar se distrair. Aquela altura do campeonato, mais da metade dos convidados da casa tinham ido á praia, o que significava que ela teria seus preciosos minutos a sós.
  - Estava esperando por você.- Uma voz feminina conhecida fez Amanda pular de susto assim que colocou os dois pés para dentro do cômodo.
  Era a Rachel, praticamente jogada ao sofá de coloração escura. Sobre o seu corpo tinha uma bandeja prateada repleta de uvas, cerejas e damasco, e a mulher se reversava entre pegar uma fruta e outra para levar á boca. Silenciosamente, Amanda caminhou para uma das poltronas que ficava á esquerda, e se sentou na lateral de sua maior inimiga.
  - Fábio sabe que você o está usando para atingir o Nicolas? A menos, é claro, que ele esteja sendo conivente com tudo isso.-
  Amanda suspirou, se sentindo exausta.
  - Eu não vou nem perder meu tempo perguntando do que você está falando.-
  - Garota esperta.- Rachel esboçou um sorriso lateral, segurando mais uma uva para levar á boca.
  - Acho que a sua obsessão pelo Nicolas está te fazendo fantasiar coisas demais.- Amanda curvou o corpo para frente, puxando a bandeja das mãos de Rachel.
  - Por quanto tempo mais vocês acham que vão conseguir esconder essa baixaria de vocês?-
  Amanda pensou em duas alternativas de resposta para dar, mas nenhuma delas envolvia a verdade. Amanda poderia se portar agressivamente e atacar sua oponente com as palavras, ou tentar convencê-la de que jamais houve nada entre Nicolas e ela. Ao invés disso, Amanda se calou, e concentrou toda a sua raiva em saborear as uvas verdes e frescas.
  - É arriscado demais uma resposta, não é?-
  - Rachel, Rachel...- Amanda enfiou mais uma uva na boca.- Só estou achando prudente não me desgastar com uma paranoica.
  - Eu vou ter um filho do Nicolas, Amanda.-
  - Eu sei... Você já disse isso tipo... Um milhão de vezes.-
  - Você não passa de um romance exótico para ele. Você é o proibido, e isso faz com que ele experimente um pouco mais o sabor da adolescência...-
  - Virou analista?- Provocou Amanda.- Uma analista louca e que não diz coisa com coisa.-
  - Mas eu, não. Eu sou o amor antigo, eu sou a mãe do filho dele, e quando toda essa necessidade por adrenalina passar, é para mim que ele vai voltar.-
  - Rachel, o Nicolas foge de você, como o diabo foge da cruz. Você acha mesmo que em alguma hipótese ele correria para os seus braços de boa vontade? Garota, por Deus! Ele vai fazer um teste de DNA para saber se o seu filho é mesmo dele, você acha que uma pessoa que ama se comporta assim?-
  - Ele só está confuso. E a culpa disso é sua!- Rachel aponta o indicador para Amanda.- Você que o joga contra mim.-
  - Rachel, eu garanto a você que a última coisa que eu perderia tempo falando, era sobre a sua pessoa. Eu minhas conversas não são tão desinteressantes assim.-
  - Eu estou de olho em você.- Rachel se inclina para frente tentando parecer intimidadora.- Você, como toda garota metida a esperta vai acabar desarmando, e é aí que eu vou pegar vocês dois no pulo.-
  - Se você tivesse algo para flagrar, talvez eu até ficasse preocupada. Bom, vou terminar de lanchar na cozinha, essa conversa está mesmo muito chata.- Amanda ficou de pé, caminhando para longe com a bandeja prateada.
  ...
  Nicolas sabia que Rachel planejava algo a partir do momento em que ela inventou um mal estar para se esgueirar para casa. Com sorte, Amanda trancou a porta ao dormir e as duas não se encontrariam nas próximas horas - Amanda sempre tinha o hábito de trancar a porta-.
  Afundando os seus pés na areia fina e clara da praia, Nicolas se perguntava se deveria voltar. Voltar para a casa de praia sem os outros era uma atitude arriscada e presunçosa para um homem que pretendia evitar a atração incontrolável que sentia pela irmã caçula de seu melhor amigo, e que também pretendia evitar os avanços indesejados de sua ex noiva.
  - Uma moeda por seus pensamentos.- Brincou Camila, uma das amigas do Arthur.
  - Quem disse que eu estou pensando em alguma coisa?-
  - Eu não diria alguma coisa... Diria alguém.- Camila se pôs sentada ao lado dele.- Ninguém passa tanto tempo com o olhar fixo em um ponto qualquer sem pensar em nada.-
  - Bem observado.-
  - Não é fácil ser posto na berlinda por duas mulheres furiosas, não é?- Camila segurou a mão de Nicolas com suavidade.
  - Para mim, o mais difícil é assumir uma gravidez inesperada. Se o filho da Rachel realmente for meu... Eu me dedicarei cem por cento para criar bem o meu filho.-
  - Eu tenho certeza que vai.- Camila apertou a mão de Nicolas com um pouco mais de força.
  Sob a iluminação bruxuleante da lua, os olhos castanhos de Camila pareceram se acender em um brilho noturno atraente. Ela o olhava sedutoramente com o lábio inferior curvado, e Nicolas não resistiu em curvar o corpo para frente e tomar os lábios macios da garota em um beijo pouco casto. Camila permitiu a passagem da língua de Nicolas, que acariciou todos os pontos sensíveis de sua boca, e involuntariamente a garota deitou o corpo sobre a areia fina e gelada, permitindo-se mergulhar no frenesi que era sentir aqueles lábios macios percorrendo por seus ombros e pela linha fina de seu pescoço. Nicolas não sabia o porquê de estar beijando a Camila, já que nem sequer sentia vontade de beija-la, más o desespero e a necessidade de ocupar a mente o fazia entrar em desvario. Ele ainda a beijava com muita vontade, usando as duas mãos grandes para percorrerem as pernas bem torneadas da moça.
  - O que está acontecendo aqui?- Era a voz de Rachel.
  Nicolas gemeu de insatisfação ao perceber que o único momento tranquilo de sua viagem foi interrompido por Rachel.
  - R-Rachel...- Camila não sabia o que dizer.
  - Eu sentindo enjôos enormes por causa do seu filho, e você no maior rala e rola com uma desfrutável!-
  Camila rapidamente ficou de pé, aproximando-se mais do que o suficiente de Rachel.
  - Dobre a sua língua para falar de mim.-
  - Desfrutável!- Rachel gritou próximo ao rosto da garota.
  - Por respeito ao seu estado, eu não vou encher essa sua cara deslavada de tapas!- Camila ergueu a mão para demonstrar o gesto.
  - Chega!- Nicolas também ficou de pé, se colocando entre as duas.- Rachel, infelizmente não há nada que eu possa fazer para diminuir os seus enjôos, e não vou permitir que estrague a minha noite. Nós não somos nada, e você não tem o direito de me cobrar nada.-
  - Como assim não somos nada? Eu sou a mãe do seu filho.-
  - Até o exame de DNA sair, esse filho não é meu.-
  - Nicolas...- Rachel trincou os dentes.- Você sabe que esse filho é seu!- Ela ergueu o tom de voz, fazendo com que a atenção dos demais presentes se voltassem para ela.
  - Eu já disse que não confio em você! Foi muito oportuno essa gravidez aparecer justamente agora, não?-
  - É o que acontece quando duas pessoas faz.em amor.-
  - Eu nunca f.i.z amor com você, Rachel. Até mesmo porque, eu nunca amei você. Para de insistir com algo que só vai desgastar a nós dois.-
  - Futuramente você vai perceber que é de mim que você gosta, Nic. Todas essas aventuras de agora são apenas o exótico. O duradouro sou eu, a mãe do seu filho.-
  - Talvez os meus relacionamentos de agora não sejam duradouros, mas eu jamais voltarei a me relacionar com você de novo. Eu não sinto nada por você.- Nicolas entrelaçou os seus dedos entre os dedos de Camila, conduzindo-a a caminhar para o outro lado da praia.
  - Você ainda vai perceber que me ama...- Rachel sussurrou para si mesma, levando suas duas mãos á barriga.- Ainda vai me agradecer por tentar te mostrar isso.-