Ele não deveria ter feito aquilo.
Mas quando viu as bochechas dela coradas, devido a raiva que estava ( por causa dele, claro), Nicolás perdeu a cabeça.
Ele a beijara ali, diante da praia cheia, com o Arthur a poucos metros de distância, e não estava nenhum pouco preocupado.
A língua quente do rapaz contornava toda as cavidades de sua boca suave, e involuntariamente ela arquejava, dando-lhe mais acesso. As mãos dele passeavam pela curva das costas dela, até a do quadril. Nicolas precisava do corpo dela, ela transmitia diferentes vibrações que ele nunca sentira antes e por mais que parecesse tão errado, ele estava embarcando no momento de inépcia.
E então a soltou, mantendo as duas mãos firmes na sua cintura.
O que ele estava prestes a fazer era típico de um cafajeste, mas ainda assim, não podia evitar.
- Se quiser conversar, eu estarei sozinho em casa durante o resto da tarde.- Ele sussurra.
Ela parecia sem palavras, ainda estava em frenesi com o beijo.
Mas então, sua boca abriu.
- Você não trabalha?-
Até mesmo porque, se não comentasse aquele tipo de coisa, não seria Amanda.
- Estou de férias, engraçadinha.-
- Ah, claro.- Ela chacoalhou a cabeça.- A-acho que irei. Afinal de contas, precisamos conversar.-
- É, precisamos. Então, eu te espero lá.-
Amanda aquiesceu, e Nicolas foi o primeiro a se afastar....
Samanta estava muito irritada por ter ficado a sós com Arthur.
Mesmo que ela jamais culpasse a amiga por querer fugir da presença de Nicolas, não a perdoaria por não ter levado-a junto. Provavelmente, na hora que saiu, Amanda nem raciocinou.
O que de fato importava naquele momento era que as costas de Samanta ardiam, e ela se recusou a pedir a ajuda dele.
Ele jamais tocaria nela de novo.
Inútilmente, a garota tentava alcançar as próprias costas.
- Não seja rancorosa, deixa eu te ajudar.-
- Rancorosa?-
Arthur tomou o protetor da mão dela, espremendo o conteúdo em sua mão e aplicando na pele da moça. Os dedos deslizavam por todas as costas dela, e Arthur sentiu uma súbita vontade de abrir os laços do biquíni e de beija-la, más ele não costumava ficar mais de uma vez com a mesma pessoa.
- Eu não quero sua ajuda. Posso muito bem conseguir sozinha.- Samanta se afastou, levantando-se da areia.-
- Você ficou suja... Se quiser, eu posso limpar.- Ele esboçou um sorriso malicioso ao olhar para bem abaixo da coluna.
- Se quer tanto ajudar, vá participar de projetos de caridade.-
- Qual o seu problema comigo?-
- O problema não é com você, é comigo. Eu nunca deveria ter ficado contigo.-
- Ah, mas foi maravilhoso.- Arthur também ficou de pé.
- Não se aproxime!- Ela ergueu o indicador.- Eu só fiquei a curtos metros de distância de você pela minha amiga! Eu faço qualquer coisa por ela.-
- Eu sei... Vocês são muito leais umas com as outras.-
- Sim, e a Amanda me avisou tanto que eu não deveria te levar a sério...-
- Eu nunca te prometi nada, Samanta.-
- Típica frase de um canalha.- Samanta revirou os olhos.- Olha, nos conhecemos desde crianças...-
- Correção, você era criança, eu já era adolescente.-
Ela ignorou a interrupção e continuou.
- Não precisava me ignorar como se eu não fosse nada. Não estou pedindo que me prometa o céu, as estrelas e todas essas coisas clichês que existem, Arthur. Eu apenas esperava mais um pouco de consideração.-
- Bom, desculpe... Não foi proposital. Acho que poderíamos ser amigos, ao menos.-
- Eu não quero ser sua amiga, eu não quero que você fique perto de mim, e eu não quero que você me dirija nem a palavra. Finja que eu não existo, porque é o que estou fazendo com você.-
Ela deu de ombros, e caminhou no lado oposto.
Por mais que soubesse que toda aquela raiva foi desproporcional, afinal, Arthur de fato não a enganara, ela estava furiosa consigo mesma por se apaixonar por ele, e acabou descontando no próprio.
Arthur assistiu de longe um rapaz se oferecer para espalhar o creme nas costas dela, e Samanta aceitou, virando-se para ele.
Arthur bufou de tédio.
Foi aí que ele percebeu a ausência de Nicolas, e de sua irmã. Mas foi a tempo o suficiente para ele ver o amigo voltar com um coco na mão.
- Você não ia buscar um sorvete?- Arthur ergueu a sobrancelha.
Maldição! Ele ficou tão atordoado com a presença de Amanda que esqueceu de comprar o sorvete, e acabou pegando o coco dela que caiu no chão.
- Mudei de ideia e quis uma água de coco.- Nicolas deu de ombros.- Não posso querer ser saudável?-
- Bom... Eu ia roubar um pouco do seu sorvete.-
- Um pouco? Acho que você quis dizer metade.- Nicolas revirou os olhos.
- Não seja egoísta, meu caro. Esse é o mal de todo filho único.-
- Ah, claro. Vou pedir para o Hugo ou a Amanda comerem mais da metade das suas comidas.-
- Correção... Você disse metade.-
- Dá no mesmo.-
- Metade é metade, mais da metade é mais da metade. É o mesmo que você falar que meio e inteiro são a mesma coisa.-
- Ah, vá pro inferno.- Nicolas bufou.
- Falando na Amanda, cadê a minha irmã?-
- Quem falou na Amanda?- Nicolas piscou.
- Você.-
Nicolas se engasgou com a água de coco.
- Oi?-
- Por que está tão estranho?- Arthur estreitou os olhos com desconfiança.
- Eu não estou estranho.- Nicolas disse secamente.
Por sorte, enviada por um anjo misericordioso, Amanda voltou para onde estavam os meninos.
- Do que estão falando?- Ela perguntou.- Cadê a Samanta.
- Ela parece muito ocupada com o surfista.- Arthur olhou na direção em que estava moça, intrigado com a demora do homem em passar o protetor nas costas dela. - Daqui a pouco chega 2300 o asteroide Bennu acaba com a terra, e aquele cara não acaba de passar o protetor.-
- É impressão minha, ou está com ciúmes?- Provocou Amanda.
- Não seja ridícula.-
- Eu também acho.- Concordou Nicolas.
Arthur olhou de cara feia para os dois.
- Só achei que isso do protetor é um truque velho e ridículo.
Tanto Amanda quanto Nicolas prenderam a boca, segurando os risinhos.
- Qual o problema de vocês dois? Algum prazer sádico em me provocar?-
- De forma alguma.- Amanda se levantou da areia.- Vou chamar a Samanta para continuarmos com a nossa caminhada. Adeus para vocês dois.- E ela se afastou.
- Adeus...- Resmungou Arthur.- Como se eu não tivesse que olhar todos os dias para a cara dela.-
- Porque quer. Você tem seu próprio apartamento.- Pontuou Nicolas.
- Comida tá caro. Além do mais, eu não gosto de cozinhar.-
- Você é deplorável.-
- Minhas costas estão queimando.-
- Pede para o surfista passar o protetor.- Disse Nicolas.
Arthur fez um gesto obsceno para ele com o dedo médio.
...Horas mais tarde, como o combinado, Amanda foi até o prédio que morava Nicolas. O porteiro, pela primeira vez em muito tempo, informou para avisar que tinha uma garota subindo, e quando Amanda colocou os pés de frente para a porta de seu apartamento, Nicolas a abriu.
Era como se ele pudesse ver a sombra da silhueta bem desenhada se movendo do outro lado da parede, e como morava no primeiro andar, foi fácil cronometrar o tempo que o porteiro ligou, até o tempo que Amanda levou para subir as escadas (ela nunca gostou de pegar elevador para o primeiro andar).
- Então você realmente veio.-
- Eu disse que viria.-
- Entra.- Nicolas deu espaço com o corpo, e ela adentrou sua casa.
- Acredito que a Rachel não esteja aqui dessa vez.-
- E nem voltará de novo.-
- Não me interessa.-
- Por que não?-
- Porque não é da minha conta com quem você se relaciona.-
- Você disse que não é da sua conta, mas não que não se importa.- Nicolas caminhou na direção dela, diminuindo as distâncias a ponto que ela encostasse na parede para se esquivar.
- Não seja ridículo, o que eu quis dizer...- Ela engoliu em seco quando ele pousou uma de suas mãos na parede, como se a estivesse prendendo.
O ar quente tô hálito dele tocava sobre seus cílios, e ele olhava para a sua boca com tanto desejo, que ela se sentiu a mulher mais bonita do mundo.
- Você quis dizer...- Ele a encorajou, aproximando seus lábios do lóbulo da orelha dela, esfregando-os no lugar.
- I-Isso não está certo.- Ela esquivou a cabeça para o lado.- Não está sendo racional. O acordo era conversarmos.-
- E estamos conversando.- Ele ergueu o queixo dela com o indicador, obrigando-a a olha-lo.
- Nicolas...-
- Eu o que?- A boca dele estava assustadoramente próxima da sua.
A atração que eles sentiam um pelo outro era tão perigosa, que era impossível de raciocinar.
Aquela deveria ser a terceira ou quarta vez que Amanda engolia em seco só naquele instante.
A garota levou uma de suas mãos a agarrar os cabelos da nuca dele, e cobriu os lábios de Nicolas com os seus, capturando um beijo urgente e apaixonado.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceO que você faria se, de repente, um amor platônico pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, virasse realidade? Desde pequena, Amanda suspirava por Nicolas, mas devido a diferença de idade, além do fato de Arthur, irmão de Amanda, ser extremamente...