Capitulo 12

12.6K 665 76
                                    

Ele não deveria ter feito aquilo.
Mas quando viu as bochechas dela coradas, devido a raiva que estava ( por causa dele, claro), Nicolás perdeu a cabeça.
Ele a beijara ali, diante da praia cheia, com o Arthur a poucos metros de distância, e não estava nenhum pouco preocupado.
A língua quente do rapaz contornava toda as cavidades de sua boca suave, e involuntariamente ela arquejava, dando-lhe mais acesso. As mãos dele passeavam pela curva das costas dela, até a do quadril. Nicolas precisava do corpo dela, ela transmitia diferentes vibrações que ele nunca sentira antes e por mais que parecesse tão errado, ele estava embarcando no momento de inépcia.
E então a soltou, mantendo as duas mãos firmes na sua cintura.
O que ele estava prestes a fazer era típico de um cafajeste, mas ainda assim, não podia evitar.
- Se quiser conversar, eu estarei sozinho em casa durante o resto da tarde.- Ele sussurra.
Ela parecia sem palavras, ainda estava em frenesi com o beijo.
Mas então, sua boca abriu.
- Você não trabalha?-
Até mesmo porque, se não comentasse aquele tipo de coisa, não seria Amanda.
- Estou de férias, engraçadinha.-
- Ah, claro.- Ela chacoalhou a cabeça.- A-acho que irei. Afinal de contas, precisamos conversar.-
- É, precisamos. Então, eu te espero lá.-
Amanda aquiesceu, e Nicolas foi o primeiro a se afastar.

...
Samanta estava muito irritada por ter ficado a sós com Arthur.
Mesmo que ela jamais culpasse a amiga por querer fugir da presença de Nicolas, não a perdoaria por não ter levado-a junto. Provavelmente, na hora que saiu, Amanda nem raciocinou.
O que de fato importava naquele momento era que as costas de Samanta ardiam, e ela se recusou a pedir a ajuda dele.
Ele jamais tocaria nela de novo.
Inútilmente, a garota tentava alcançar as próprias costas.
- Não seja rancorosa, deixa eu te ajudar.-
- Rancorosa?-
Arthur tomou o protetor da mão dela, espremendo o conteúdo em sua mão e aplicando na pele da moça. Os dedos deslizavam por todas as costas dela, e Arthur sentiu uma súbita vontade de abrir os laços do biquíni e de beija-la, más ele não costumava ficar mais de uma vez com a mesma pessoa.
- Eu não quero sua ajuda. Posso muito bem conseguir sozinha.- Samanta se afastou, levantando-se da areia.-
- Você ficou suja... Se quiser, eu posso limpar.- Ele esboçou um sorriso malicioso ao olhar para bem abaixo da coluna.
- Se quer tanto ajudar, vá participar de projetos de caridade.-
- Qual o seu problema comigo?-
- O problema não é com você, é comigo. Eu nunca deveria ter ficado contigo.-
- Ah, mas foi maravilhoso.- Arthur também ficou de pé.
- Não se aproxime!- Ela ergueu o indicador.- Eu só fiquei a curtos metros de distância de você pela minha amiga! Eu faço qualquer coisa por ela.-
- Eu sei... Vocês são muito leais umas com as outras.-
- Sim, e a Amanda me avisou tanto que eu não deveria te levar a sério...-
- Eu nunca te prometi nada, Samanta.-
- Típica frase de um canalha.- Samanta revirou os olhos.- Olha, nos conhecemos desde crianças...-
- Correção, você era criança, eu já era adolescente.-
Ela ignorou a interrupção e continuou.
- Não precisava me ignorar como se eu não fosse nada. Não estou pedindo que me prometa o céu, as estrelas e todas essas coisas clichês que existem, Arthur. Eu apenas esperava mais um pouco de consideração.-
- Bom, desculpe... Não foi proposital. Acho que poderíamos ser amigos, ao menos.-
- Eu não quero ser sua amiga, eu não quero que você fique perto de mim, e eu não quero que você me dirija nem a palavra. Finja que eu não existo, porque é o que estou fazendo com você.-
Ela deu de ombros, e caminhou no lado oposto.
Por mais que soubesse que toda aquela raiva foi desproporcional, afinal, Arthur de fato não a enganara, ela estava furiosa consigo mesma por se apaixonar por ele, e acabou descontando no próprio.
Arthur assistiu de longe um rapaz se oferecer para espalhar o creme nas costas dela, e Samanta aceitou, virando-se para ele.
Arthur bufou de tédio.
Foi aí que ele percebeu a ausência de Nicolas, e de sua irmã. Mas foi a tempo o suficiente para ele ver o amigo voltar com um coco na mão.
- Você não ia buscar um sorvete?- Arthur ergueu a sobrancelha.
Maldição! Ele ficou tão atordoado com a presença de Amanda que esqueceu de comprar o sorvete, e acabou pegando o coco dela que caiu no chão.
- Mudei de ideia e quis uma água de coco.- Nicolas deu de ombros.- Não posso querer ser saudável?-
- Bom... Eu ia roubar um pouco do seu sorvete.-
- Um pouco? Acho que você quis dizer metade.- Nicolas revirou os olhos.
- Não seja egoísta, meu caro. Esse é o mal de todo filho único.-
- Ah, claro. Vou pedir para o Hugo ou a Amanda comerem mais da metade das suas comidas.-
- Correção... Você disse metade.-
- Dá no mesmo.-
- Metade é metade, mais da metade é mais da metade. É o mesmo que você falar que meio e inteiro são a mesma coisa.-
- Ah, vá pro inferno.- Nicolas bufou.
- Falando na Amanda, cadê a minha irmã?-
- Quem falou na Amanda?- Nicolas piscou.
- Você.-
Nicolas se engasgou com a água de coco.
- Oi?-
- Por que está tão estranho?- Arthur estreitou os olhos com desconfiança.
- Eu não estou estranho.- Nicolas disse secamente.
Por sorte, enviada por um anjo misericordioso, Amanda voltou para onde estavam os meninos.
- Do que estão falando?- Ela perguntou.- Cadê a Samanta.
- Ela parece muito ocupada com o surfista.- Arthur olhou na direção em que estava moça, intrigado com a demora do homem em passar o protetor nas costas dela. - Daqui a pouco chega 2300 o asteroide Bennu acaba com a terra, e aquele cara não acaba de passar o protetor.-
- É impressão minha, ou está com ciúmes?- Provocou Amanda.
- Não seja ridícula.-
- Eu também acho.- Concordou Nicolas.
Arthur olhou de cara feia para os dois.
- Só achei que isso do protetor é um truque velho e ridículo.
Tanto Amanda quanto Nicolas prenderam a boca, segurando os risinhos.
- Qual o problema de vocês dois? Algum prazer sádico em me provocar?-
- De forma alguma.- Amanda se levantou da areia.- Vou chamar a Samanta para continuarmos com a nossa caminhada. Adeus para vocês dois.- E ela se afastou.
- Adeus...- Resmungou Arthur.- Como se eu não tivesse que olhar todos os dias para a cara dela.-
- Porque quer. Você tem seu próprio apartamento.- Pontuou Nicolas.
- Comida tá caro. Além do mais, eu não gosto de cozinhar.-
- Você é deplorável.-
- Minhas costas estão queimando.-
- Pede para o surfista passar o protetor.- Disse Nicolas.
Arthur fez um gesto obsceno para ele com o dedo médio.
...

Horas mais tarde, como o combinado, Amanda foi até o prédio que morava Nicolas. O porteiro, pela primeira vez em muito tempo, informou para avisar que tinha uma garota subindo, e quando Amanda colocou os pés de frente para a porta de seu apartamento, Nicolas a abriu.
Era como se ele pudesse ver a sombra da silhueta bem desenhada se movendo do outro lado da parede, e como morava no primeiro andar, foi fácil cronometrar o tempo que o porteiro ligou, até o tempo que Amanda levou para subir as escadas (ela nunca gostou de pegar elevador para o primeiro andar).
- Então você realmente veio.-
- Eu disse que viria.-
- Entra.- Nicolas deu espaço com o corpo, e ela adentrou sua casa.
- Acredito que a Rachel não esteja aqui dessa vez.-
- E nem voltará de novo.-
- Não me interessa.-
- Por que não?-
- Porque não é da minha conta com quem você se relaciona.-
- Você disse que não é da sua conta, mas não que não se importa.- Nicolas caminhou na direção dela, diminuindo as distâncias a ponto que ela encostasse na parede para se esquivar.
- Não seja ridículo, o que eu quis dizer...- Ela engoliu em seco quando ele pousou uma de suas mãos na parede, como se a estivesse prendendo.
O ar quente tô hálito dele tocava sobre seus cílios, e ele olhava para a sua boca com tanto desejo, que ela se sentiu a mulher mais bonita do mundo.
- Você quis dizer...- Ele a encorajou, aproximando seus lábios do lóbulo da orelha dela, esfregando-os no lugar.
- I-Isso não está certo.- Ela esquivou a cabeça para o lado.- Não está sendo racional. O acordo era conversarmos.-
- E estamos conversando.- Ele ergueu o queixo dela com o indicador, obrigando-a a olha-lo.
- Nicolas...-
- Eu o que?- A boca dele estava assustadoramente próxima da sua.
A atração que eles sentiam um pelo outro era tão perigosa, que era impossível de raciocinar.
Aquela deveria ser a terceira ou quarta vez que Amanda engolia em seco só naquele instante.
A garota levou uma de suas mãos a agarrar os cabelos da nuca dele, e cobriu os lábios de Nicolas com os seus, capturando um beijo urgente e apaixonado.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora