Capítulo 35

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  - Como a Rachel não está em casa?- Nicolas perguntou ao porteiro, irritado.- O carro dela está estacionado aqui na frente.-
  - Calma, Nic, não é assim que vamos conseguir resolver essa situação.- Amanda tentou tranquilizá-lo.
  - Interfone de novo para aquela v.i.g.a.r.i.s.t.a. Diga que é o Nicolas que está aqui e que eu já sei de tudo.-
  - Vou interfonar de novo, senhor.- Disse o porteiro, fazendo o que o outro homem pediu.
  Amanda e Nicolas se entreolharam em expectativa. Ambos sabiam que Rachel estava lá em cima, e que tentava evitar o inevitável.
  - Novamente foi a dona Daphne que atendeu, e assegurou que a dona Rachel não está.-
  - Então mande a Daphne descer. Não vamos sair daqui sem resolver essa pendência, e temos certeza que a Rachel está lá em cima, e sabemos que o senhor também sabe disso.- Falou Amanda.
  - Por que não sentam um pouco?- Perguntou o porteiro se mostrando solicito.- Vou pedir que a dona Daphne desça.-
  ...
  Nicolas batia um dos pés no chão, atitude que acabou deixando a Amanda ainda mais nervosa do que ele. A garota segurou o pé de seu namorado, e em seguida conferiu pela última vez o relógio que tinha na parede. Daphne os estava torturando de propósito, e já tinham passado quinze minutos de quando o porteiro do prédio de Rachel disse que ela estava descendo.
  - Chega, isso é algum tipo de brincadeira de mau gosto. Eu vou no apartamento da Rachel, nem que para isso eu precise derrubar essa porta de vidro.- Falou Nicolas, ficando de pé.
  - Pare de agir por impulso. Pode acabar prejudicando o porteiro que nos deixou esperar aqui. Uma hora a Daphne vai ter que descer, e acamparemos aqui se necessário for para conseguirmos falar com ela.-
  - Não precisam acampar em lugar nenhum.- Disse Daphne, atravessando o saguão principal.- Detestaria ser responsável por tirar pessoas de suas camas.-
  - No entanto, você não se importa em ser responsável por tentar destruir o relacionamento dos outros e ajudar a forjar uma gravidez falsa?- Rebateu Amanda, também ficando de pé.
  Daphne parecia pálida devido ao susto que tomou, e Nicolas ficou satisfeito por pelo menos a garota ter ficado desestabilizada com algo.
  - Surpresa, Daphne? Aposto que não contava que sua irmã fosse dar com a língua nos dentes. Já estamos sabendo de tudo. Desde o plano sórdido que vocês armaram com a Camila e o Fábio para me fazerem terminar com a Amanda, até todo o enlace da gravidez da Rachel, incluindo a perda do bebê, que vocês não pretendiam me contar.-
  - D-deve haver algum engano. A Rachel não...-
  - Não adianta dizer que a Rachel não perdeu o bebê, Daphne. A Camila e a Daisy já admitiram tudo o que aconteceu. Rachel se auto-fecundou com os espermatozóides do Nicolas, e depois acabou perdendo o bebê e decidiu continuar com a farsa.-
  - Parabéns.- Disse Rachel surgindo no início da entrada do prédio, batendo palmas. Um sorriso malicioso brotou nos lábios da mulher, e logo deu espaço a uma linha rígida.- São bons nesse jogo de caçador e caça, acabaram descobrindo tudo. Imagino que deve ter ficado muito feliz, Nic. Aposto que você mesmo desejava a morte de seu filho.-
  - Eu sabia que você estava aí, d.e.s.g.r.a.ç.a.d.a. E se quer saber? Fico feliz que o meu filho não tenha que ter uma mãe como você. Mulheres como você, Rachel, deveriam nascer ocas.-
  - Eu nunca vou permitir que vocês tenham sequer um dia de paz.- Falou Rachel com ódio, caminhando mordaz na direção do casal.- Vou dedicar cada segundo da minha vida para infernizar os dois até perceberem o erro que é estarem juntos.-
  - Você está doente.- Nicolas cuspiu as palavras na cara dela.
  - Eu tenho sido muito paciente com você até agora, Rachel, mas acabou.- Falou Amanda, dando um passo à frente.- Tudo o que fizer contra nós dois, vou devolver mil vezes pior.-
  - Acha que eu tenho medo de você? Não passa de uma v.a.d.i.a.z.i.n.h.a que tudo o que sabe fazer é abrir às pernas para o amigo do seu irmão.-
  Sem hesitar, Amanda disfere um forte golpe contra o rosto de Rachel.
  - Isso foi só uma demonstração do que vou fazer se continuar com suas loucuras.- Explodiu Amanda.
  Rachel tentou revidar a agressão, mas a outra garota conseguiu deter sua mão a tempo. Amanda torceu o punho de Rachel para o lado e a forçou a cair ajoelhada no chão.
  Daphne se apressou em socorrer a amiga, e Nicolas se interpôs entre as duas, no intuito de evitar um conflito pior.
  - Acho que tudo já ficou mais do que esclarecido aqui. Não precisamos continuar na companhia indigesta dessas duas.- O homem segurou o braço de sua namorada, a conduzindo para sair dali.
  Rachel assistiu os dois se afastarem, tendo o seu ódio por Amanda aumentado.
  - Você está bem?- Perguntou Daphne.
  - Vou ficar. Mas isso só vai acontecer quando eu destruir essa c.r.e.t.i.n.a.-
  - Qual o próximo plano agora?-
  - Tirar a Amanda do caminho.- Respondeu Rachel.
  - E como pretende fazer isso?- Perguntou Daphne.
  - Vamos matá-la.-
  ...
  Um reencontro inesperado aconteceu assim que Nicolas e Amanda desceram do carro, quando ele foi deixá-la em casa. Arthur estava na frente do prédio com a Samanta, e a dava um beijo de despedida quando o outro casal chegou.
  Olhar para aquele que um dia foi seu melhor amigo, dava em Nicolas uma sensação boa e ao mesmo tempo angustiante de nostalgia, e devido a reação de Arthur, o outro homem sentia o mesmo.
  Ambos se entreolharam por meio minuto, tempo suficiente de Samanta e Amanda se abraçarem, antes de Samanta adentrar o carro de aplicativo.
  - Acho que eu também já vou. Amanhã podemos conversar com mais calma.- Disse Nicolas, acariciando a maçã do rosto de Amanda.
  - Espere, não vá agora.- Ela segurou a mão dele, virando-se em seguida para o seu irmão.- Vocês dois têm um assunto pendente e sabem disso.-
  - Não temos nada para falar.- Disse Arthur rispidamente.
  - Vocês são amigos de uma vida inteira. Lembrem de todos os momentos que passaram juntos. De todas as vezes que um foi o alicerce do outro.-
  - Economize o seu discurso, Amanda.- Falou Arthur, dando de ombros.
  - E você já pode parar com sua hipocrisia, Arthur. No fundo sabe que está errado, sendo que é orgulhoso demais para admitir. Quando vai dar o braço a torcer e admitir que não pode cobrar dos outros uma atitude que você mesmo não tem?-
  - É diferente.- Resmungou Arthur.
  - O que é diferente? O fato de você ser homem e eu ser mulher? É a única diferença que vejo.- Rebateu Amanda.- Não escolhemos por quem vamos nos apaixonar, Arthur. Eu tinha certeza que se o Nic pudesse escolher, ele jamais teria sequer olhado para mim. Jamais teria colocado a amizade de vocês dois em risco, e se você parar de ser mimado e egoísta, vai ver que tenho razão.-
  Arthur ouviu em silêncio, mas como a própria Amanda desconfiava, ele não estava disposto a dar o braço a torcer. Se sentia traído, e não sabia quando aquela sensação iria acabar.
  Se um dia fosse possível acabar.
  - Não me sinto pronto para perdoar o seu namorado, Amanda, e nem sei quando isso vai acontecer.- Respondeu Arthur, sem olhar o outro nos olhos.
  Amanda não tinha o costume de desistir, mas sabia que em certas ocasiões insistir não adiantava de nada. Ela permitiu que seu irmão partisse.
  Com o tempo, ele perceberia o erro que estava cometendo, e o amigo que acabaria perdendo de vez se continuasse com essa atitude.
 

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora