Capitulo 8

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Sim, ela houvera beijado o melhor amigo de seu irmão.
E não apenas beijado, ela o deixou tocá-la, e lamentou muito não poder fazer o mesmo. Por que parecía tão errado? Não deveria ser, mas a sensação de esconder algo como aquilo de seu irmão a estava matando, ela sabia que ele jamais perdoaria Nic por quase ter feito... Aquilo com ela.
Mas o significava " aquilo"?
Ele não iria deflora-la, Amanda já tinha perdido a virgindade com o ex namorado, assim como o seu ex namorado também perdeu com ela.
Não foi uma experiência muito bonita, mas com o passar do tempo um fora se adequando ao outro. O engraçado é que as pessoas romantizam a virgindade muito além do que se deve.
Não é porque você a entregou a alguém que pertencerá para sempre á pessoa, Amanda constatou isso em seu último relacionamento.
Talvez o amor da sua vida já tenha passado em mil e quinhentas camas antes da sua, quem pode saber?
Os pensamentos de Amanda se embaralhavam sobre coisas do tipo enquanto ela caminhava na rua, era muito interessante a forma em que mudava tão rápido os próprios temas do que se passava em sua cabeça.
- Devo contar as minhas amigas? Ou será que devo manter em segredo?- Perguntou a si mesma.
Ela já estava prestes a abrir a porta da sorveteria quando sentiu uma mão puxar o seu antebraço para o outro lado da parede, a que não ficava tão exposta para a rua.
- Finalmente te achei.- Rachel, a ex noiva de Nicolas a havia encurralado.
- Ficou maluca? Quase me matou de susto, inferno!- Amanda forçou o próprio braço para baixo, se livrando das mãos da outra sem nenhuma dificuldade.- O que você quer?-
- Ah... O que eu quero? Serei bem direta.- Ela pigarreou.- Se não ficar longe do Nic eu conto ao seu irmão o que aconteceu entre vocês dois.
Por meio minuto Amanda quase cuspiu o próprio coração. Nicolas houvera dito para a Rachel o que aconteceu mais cedo?
Isso não tinha o menor sentido, ele a evitava sempre que podia, e jamais confiaria algo assim á ela.
Mas como ela sabia? Talvez fosse só um blefe.
- Deixe-me pensar no que pode ter acontecido entre nós dois... Hum... Ah, claro, eu ainda não devolvi a camisa que ele me emprestou na praia, e talvez não devolva, gostei muito de dormir com ela.-
- Não se faça de sonsa...-
- Ou será que foram as meias que ele esqueceu na lavanderia da minha casa na semana passada? Bom... Ele disse que eu podia ficar com elas. Não comunicamos isso ao meu irmão, mas também não é o fim do mundo.
- Não me provoque, projeto de piranha mal formada.- Rachel levou uma de suas mãos a apertar o maxilar de Amanda.
A mais nova acertou uma joelhada contra a barriga de sua arqui-inimiga, agarrando-a pelos braços e trocando de lugar com ela.
Agora era Rachel que estava encurralada, e Amanda agarrava os cabelos de sua nuca, forçando a cabeça dela para baixo.
- Acho bom você não me provocar. Me deixe em paz, e também não se intrometa na amizade do Arthur e do Nic, ou eu juro que acabo com você.- A garota soltou abruptamente a cabeça que estava segurando, e foi pisando duro na direção da entrada da sorveteria.
Depois de toda essa confusão precisaria de um sorvete com quatro bolas.
Devido aos recentes acontecimentos, fora a última a chegar, e suas amigas já estavam todas reunidas na terceira mesa á esquerda.
- Finalmente... Achei que tinha caído em um bueiro.- Brincou Letícia.
- Se eu contasse tudo o que acabou de acontecer nas poucas horas que passaram... Vocês não acreditariam.- Amanda sentou-se ao lado de Letícia, de frente para Samanta e Ingrid.
- E o que aconteceu?- Perguntou Ingrid.
- Preciso de um sorvete primeiro.-
Ingrid, como sempre a mais ansiosa, levantou-se da mesa á procura do cardápio, provavelmente todas fariam os mesmos pedidos de sempre, o que era muito útil quando se tratava de economizar tempo.
Dez minutos depois, a garçonete chegou com milk shakes, servindo cada uma com o seu respectivo pedido.
- Era tudo o que eu precisava.- Amanda deu uma generosa golada.
- Você realmente leva os seus suspenses a sério.- Brincou Samanta.- Conta... O que aconteceu?-
- Eu e o Nicolas nos beijamos.-
- O que?- As três gritaram em uníssono.
- Shhh... Falem baixo, quando cheguei a Rachel estava aí fora.-
- A Rachel?- Ingrid parecia confusa.- A ex do Nic?-
- A própria.-
- E o que ela veio fazer aqui?- Pergunta Letícia.
- Me ameaçar. Ao que parece está desconfiada do Nic e de mim.-
- Deixa que eu resolvo isso agora mesmo.- Samanta fez menção de se levantar, mas Amanda a segurou.
- Não é necessário, eu mesma já tomei as devidas providências.
- Espera... Conta primeiro o que foi que rolou entre você e o Nicolas.- Letícia acomodou-se na cadeira, segurando o canudo da bebida para tomá-la melhor.
- Estávamos conversando sobre o ocorrido da praia quando acabamos ficando próximos demais... E eu o beijei.-
- Você tomou a iniciativa?- Letícia parecia surpresa.
- O que tem demais nisso?-
- Nada... Mas não esperava de você.-
Amanda olhou para Letícia com a cara feia.
- Obrigada pela parte que me toca.-
- Continua... E o que mais aconteceu?- Disse Ingrid, que já havia terminado de tomar todo o milk shake.
- As coisas acabaram esquentando e quando me dei conta estávamos quase... Vocês sabem.-
- Sem roupa?- Completou Samanta.
- Sim... Ele enfiou a mão na minha...-
- Senhor... Mas e o Arthur?- Samanta chegou ao ponto que mais lhe interessava saber.
- O Arthur não sabe de nada. Ele esqueceu as chaves e ouvimos a campainha tocar a tempo de evitar o pior.-
- Parece que estou lendo um livro.- Letícia apoiou a cabeça nas mãos.
- Esse é um livro do qual eu não quero ler. Tem tudo para terminar errado.-
- E o que tem de errado nisso?- Ingrid ergueu a sobrancelha.
Ela costumava fazer essa mesma expressão quando achava algo patético.
- O Arthur jamais perdoaria o Nic por ficar comigo. No dia da praia eles quase se engalfinharam por aquele mal entendido, e se não fosse a Samanta e eu a separarmos teria acontecido o pior.-
- As vezes você é tão dramática.- Ingrid revira os olhos.
- Não é drama! Fala isso porque não estava lá.-
- É verdade... O Arthur ficou furioso.- Concorda Samanta.
- E falando no Arthur, vocês têm conversado?- Letícia pergunta á Samanta.
- Não. Acho que ele não tem nenhum interesse em mim... Ou ao menos não além do que rolou na praia.-
- O que rolou na praia?- Perguntou Amanda.
- Quer mesmo saber?- Samanta não parecia muito animada.
- Não precisa contar os detalhes.-
- O Arthur e eu... Bem... Nós ficamos antes de encontrarmos com vocês nas pedras.-
- Ficaram do tipo... Ficaram?-
- Ficaram do tipo... O que quase aconteceu entre você e o Nicolas.- Ingrid a respondeu.
- Eu falei a você que meu irmão não era para se levar a sério.-
- Eu não o levei a sério em nenhum momento. E se quer saber, para mim foi apenas diversão, não pretendo ficar mais de uma vez com o Arthur.-
Mal Samanta acabara de falar e se deparara, ao olhar para a janela que ficava na sua lateral esquerda, com o Arthur do outro lado da rua, aos beijos com uma moça linda, de pele negra e cabelos cacheados.
As vezes o destino conspira para torturar as pessoas, mas não foi totalmente por acaso, a sorveteria ficava praticamente ao lado do prédio da Amanda.
As outras acabaram olhando na mesma direção ao verem a expressão de decepção no rosto da amiga, e por mais que ela dissesse que o Arthur nunca significou nada, sempre fora apaixonada por ele, desde a infância.
- Acho que deveríamos ir para outro lugar. Que tal uma social na casa do Guilherme?- Sugere Amanda, sacolejando o ombro de Samanta para que ela parasse de olhar pela janela.
Todas parecem concordar, até mesmo Samanta, que tentou fingir animação.
- Tenho certeza que você vai encontrar alguém interessante por lá.- Amanda toca na mão de sua amiga, que esboça um sorriso em resposta.
- Não precisa falar como se quisesse me consolar, Mandy, eu estou bem.-
- Acho que já podemos ir.- Amanda faz menção de levantar.
- E não vamos pagar a conta?- Brinca Letícia.
- Opa...- Amanda voltou a encostar na cadeira.
Letícia fez sinal para a garçonete, que logo veio.
As quatro meninas estavam caminhando na direção contrária a sorveteria no intuito de chamarem um carro de aplicativo, quando um homem chamou o nome de uma delas.
- Amanda?- Era Fábio, primo do Nicolas que fora ao Canadá fazer intercâmbio.
- F-Fabio?- Ela parecia surpresa, um ano foi mais do que o suficiente para o rapaz mudar da água para o vinho.
- Acabei de chegar de viagem, e a primeira coisa que tive vontade de fazer foi molhar os pés no mar.-
- Realmente... Um ano longe de casa faz milagres. Antes o que a gente não suportava acaba tornando-se motivo de saudades.-
- É... Por aí. Perdoem-me, meninas, não cumprimentei vocês. Estão bem?-
Cada uma respondeu com um aceno de cabeça.
Amanda se perguntou se era normal responder assim, as vezes as pessoas viviam muito no automático.
Sempre que alguém na rua pergunta se você está bem, ela não quer ouvir a sua resposta.
E você não se preocupa em responder, ou pergunta se ela está bem, ou apenas acena com a cabeça.
Mas por que estava pensando nisso no meio do diálogo? As vezes Amanda tendia a ser aleatoria.
- Estamos indo na casa de um amigo, não quer ir?-
- Se não for incômodo...-
- Não é incômodo nenhum. Estamos esperando o carro do aplicativo.-
- Posso levar vocês, estou de carro.-
- Ótimo, vamos economizar o dinheiro da ida.- Comenta Letícia, levando uma cotovelada de Ingrid.
- O que é?- Letícia pergunta á amiga, massageando o lugar que levou a pancada.
- Meu carro está estacionado um pouco mais à frente, próximo ao posto.- Fábio puxou as chaves do bolso, tomando a iniciativa de caminhar.
As meninas caminharam logo atrás dele.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora