Amanda paralisou. Ela não conseguia mover os músculos para andar, ou até mesmo falar. Apesar de ter vontade de gritar na cara do irmão tudo o que sentia por Nicolas e tudo o que faziam quando os olhos dele não estavam por perto para fiscalizar, era bem mais difícil pôr os planos em prática. Arthur estava vermelho, com a respiração ofegante, e ela suspeitava que se encontrasse com Nicolas naquele estado seria capaz de matá-lo.
- Há quanto tempo estão juntos?- Perguntou sombriamente.
Amanda e Samanta se entreolharam, em silêncio.
- Eu não vou perguntar de novo.- Falou Arthur.
- Não é da sua conta! Vá cuidar da sua vida, porque a minha não diz respeito á você!- Explodiu Amanda.
- Não diz respeito a mim? Você é minha irmã, Amanda. É meu dever protegê-la. E ele... Ele é... Ou melhor, ele era o meu melhor amigo.-
- Eu não preciso que você me proteja, e menos ainda do Nicolas. Ele gosta de mim, e só não tem coragem de admitir por sua causa! Você não tem o direito de atrapalhar a vida dos outros, principalmente quando você é o primeiro a justamente tran.sar com a minha melhor amiga!-
- É diferente!-
- O que é diferente? Você é homem e eu sou mulher? Se for abrir a boca para falar isso, nem fale.-
- Por mais que incomode vocês, o mundo é assim.-
- O mundo não tem que ser assim.- Interferiu Samanta.- A Amanda não é nenhuma criança e deveria ter os mesmos direitos que você.-
- Fique de fora disso! É um problema de família e você não tem que opinar.-
- Você abaixe a voz para falar com ela!- Gritou Amanda.- Nos meus assuntos ela opina quando quiser.-
- Deixa, Amanda. Não dá para discutir com gente hipócrita.- Samanta olhou para Arthur com desdém.- Não vale o meu tempo, e nem o seu.-
- Desculpe, Samanta, eu não queria...-
- Você nunca quer nada, Arthur. E com isso acaba magoando todos a sua volta. Só você pode experimentar, só você pode fazer, o resto do mundo precisa ficar calado e se dobrar as suas vontades.- Falou Samanta.
- Isso não é verdade, eu...-
- Você sabe que é.- Amanda cortou as palavras dele.- O Nicolas é seu melhor amigo, e ele jamais faria algo intencionalmente para me magoar. Eu sei que, tanto quanto você, ele me protegeria de qualquer coisa, porque além de te amar, ele me ama também.-
- Você não entende nada de homens.- Falou Arthur secamente.
- E você não entende nada de sentimentos.- Gritou Amanda.
Samanta encolheu os ombros, parecendo concordar com a amiga.
Arthur respirou fundo, pressionando as têmporas. Aquilo parecia um pesadelo interminável.
- Você não me respondeu se está grávida ou não.-
- Eu não estou. Mas poderia... E o que iria fazer? Sumir com a criança?-
- Não diga uma idiotice dessas! O que acha que sou? Um monstro? Eu jamais faria mal a uma criança.-
- Você não pode controlar o mundo, e menos ainda a vida dos outros.- Amanda caminhou até a porta do quarto, girando a maçaneta.- Vai embora daqui. Eu não quero te ver.-
- Amanda...-
- Você, Arthur... Você, com o seu egoísmo e a sua hipocrisia está entristecendo a vida de muitas pessoas. A do Nic, da Samanta, e a minha.-
- Ah, claro... Fui eu que segurei o Nicolas e obriguei que fizesse um bebê na Rachel. E também tem a Camila... Viu só o que disse? Se ele realmente gostasse de você...-
- O erro do Nicolas foi ser covarde. Ele tentou várias vezes evitar um romance comigo por respeito a você, porque não queria perder a sua amizade. E por ser covarde e fraco, ele acabou seguindo por caminhos diferentes do que ele mesmo esperava.-
- Você é mesmo muito ingênua.- Arthur caminhou até a porta.
- E você muito burro. Acha que sabe de tudo, mas não sabe de nada. Achar que sabe de tudo é a maior burrice do ser humano.- Amanda bateu com a porta contra o rosto do irmão quando ele saiu.
...
Nicolas estava com as mãos e os pés atados, sentia-se vulnerável a completamente tudo que estava acontecendo. Claro que tinha a sua parcela de culpa, jamais deveria ter se envolvido com a sua ex noiva de novo, mas quando a cabeça não pensa, o corpo é quem padece. Usar a Rachel para aliviar o que sentia pela Amanda era errado de várias formas diferentes. Agora ele seria obrigado a suportar a Rachel, porque não abriria mão de acompanhar cada momento da vida de seu filho. Ao ouvir a campainha tocar, a angústia de Nicolas aumentou. Se fosse a Rachel, ele teria que encarar logo de frente a realidade em aturá-la, e se fosse a Camila, ele precisaria contar tudo o que estava acontecendo, principalmente a parte mais difícil. Camila era uma boa garota e não merecia estar com alguém que não a amava de verdade. Ele gostava dela, mas jamais sentiria o seu coração acelerar e meio segundo depois desacelerar na presença dela, exatamente como sentia com a Amanda. O seu corpo ardia de necessidade pelo da Amanda e ele não podia sequer imaginar como aguentaria encontrar com ela por várias outras vezes e não poder se afundar naquela pele macia, ou mergulhar intimamente o seu se.xo sobre o dela.
Nicolas respirou fundo, tomando a difícil decisão de girar a maçaneta quando ouviu a campainha tocar pela segunda vez, se deparando com a imagem de Arthur.
Arthur estava diferente, não parecia a pessoa que ele conhecia há tantos anos. Seus olhos estavam mais escuros, e seu rosto estampava algo sombrio como Nicolas jamais viu, principalmente direcionado a ele. O tórax do rapaz subia e descia sinalizando a respiração muito ofegante, e Nicolas pôde perceber que o seu amigo estava prestes a explodir em raiva.
- Arthur?- Perguntou Nicolas muito confuso.
Arthur deixou fugir de sua garganta um grito gutural. Aquele som quase animalesco fez Nicolas recuar para trás, mas não rápido o suficiente para se esquivar de um forte golpe contra o seu rosto. A força com que Arthur disferiu o soco foi tão grande, que as marcas arroxeadas em seu punho apareceram para comprovar. O hematoma vermelho devido ao acúmulo de sangue bem no olho direito de Nicolas também foi uma evidência da falta de controle do Arthur.
Nicolas abriu e fechou os lábios, sem saber como reagir.
- Você... Você... O meu melhor amigo, uma das pessoas que eu mais considerava... Eu te considerava um irmão!-
- O que aconteceu?-
- Você sabe o que aconteceu!- Arthur enfiou o indicador no ombro de Nicolas.- Você e a minha irmã, foi isso que aconteceu. Eu não tenho nem palavras para expressar o tipo de nojeira que vocês dois fizeram.-
E então foi aí que Nicolas soube... Arthur descobriu tudo o que aconteceu. Ele achou que deveria ficar assustado e implorar de joelhos o perdão do amigo, mas a sua reação foi completamente o contrário. Nicolas cerrou os dois punhos ao redor de seu corpo, e uma vermelhidão nítida surgiu em suas duas bochechas.
- Você é um hipócrita de mer.da!- Gritou Nicolas, devolvendo o mesmo soco violento contra o rosto do Arthur, que caiu por cima da estante, derrubando uma boa quantidade de livros que havia nela.- Todo esse tempo eu me culpando, eu me martirizando... Eu fugia da sua irmã como o diabo foge da cruz! Eu lutei por meses contra o que eu sentia por ela e tudo para não te magoar.-
- Você sabia que eu não aceitava que você brincasse com a minha irmã!- Arthur correu na direção de Nicolas, disferindo mais um soco desproporcional contra o rosto do amigo.
- Eu AMO a sua irmã. Nunca foi uma brincadeira. Diferente de você com a melhor amiga dela. Você tem medo que os outros homens sejam tão crápulas quanto você!- Nicolas devolveu o golpe com a mesma intensidade.
- Você não é melhor do que eu! Me enganou esse tempo inteiro, fora as vezes que enganou as meninas que você se relacionava para se encontrar com outras.- Arthur direcionou outro soco ao rosto do amigo, acertando agora a boca dele, que ganhou um grande corte.
- Eu nunca traí nenhuma garota que tive relacionamento sério! E jamais obriguei aos outros a se submeterem a alguma coisa que eu mesmo não faria.- Nicolas também acertou um murro contra a boca de Arthur, que ganhou um corte parecido.
- Eu nunca prometi nada a Samanta antes de... Não importa! Eu não sentia nada por ela além de atração.-
- Você disse " sentia" no passado?-
- Não tente mudar o rumo da conversa.-
- Não estou tentando. Eu amo a sua irmã e estou disposto a ter um relacionamento sério com ela. O meu erro foi não ter contado logo a você, e isso eu assumo. Mas também não pode me condenar por ter medo da sua reação, você nem sequer quis me escutar, já chegou distribuindo socos.-
- Como você acha que eu me sinto? Estou me sentindo enganado por você! É como se você tivesse se aproveitado da minha irmãzinha.-
- Você me conhece há tempo o suficiente para saber que eu jamais teria a capacidade de usar uma pessoa.-
- Você mentiu para mim e quebrou o nosso código. Isso é tudo o que importa.-
- A partir do momento que você ficou com a amiga da sua irmã, não pode exigir que ela não faça o mesmo.-
- O código que eu tinha era com você, e não com a minha irmã!-
- Mas isso não muda o fato de que você faz coisas das quais quer exigir que os outros não façam!-
- Não tente tirar sua culpa.- Arthur empurrou Nicolas contra a parede.
- E você deveria parar de pensar só em você e tentar se colocar no lugar da sua irmã e também no meu!- Nicolas devolveu o empurrão, fazendo Arthur cair sobre o sofá.
- O que vocês dois pensam que estão fazendo?- Perguntou Amanda, invadindo o apartamento de Nicolas.
- O que você está fazendo aqui?- Rugiu Arthur, ainda com as pernas para o alto pela queda que levou, ajeitando o corpo no sofá antes de ficar de pé.
- Quando a empregada me contou que você saiu, eu sabia que o único lugar que poderia ter vindo era esse, para acertar contas com o Nicolas.-
- E ainda não terminei de acertar, então faça o favor de sair.- Arthur a agarrou pelo braço.
- Isso é a minha vida e quem deve resolver isso sou eu. Sou maior de idade e respondo por mim mesma.- Amanda puxou o braço para trás, soltando-se do irmão.
- O que está querendo dizer com isso?- Arthur franziu o cenho com preocupação.
Amanda virou de frente para Nicolas, olhando-o nos olhos.
- Estou querendo dizer que Nicolas e eu temos muito a conversar, porque isso diz respeito a nós dois.- Amanda tornou a se virar para o irmão.- E somente a nós dois. Não vou permitir mais que você interfira na nossa felicidade, então saia daqui.-
- Só por cima do meu cadáver.- Arthur trincou os dentes.
- Ah, mas então eu te arrastarei para fora daqui... Seja você vivo, ou seja o seu cadáver.- Falou Samanta, surgindo na porta que estava entreaberta.
- Samanta?- Os três perguntaram em uníssono, assustados com a abrupta aparição da moça.
- A funcionária da casa de vocês me disse que saíram, e eu deduzi o mais lógico.- Ela olhou de Arthur para Amanda.- Chegou finalmente a hora de acontecer o que já deveria ter acontecido, e não será você a impedir.- Samanta caminhou na direção de Arthur, agarrando-o pelo punho.- Você vai deixar os dois conversarem a sós, ou eu juro que nunca mais eu olho na sua cara.-
Arthur engoliu em seco, parecendo indeciso na decisão que deveria tomar. A sua decisão durou apenas meio minuto, pois ele sabia que estava em débito com a Samanta, devia sinceras desculpas a ela, já que a tratou grosseiramente quando estavam no quarto de Amanda. Na companhia da amiga de sua irmã, Arthur caminhou para fora do quarto, deixando Nicolas e Amanda a sós bem a contragosto.
Após constatar que de fato o seu irmão e a sua melhor amiga foram embora, Amanda girou a chave para certificar de que ninguém mais invadiria ali antes da conversa dos dois terminarem.
- Agora que o meu irmão descobriu tudo o cenário muda mais uma vez. Vamos encarar os fatos como realmente são.- Falou Amanda.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceO que você faria se, de repente, um amor platônico pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, virasse realidade? Desde pequena, Amanda suspirava por Nicolas, mas devido a diferença de idade, além do fato de Arthur, irmão de Amanda, ser extremamente...