Capitulo 25

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  Amanda paralisou. Ela não conseguia mover os músculos para andar, ou até mesmo falar. Apesar de ter vontade de gritar na cara do irmão tudo o que sentia por Nicolas e tudo o que faziam quando os olhos dele não estavam por perto para fiscalizar, era bem mais difícil pôr os planos em prática. Arthur estava vermelho, com a respiração ofegante, e ela suspeitava que se encontrasse com Nicolas naquele estado seria capaz de matá-lo.
  - Há quanto tempo estão juntos?- Perguntou sombriamente.
  Amanda e Samanta se entreolharam, em silêncio.
  - Eu não vou perguntar de novo.- Falou Arthur.
  - Não é da sua conta! Vá cuidar da sua vida, porque a minha não diz respeito á você!- Explodiu Amanda.
  - Não diz respeito a mim? Você é minha irmã, Amanda. É meu dever protegê-la. E ele... Ele é... Ou melhor, ele era o meu melhor amigo.-
  - Eu não preciso que você me proteja, e menos ainda do Nicolas. Ele gosta de mim, e só não tem coragem de admitir por sua causa! Você não tem o direito de atrapalhar a vida dos outros, principalmente quando você é o primeiro a justamente tran.sar com a minha melhor amiga!-
  - É diferente!-
  - O que é diferente? Você é homem e eu sou mulher? Se for abrir a boca para falar isso, nem fale.-
  - Por mais que incomode vocês, o mundo é assim.-
  - O mundo não tem que ser assim.- Interferiu Samanta.- A Amanda não é nenhuma criança e deveria ter os mesmos direitos que você.-
  - Fique de fora disso! É um problema de família e você não tem que opinar.-
  - Você abaixe a voz para falar com ela!- Gritou Amanda.- Nos meus assuntos ela opina quando quiser.-
  - Deixa, Amanda. Não dá para discutir com gente hipócrita.- Samanta olhou para Arthur com desdém.- Não vale o meu tempo, e nem o seu.-
  - Desculpe, Samanta, eu não queria...-
  - Você nunca quer nada, Arthur. E com isso acaba magoando todos a sua volta. Só você pode experimentar, só você pode fazer, o resto do mundo precisa ficar calado e se dobrar as suas vontades.- Falou Samanta.
  - Isso não é verdade, eu...-
  - Você sabe que é.- Amanda cortou as palavras dele.- O Nicolas é seu melhor amigo, e ele jamais faria algo intencionalmente para me magoar. Eu sei que, tanto quanto você, ele me protegeria de qualquer coisa, porque além de te amar, ele me ama também.-
  - Você não entende nada de homens.- Falou Arthur secamente.
  - E você não entende nada de sentimentos.- Gritou Amanda.
  Samanta encolheu os ombros, parecendo concordar com a amiga.
  Arthur respirou fundo, pressionando as têmporas. Aquilo parecia um pesadelo interminável.
  - Você não me respondeu se está grávida ou não.-
  - Eu não estou. Mas poderia... E o que iria fazer? Sumir com a criança?-
  - Não diga uma idiotice dessas! O que acha que sou? Um monstro? Eu jamais faria mal a uma criança.-
  - Você não pode controlar o mundo, e menos ainda a vida dos outros.- Amanda caminhou até a porta do quarto, girando a maçaneta.- Vai embora daqui. Eu não quero te ver.-
  - Amanda...-
  - Você, Arthur... Você, com o seu egoísmo e a sua hipocrisia está entristecendo a vida de muitas pessoas. A do Nic, da Samanta, e a minha.-
  - Ah, claro... Fui eu que segurei o Nicolas e obriguei que fizesse um bebê na Rachel. E também tem a Camila... Viu só o que disse? Se ele realmente gostasse de você...-
  - O erro do Nicolas foi ser covarde. Ele tentou várias vezes evitar um romance comigo por respeito a você, porque não queria perder a sua amizade. E por ser covarde e fraco, ele acabou seguindo por caminhos diferentes do que ele mesmo esperava.-
  - Você é mesmo muito ingênua.- Arthur caminhou até a porta.
  - E você muito burro. Acha que sabe de tudo, mas não sabe de nada. Achar que sabe de tudo é a maior burrice do ser humano.- Amanda bateu com a porta contra o rosto do irmão quando ele saiu.
  ...
  Nicolas estava com as mãos e os pés atados, sentia-se vulnerável a completamente tudo que estava acontecendo. Claro que tinha a sua parcela de culpa, jamais deveria ter se envolvido com a sua ex noiva de novo, mas quando a cabeça não pensa, o corpo é quem padece. Usar a Rachel para aliviar o que sentia pela Amanda era errado de várias formas diferentes. Agora ele seria obrigado a suportar a Rachel, porque não abriria mão de acompanhar cada momento da vida de seu filho. Ao ouvir a campainha tocar, a angústia de Nicolas aumentou. Se fosse a Rachel, ele teria que encarar logo de frente a realidade em aturá-la, e se fosse a Camila, ele precisaria contar tudo o que estava acontecendo, principalmente a parte mais difícil. Camila era uma boa garota e não merecia estar com alguém que não a amava de verdade. Ele gostava dela, mas jamais sentiria o seu coração acelerar e meio segundo depois desacelerar na presença dela, exatamente como sentia com a Amanda. O seu corpo ardia de necessidade pelo da Amanda e ele não podia sequer imaginar como aguentaria encontrar com ela por várias outras vezes e não poder se afundar naquela pele macia, ou mergulhar intimamente o seu se.xo sobre o dela.
  Nicolas respirou fundo, tomando a difícil decisão de girar a maçaneta quando ouviu a campainha tocar pela segunda vez, se deparando com a imagem de Arthur.
  Arthur estava diferente, não parecia a pessoa que ele conhecia há tantos anos. Seus olhos estavam mais escuros, e seu rosto estampava algo sombrio como Nicolas jamais viu, principalmente direcionado a ele. O tórax do rapaz subia e descia sinalizando a respiração muito ofegante, e Nicolas pôde perceber que o seu amigo estava prestes a explodir em raiva.
  - Arthur?- Perguntou Nicolas muito confuso.
  Arthur deixou fugir de sua garganta um grito gutural. Aquele som quase animalesco fez Nicolas recuar para trás, mas não rápido o suficiente para se esquivar de um forte golpe contra o seu rosto. A força com que Arthur disferiu o soco foi tão grande, que as marcas arroxeadas em seu punho apareceram para comprovar. O hematoma vermelho devido ao acúmulo de sangue bem no olho direito de Nicolas também foi uma evidência da falta de controle do Arthur.
  Nicolas abriu e fechou os lábios, sem saber como reagir.
  - Você... Você... O meu melhor amigo, uma das pessoas que eu mais considerava... Eu te considerava um irmão!-
  - O que aconteceu?-
  - Você sabe o que aconteceu!- Arthur enfiou o indicador no ombro de Nicolas.- Você e a minha irmã, foi isso que aconteceu. Eu não tenho nem palavras para expressar o tipo de nojeira que vocês dois fizeram.-
  E então foi aí que Nicolas soube... Arthur descobriu tudo o que aconteceu. Ele achou que deveria ficar assustado e implorar de joelhos o perdão do amigo, mas a sua reação foi completamente o contrário. Nicolas cerrou os dois punhos ao redor de seu corpo, e uma vermelhidão nítida surgiu em suas duas bochechas.
  - Você é um hipócrita de mer.da!- Gritou Nicolas, devolvendo o mesmo soco violento contra o rosto do Arthur, que caiu por cima da estante, derrubando uma boa quantidade de livros que havia nela.- Todo esse tempo eu me culpando, eu me martirizando... Eu fugia da sua irmã como o diabo foge da cruz! Eu lutei por meses contra o que eu sentia por ela e tudo para não te magoar.-
  - Você sabia que eu não aceitava que você brincasse com a minha irmã!- Arthur correu na direção de Nicolas, disferindo mais um soco desproporcional contra o rosto do amigo.
  - Eu AMO a sua irmã. Nunca foi uma brincadeira. Diferente de você com a melhor amiga dela. Você tem medo que os outros homens sejam tão crápulas quanto você!- Nicolas devolveu o golpe com a mesma intensidade.
  - Você não é melhor do que eu! Me enganou esse tempo inteiro, fora as vezes que enganou as meninas que você se relacionava para se encontrar com outras.- Arthur direcionou outro soco ao rosto do amigo, acertando agora a boca dele, que ganhou um grande corte.
  - Eu nunca traí nenhuma garota que tive relacionamento sério! E jamais obriguei aos outros a se submeterem a alguma coisa que eu mesmo não faria.- Nicolas também acertou um murro contra a boca de Arthur, que ganhou um corte parecido.
  - Eu nunca prometi nada a Samanta antes de... Não importa! Eu não sentia nada por ela além de atração.-
  - Você disse " sentia" no passado?-
  - Não tente mudar o rumo da conversa.-
  - Não estou tentando. Eu amo a sua irmã e estou disposto a ter um relacionamento sério com ela. O meu erro foi não ter contado logo a você, e isso eu assumo. Mas também não pode me condenar por ter medo da sua reação, você nem sequer quis me escutar, já chegou distribuindo socos.-
  - Como você acha que eu me sinto? Estou me sentindo enganado por você! É como se você tivesse se aproveitado da minha irmãzinha.-
  - Você me conhece há tempo o suficiente para saber que eu jamais teria a capacidade de usar uma pessoa.-
  - Você mentiu para mim e quebrou o nosso código. Isso é tudo o que importa.-
  - A partir do momento que você ficou com a amiga da sua irmã, não pode exigir que ela não faça o mesmo.-
  - O código que eu tinha era com você, e não com a minha irmã!-
  - Mas isso não muda o fato de que você faz coisas das quais quer exigir que os outros não façam!-
  - Não tente tirar sua culpa.- Arthur empurrou Nicolas contra a parede.
  - E você deveria parar de pensar só em você e tentar se colocar no lugar da sua irmã e também no meu!- Nicolas devolveu o empurrão, fazendo Arthur cair sobre o sofá.
  - O que vocês dois pensam que estão fazendo?- Perguntou Amanda, invadindo o apartamento de Nicolas.
  - O que você está fazendo aqui?- Rugiu Arthur, ainda com as pernas para o alto pela queda que levou, ajeitando o corpo no sofá antes de ficar de pé.
  - Quando a empregada me contou que você saiu, eu sabia que o único lugar que poderia ter vindo era esse, para acertar contas com o Nicolas.-
  - E ainda não terminei de acertar, então faça o favor de sair.- Arthur a agarrou pelo braço.
  - Isso é a minha vida e quem deve resolver isso sou eu. Sou maior de idade e respondo por mim mesma.- Amanda puxou o braço para trás, soltando-se do irmão.
  - O que está querendo dizer com isso?- Arthur franziu o cenho com preocupação.
  Amanda virou de frente para Nicolas, olhando-o nos olhos.
  - Estou querendo dizer que Nicolas e eu temos muito a conversar, porque isso diz respeito a nós dois.- Amanda tornou a se virar para o irmão.- E somente a nós dois. Não vou permitir mais que você interfira na nossa felicidade, então saia daqui.-
  - Só por cima do meu cadáver.- Arthur trincou os dentes.
  - Ah, mas então eu te arrastarei para fora daqui... Seja você vivo, ou seja o seu cadáver.- Falou Samanta, surgindo na porta que estava entreaberta.
  - Samanta?- Os três perguntaram em uníssono, assustados com a abrupta aparição da moça.
  - A funcionária da casa de vocês me disse que saíram, e eu deduzi o mais lógico.- Ela olhou de Arthur para Amanda.- Chegou finalmente a hora de acontecer o que já deveria ter acontecido, e não será você a impedir.- Samanta caminhou na direção de Arthur, agarrando-o pelo punho.- Você vai deixar os dois conversarem a sós, ou eu juro que nunca mais eu olho na sua cara.-
  Arthur engoliu em seco, parecendo indeciso na decisão que deveria tomar. A sua decisão durou apenas meio minuto, pois ele sabia que estava em débito com a Samanta, devia sinceras desculpas a ela, já que a tratou grosseiramente quando estavam no quarto de Amanda. Na companhia da amiga de sua irmã, Arthur caminhou para fora do quarto, deixando Nicolas e Amanda a sós bem a contragosto.
  Após constatar que de fato o seu irmão e a sua melhor amiga foram embora, Amanda girou a chave para certificar de que ninguém mais invadiria ali antes da conversa dos dois terminarem.
  - Agora que o meu irmão descobriu tudo o cenário muda mais uma vez. Vamos encarar os fatos como realmente são.- Falou Amanda.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora