Capítulo 33

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  - Acha mesmo que isso é uma boa ideia?- Perguntou Amanda, parada ao lado de Nicolas de frente para o elevador de serviço de seu prédio.
  - Quer resolver logo a situação ou não?- Perguntou Nicolas, com impaciência.
  - Claro que quero! Mas acho que abordando o homem assim vamos amedontrá-lo.-
  - Eu só preciso de um nome.- Disse Nicolas, batendo um dos pés no chão.
  Amanda disferiu um olhar irritado para o pé do rapaz. Ela ja estava ansiosa o bastante para que outra pessoa piorasse o que já estava ruim.
  - Um único nome vai me fazer entender uma grande parte do que está acontecendo.- Ele continuou a falar.
  - Será que você pode parar de bater o pé?- Amanda segurou o braço do rapaz.
  - E por que você me pede que pare de bater o pé segurando o meu braço?- Nicolas a provocou.
  - Porque eu não posso segurar o seu pé!- Disparou a garota com irritação.
  - Seria interessante te ver tentar.- Nicolas tornou a bater o pé no chão.
  A garota resfolegou, erguendo o seu próprio pé do chão e o acertando no pé de Nicolas.
  - Você parece uma criança de cinco anos.- Ela resmungou.
  - Claro... Até mesmo porque é muito maduro pisar o pé das pessoas de propósito.-
  Amanda chegou a abrir a boca para se defender, quando a porta do elevador se abriu.
  O homem que estava dentro dele rapidamente empalideceu ao ver o casal, e devido a sua astúcia, Nicolas logo percebeu que havia algo suspeito na atitude daquele homem.
  O zelador deixou os sacos de lixo caírem de sua mão, e uma grande tremedeira e gagueira apossou o corpo magro e alto dele.
  - Acho que percebeu que viemos procurá-lo para conversar.- Disse Nicolas, com seu tom de voz ameaçador.
  - Será que podemos ir para um lugar mais sossegado? Acho que não é necessário um espetáculo.- Sugeriu Amanda.
  - Isso vai depender dele.- Nicolas continuou com seu tom de voz ameaçador, sem perder o contato visual com o outro homem.
  - A área da piscina é ótima para conversarmos, não acha?- Amanda perguntou ao zelador, que se limitou em balançar a cabeça positivamente.
  - Pelo visto o senhor resolveu colaborar. Fico feliz.- Falou Nicolas com ironia.
  Amanda o lançou um olhar gélido para que parasse, mas o mesmo parecía irredutível. Por mais que torturar o zelador fosse chutar cachorro morto, o objetivo de Nicolas era assustá-lo de tal modo, que ele Não titubearia em falar o nome do mandante que armou toda aquela confusão.
  ...
  Nicolas não estava tão preocupado quanto Amanda em conferir se tinham telespectadores. Quando os três chegaram disfarçadamente até a área da piscina, ele encurralou o zelador contra uma das pilastras que ficava escondida das câmeras, e ergueu o seu indicador para falar mais enfaticamente.
  - Sou um homem de negócios e não sou nada paciente.- Disse o mesmo.- Não gosto de perder tempo, portanto serei direto e objetivo. Se não falar quem te mandou avisar á Amanda que eu a estava esperando na rua debaixo, não será só o seu emprego que você vai perder.-
  O pobre homem engoliu em seco, arregalando os olhos perante as ameaças.
  - Nic, calma.- Disse Amanda, dando um passo para frente. Ela tocou o ombro do rapaz para que recuasse, e tentou se concentrar nas palavras que diria ao zelador sem precisar ameaçá-lo.- Eu conversei com o meu...- ela pigarreou.- Eu conversei com o Nicolas, e ele me disse que não mandou nenhum recado pelo senhor. Confio nele e sei que não é nenhum mentiroso, então acredito que outra pessoa mandou que o senhor fizesse isso.-
  - Dona Amanda, eu...- O homem tentou se justificar.
  - Cale a boca, ela ainda não acabou de falar.- Falou Nicolas rispidamente.
  O outro obedeceu, encolhendo os ombros devido ao tom de voz forte.
  - Pedro, eu te dou minha palavra que, se você disser o nome da pessoa que te mandou me dar esse recado no nome do Nicolas, não iremos mencionar o seu nome. Te garanto que você não vai perder o seu emprego, e que o seu mandante nem vai sonhar que foi o senhor que o delatou.
  - Eu não queria fazer nada que prejudicasse a senhora, dona Amanda, ela me disse que foi o senhor Nicolas que pediu para que eu desse o recado em seu nome.- Falou o homem, com a voz embargada.
  - Calma, Pedro, fique tranquilo. Não vai acontecer nada com você, eu te garanto.- Disse Amanda, o confortando.
  Nicolás estreitou os olhos, observando o homem com desconfiança.
  - Quem seria " ela"?- Perguntou Nic.
  - A dona Daphne.-
  - Daphne?- Os dois perguntaram em uníssono.
  - Ela disse que eu não deveria contar nada para a senhorita, pois se tratava de uma surpresa.- O zelador continuou a falar.
  - Como d.i.a.b.o.s a Daphne sabía que eu estava almoçando com a Camila?-
  - A própria Camila pode ter dito algo.- Sugeriu Amanda.
  - Não... Elas não têm amizade.-
  - Mas têm duas pessoas do mesmo círculo de amizades.- Lembrou Amanda.- Rachel e Daisy.-
  - Não... A Camila não faria isso.- Disse Nicolas.- Somos muito amigos, ela não me trairia dessa forma.-
  Amanda ergueu uma das sobrancelhas demonstrando superioridade e arrogância ao falar.
  - Não vejo outra forma da Daphne ter tomado conhecimento disso.- Falou Amanda.
  - Conheço a dona Rachel.- Falou Pedro.- Ela sempre está por aqui, na casa de Daphne e Daisy. Outro dia esteve com uma morena baixinha que tem uma mecha loira no cabelo.-
  - Morena baixinha com mecha loira no cabelo.- Nicolás repetiu a informação, parecendo incrédulo.
  - A Camila já teve muitas cores de cabelo, mas essa é a mais recente.- Amanda falou como se tudo estivesse cada vez mais óbvio.
  - Vamos tirar isso a limpo de uma vez. Iremos juntos na casa da Camila, e não vou sair de lá até esclarecermos tudo. Mandarei que ela chame Daphne, Rachel e Daisy, já que pelo visto todas estão envolvidas na história.- Nicolas fez menção de caminhar para o outro lado, mas foi detido por Amanda, que agarrou a curva de seu cotovelo.
  - Não vamos sair antes de agradecer ao Pedro pela grande ajuda, e... Você deve desculpas pela forma que o tratou, já que ele foi tão enganado quanto nós dois.-
  - Tem razão.- Nicolas respirou fundo, se direcionando para o homem que continuava calado e encostado na parede.- Me desculpe pela forma que o tratei. Eu achei que de alguma forma você estivesse em um complô contra mim, e não te dei a chance de se explicar. Fui injusto.-
  - Tudo bem, senhor. Eu entendo que estava de cabeça quente.-
  - Sim, eu estava.- Admitiu Nicolas.- Muito obrigado pela sua ajuda, Pedro.-
  - Disponham.- Disse o zelador, fazendo um breve meneio com a cabeça que equivalia a uma despedida.
  Nicolás e Amanda partiram juntos - e em disparada- para a garagem do prédio. Iriam até a casa de Camila, e ambos estavam decididos o bastante para saírem de lá sem uma resposta.
  ...
  - O que temos afinal?- Perguntou Samanta, deitada ao lado de Arthur na cama do mesmo.
  Os dois estavam despidos e com as pernas entrelaçadas. A garota tinha a cabeça pousada sobre o tórax do homem, e ele lhe acariciava as mechas escuras dos cabelos.
  - Como assim " o que temos"?- Perguntou Arthur.
  - Você não é i.d.i.o.t.a e entendeu muito bem o que eu quis dizer.- A garota parecía irritada ao responder.
  - Eu não sei.- Disse com franqueza.- Eu tinha o código de nunca ficar com a mesma mulher mais de uma vez, até chegar você. E sabe? Eu não imagino mais a minha vida sem você.-
  - Está se declarando?- Perguntou Samanta, com os olhos brilhando como os de uma criança.
  - Estou. E quero que chame isso que temos do que você quiser.-
  - Não se atreva a deixar essa responsabilidade para mim. Arthur, eu juro que se você não me fizer um pedido decente...-
  - Quer namorar comigo?- Ele a cortou.
  Samanta quase engasgou com a própria saliva.
  - Foi mais rápido do que pensei.- Ela piscou os olhos ainda perplexa.
  - Eu precisava falar algo, ou você não pararia mais de tagarelar.-
  A mesma o olhou de cara feia quando ele a chamou de tagarela.
  - Embora... Tenho formas mais interessantes de te fazer calar a boca.- Após esboçar um sorriso malicioso, Arthur inclinou o corpo para frente. Deslizou o seu nariz sobre o dela, e o escorregou pela bochecha, até chegar em seu queixo. Arthur mordiscava o queixo da mesma quando ela falou e o interrompeu.
  - Sim.- Disse a garota de repente.
  - Está concordando comigo sobre existir formas mais interessantes de te fazer calar a boca?- Ele perguntou surpreso.
  Samanta não era o tipo de mulher que dava o braço a torcer facilmente.
  - Não, seu c.r.e.t.i.n.o. Eu estou respondendo ao seu pedido de namoro.-
  - É claro que você não me daria razão.- Ele falou, forçando uma carranca.
  - Claro que não.-
  - É por isso que eu te amo.- Arthur pousou um beijo rápido nos lábios dela.
  - Por eu sempre ter razão?- Perguntou Samanta.
  - Por você achar que sempre tem.-
  Samanta tentou até protestar, mas a boca de Arthur praticamente engoliu a sua em um beijo fervoroso depois daquilo.
  ...
  Amanda sentiu as mãos suarem frio assim que desceu do carro com Nicolas, e se encontrou parada de frente para a porta da casa de Camila. Assim que o seu acompanhante tocou a campainha, a porta se abriu, revelando a garota que não conseguiu disfarçar a estranha e exagerada surpresa em vê-la ali.
  - Aconteceu alguma coisa?- Perguntou Camila, confusa.
  - Isso, Camila, você é a única que pode nos dizer.- Falou Nicolas, ainda parado na soleira da porta da casa da outra garota.- Será que podemos entrar?-

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora