- Essa é a sua ideia de transporte? Um táxi que eu precisei empurrar até a metade da rua para conseguir tirar do lugar.- Rosnou Arthur, com os braços cruzados e sentado no banco do carona.
- Não reclame. Até mesmo porque você só empurrou um metro e resmungando como um velho de noventa anos. Os outros dezenove metros quem empurrou fui eu.- Nicolas pisou com um pouco mais de força na embreagem quando precisou estacionar o carro no primeiro sinal.
- E esse sinal? Pelo amor de Deus, homem. Não tem ninguém na rua.-
- Não, mas pode passar alguém e eu não estou com disposição de atropelar ninguém com exceção á você, que não para de reclamar.- Rebateu Nicolas, já perdendo o último fio de paciência. O sinal abriu, e Nicolas deu partida, acelerando o máximo permitido dentro dos limites da segurança.
- Precisamos montar uma estratégia. Não tem como chegar lá e recuperar a Amanda sem montar uma estratégia.- Arthur quase bateu a cabeça quando Nicolas fez uma curva brusca demais, e olhou de cara f.e.i.a para o outro quando recuperou o equilíbrio.- Eu já teria pensado em algo se a Samanta não tivesse feito um interrogatório policial antes de sairmos.-
- E sinceramente? Não sei como ela engoliu essa história de trocar de carro. Não estávamos olhando um na cara do outro, por que d.i.a.b.o.s eu te chamaria para me ajudar a escolher um carro? Do jeito que você é vingativo, me faria escolher um no ferro velho, com o motor danificado e pintado de amarelo.-
- Eu gosto de amarelo.- Arthur deu de ombros.- E a Samanta deve ter ficado tão feliz por termos feito as pazes, que não quis pensar nos pormenores.-
- Eu acho que você está subestimando a sagacidade da sua namorada.- Nicolas olhou discretamente para trás ao ouvir um barulho estranho vindo do banco de trás, assim que precisou fazer outra curva brusca.- Ouviu isso?-
- Está falando dos estalos? Estou ouvindo desde que entrei, e não tem como ser diferente em um carro caindo aos pedaços.-
- Prefere ir com o seu carro ou com o meu? Assim aquele canalha do ex namorado da sua prima nos reconhece e leva a sua irmã para outro lugar. É isso que quer?- Perguntou Nicolas irritado.
- Não, é claro que não é isso que ele quer.- Uma voz feminina conhecida veio do banco detrás, e Nicolas quase chocou o carro em um poste pelo susto que tomou.- Ah, Nicolas, por favor, vá mais devagar com essas curvas. Se continuar assim, quando chegarmos no casebre eu estarei com a cabeça desmontada do pescoço.- Samanta suspirou aliviada, acomodando-se no assento. Olhou de um homem para o outro com a sobrancelha erguida.- Vão ficar me olhando com essas caras de paspalhos?-
- O-O-O que.- Arthur chacoalhou a cabeça, sentindo dificuldade de formular uma frase após o choque. Ainda estava perplexo.- Como você entrou aí?-
- " Como" é o de menos. Não é fácil enganar vocês dois. Só precisei fazer o alarme do seu carro disparar.- Samanta deu de ombros.
- Você não estava com a Ingrid e com a Letícia?- Perguntou Nicolas, tão perplexo quanto o amigo.
- Correção... Eu estou.- Samanta ergueu o indicador, olhando para a parte debaixo dos assentos.- Podem sair daí, meninas.-
- Finalmente, estava me perguntando quando seria a deixa.- Falou Leticia, ajeitando os fios loiros e desalinhados dos cabelos, após se levantar na companhia de Ingrid.
- Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto.- Resmungou Arthur.
- Acharam mesmo que iam resgatar a nossa amiga sem a nossa presença? Vocês não teriam como fazer isso por própria conta e risco.- Provocou Ingrid.
- Estamos indo muito bem até agora.- Rebateu Nicolas.
- Sem saber a diferença entre estalos de um carro velho e corpos se chocando contra o assento? Acho que não.- Disse Leticia com ironia.
- Viu? Eu sabia que o táxi não era tão velho.- Falou Nicolas.
- Será que agora que perceberam que não têm chances de resolverem isso sem nós, podemos começar a montar as estratégias do resgate?- Samanta analisou as próprias unhas, esperando uma confirmação dos rapazes.
Eles respiraram fundo, e acabaram cedendo. Porque permitindo ou não, elas continuariam a falar.
...
Amanda já estava a beira dos nervos quando checou a tela do celular e viu que quinze minutos haviam passado. Precisou acertar a cabeça da Priscila quando ela estava prestes a acordar do enforcamento, e achou que seria mais seguro prendê-la com as correntes para evitar futuras surpresas. Ouviu um barulho de moto, e como o localizador enviado por Nicolas mostrava que eles ainda estavam a alguns minutos de distância, o primeiro que se passou por sua cabeça foi a necessidade de se esconder. Com certeza era o instinto de sobrevivência falando mais alto, já que há poucos minutos Amanda se viu a beira da morte. A garota olhou a janela de relance, e passou as duas pernas para o outro lado. Caminhou pelo espaço estreito que daria de frente para uma árvore, e com dificuldade, se agarrou no tronco para se esconder por entre os galhos. Fred, o ex namorado de Priscila, empalideceu quando viu a garota errada amarrada no lugar de Amanda. Ele ficou enfurecido, disferindo um chute na cadeira que tinha no cômodo. Amanda cautelosamente tentou descer pelos galhos sem fazer barulho, e estava dando certo, até pisar em falso em um tronco cheio de musgo, escorregando, e caindo diretamente na grama. O baque estrondoso chamou a atenção de Fred, que ao olhar pela janela, viu sua refém estatelada no chão. Amanda sentiu uma dor aguda no quadril, e se levantou com dificuldade quando viu Fred colocar a cabeça na janela e sumir magicamente logo depois.
- Você precisa ser esperta, Amanda.- Disse para si mesma.- Na força física obviamente você não vai ganhar, ainda mais com um quadril fraturado.- Desesperadamente, ela varreu os olhos pelo ambiente, e tudo o que encontrou foi uma pá muito pesada ao lado do lixeiro. A garota manquejou na direção do objeto, mas não teve a sorte de ter reflexos tão rápidos para segurar a pá, quando Fred a agarrou por trás.
- Sua ratinha miserável. Agora eu mesmo vou ficar de olho em você.- Falou Fred.
Talvez sua perna não estivesse tão boa, e correr poderia até estar fora de cogitação, mas isso não significa que não existiam outros meios de lutar. Amanda jogou a cabeça para trás com toda a força que conseguia, acertando o nariz de Fred. O homem titubeou, com o nariz sangrando, e por mais que tivesse precisando de meio minuto para se recompor, ainda estava de pé. Ele tornou a tentar alcançar a Amanda, mas ela já tinha conseguido segurar a pá, acertando-o sem que o mesmo esperasse. Amanda bateu com a pá por mais uma vez na cabeça de Fred, certificando-se de que ele permaneceria no chão por mais tempo, inconsciente. Ela soltou a pá no chão, e correu para longe dali. Olhou a tela do celular, verificando que o carro de Nicolas só precisava dobrar a rua para chegar até a casa que estava. Amanda correu pelo gramado verde até o lado de fora da casa. Ultrapassou o cercado, sentindo o coração quase sair pela boca ao avistar um táxi, com uma mão para o lado de fora da janela acenando para ela. Conseguiu ver os rostos de Arthur e Nicolas, inclusive, viu nitidamente a expressão de medo que os dois de repente fizeram, obrigando-a a olhar para trás. Rachel, aliada com Fred e Priscila, estava prestes a encomendar a morte de Amanda. Apontava uma pistola na direção da garota, com um sorriso psicótico no rosto.
- Ah como é satisfatório essa sua carinha de surpresa e frustração.- Disse Rachel.
- Rachel.- Disse Amanda com perplexidade.- Claro, tinha que ter um dedo seu nisso.
- Sim, querida. Eu sou o elemento surpresa. E a surpresa principal será a festa que mandarei fazer no seu enterro.- Rachel encostou o dedo no gatilho, provocando um suspense proposital para farejar lentamente o medo e a ansiedade de sua oponente.- Quais são suas últimas palavras?-
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O melhor amigo do meu irmão
RomansaO que você faria se, de repente, um amor platônico pelo melhor amigo de seu irmão mais velho, virasse realidade? Desde pequena, Amanda suspirava por Nicolas, mas devido a diferença de idade, além do fato de Arthur, irmão de Amanda, ser extremamente...