Capítulo 3

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Brooke, Emi e Renato estão no shopping. A entrada da sorveteria é colorida de um rosa pastel que é suave contra as luzes do teto. Renato pede sorvete de iogurte natural com cereal, morangos, kiwi e abacaxi, prontamente.

— Por que estou com a sensação de que você pensou nesse pedido muito antes daqui? — Diz Brooke.

— Li num livro.

Eles caminham pelos corredores, tomando seus sorvetes. Quando terminam, entram em uma loja de roupas. Meu Deus, isso é enorme.

Os manequins são diversos em suas poses. Há sessões de roupas que trazem combinações que remetem à moda desde os anos 50. Brooke, inclusive, amarra um pequeno lenço na cabeça. Estou parecendo uma mulher branca e rica?, ela pergunta. Emi diz que sim.

As duas escolhem algumas peças para experimentar, e Renato, claro, tem que ficar fora do vestuário. Começa a andar pelas sessões que lhe interessam mais.

Passa por blusas extremamente grandes, roupas de banho, trajes de inverno. Um cachecol amarelo chama a sua atenção; ele o experimenta. Se observa no espelho com aquele pano da cor das pétalas de um girassol no pescoço.

Nunca se achou feio ou algo assim. Sempre se viu como diferente. É claro que há trocentas pessoas como ele por aí, mas ele se sente diferente. Qualquer pelagem sua é naturalmente branca, isso já é de se estranhar. Além do mais, fora do quesito físico, ele é definitivamente um em... todos?

Talvez haja mais contraste com sua pele se as peças de roupa forem escuras, e ele sabe disso. Mas ele não consegue se desprender do amarelo, aquele cintilante, que se destaca.

— Ficou legal em você — uma voz surgiu atrás dele.

Reconheceria essa voz em qualquer lugar.

Ele vê pelo reflexo no espelho, então se vira. Agradece.

— Percebi que você gosta de amarelo. Realmente, até irrita os olhos às vezes.

— Obrigado pela gentileza, Towers — ele retira o cachecol, andando até o manequim de onde tirou a peça, pronto para devolver ao pescoço do indivíduo de plástico.

Davin esboça uma reação de estranheza com suas sobrancelhas escuras.

— Não, não, não foi isso que eu quis dizer — ele para o movimento da mão do brasileiro. — Fica bem em você, foi o que eu disse. Arde os olhos, mas meio que é a sua marca registrada, sacou? Seria bem legal ser apelidado de O Menino do Cachecol Amarelo.

De qualquer maneira, Renato devolve a peça ao manequim, tendo de ficar na ponta do pé, já que a mulher de plástico está sobre um pequeno estande metálico.

— Não ia devolver o cachecol por sua causa, eu só não vou gastar meu dinheiro com isso. A moeda do meu país não está muito valorizada por agora, se vossa mercê riquê não sabe.

Davin espreme os lábios, constrangido. Que ótimo, arranquei dele outra reação além de quando segurei a bola de canhão que ele resolveu lançar em mim. Renato segue andando, as mãos passando pelos tecidos das roupas. Decide deixar Davin para trás.

E se eu não tivesse essas habilidades, em? — Ele pensa, se certificando de não falar nada em voz alta. Essa bola ia bater contra o meu peito, eu ia voar longe e dar um jeito de quebrar a merda do pescoço. E que porra foi essa? Sendo gentil comigo? Deve estar querendo se redimir, só pode. Davin Towers tem sentimentos, afinal.

Segue andando até o vestiário feminino, e encontra as duas na porta, as roupas em seus ombros. Falam para ele que nenhuma ficou realmente boa, mas que levariam macacões de unicórnio pelo bem do Capitalismo.

Do Seu Sol, Para a Minha LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora