Capítulo 5

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— Malditas sejam as galinhas — indaga Brooke, sentada no chão de sua casa, segurando uma das pernas com ambas as mãos, fazendo o joelho ficar para cima. Tentou dar milho à uma galinha de um simpático fazendeiro que estava na cidade, mas o animal bicou o seu joelho.

— Calma, foi só uma bicadinha, galinhas não machucam tanto — Renato se aproxima com dois copos d'água, entregando um para ela beber. Ela o faz. — Já viu um porco? Teve uma vez que um arrancou um dedo do pé da minha tia.

Ele se ajoelha, então coloca a mão sobre o outro copo. A água se move, vai ao joelho machucado da garota. A água cintila enquanto se move por alguns segundos em sua pele, então escorre ao chão. O machucado some, ela se levanta. O agradece e diz que ele seria obrigado a conviver com ela pelo resto da vida. Ele ri, recolhendo a água esparramada no chão. Renato vive por essas situações.

Mais tarde, haverá um evento com o pessoal da escola. É uma festa pouco antes do Halloween que eles fazem, geralmente num sítio da família de alguém. Todos estão sempre convidados, sem exceção, e o que é garantido é um monte de adolescentes bêbados fazendo merda.

Renato nunca foi chegado à bebida — sua tia é bem restritiva. Mesmo assim, já bebeu vodka escondido com seu primo. Não o agradou muito.

Clarice reluta um pouco em deixá-los ir, mas concorda quando a mãe de Emi pede para que todos vão. Quando começa a anoitecer, Brooke e Renato começam a se arrumar. Tomam um banho refrescante, então se arrumam.

Emi está sentada na sala, aguardando-os. Brooke é a primeira a descer as escadas, usando um vestido verde-água que vai até os joelhos. Emi, por outro lado, está usando um macacão azulado. Renato aparece com uma calça branca e uma jaqueta jeans com uma estampa estrelada atrás. Também usa um acessório peculiar em seu pescoço. Desce as escadas lentamente, acenando para os lados, sorrindo. Sem fotos, por favor.

— Você é ridículo — Emi indaga.

— E você é incrível — ele responde.

Os três vão à porta, se despedindo da Sra. Myers. Ela diz para se cuidarem e que mataria os três se ousassem encostar um dedo em bebida. Eles concordam e vão ao carro vermelho de Brooke. Ficam em seus lugares de sempre: Brooke dirigindo, Emi no passageiro e Renato atrás.

Emi tira um cigarro de seu bolso e o acende com um isqueiro que pega no porta-luvas. Oferece para Brooke, que nega. Renato faz o mesmo. Gosto dos meus pulmões, ele diz.

O sítio é, de fato, distante. Não está longe da cidade, está literalmente nela, mas demoram cerca de meia hora para chegar lá. O céu é um tom de azul escuro, as estrelas se comportando como granulados, espalhadas pelo fundo escuro. A Lua sorri verticalmente para aqueles que a vêem. Renato sente a necessidade de sorrir de volta. A Lua é... magnífica. Não é atoa que sempre sentiu uma conexão com ela.

Quando chegam, vêem um casal se beijando loucamente, escorados em um dos carros. Emi não se segura ao falar que vão se engolir assim.

— Se eles encostarem no meu carro eu juro que atropelo eles — Brooke tranca o veículo com o alarme.

São recebidos por um cara aleatório sem camisa que dá um copo descartável para cada e logo enche eles de cerveja. Enquanto Renato ainda está no meio do susto, Emi vira o copo todo, pedindo por mais num grito animado. Renato acompanha a animação, Brooke sorri envergonhada.

A música estremece as paredes junto aos pulos dos vários jovens ali; várias pessoas se beijando (e mais) na multidão, gritos empolgados. Renato bebe de seu copo aos poucos, nunca deixando a cerveja deixar de ficar gelada. Não consegue entender como as pessoas consomem aquela bebida — não tão boa — quente.

Do Seu Sol, Para a Minha LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora