— Feliz Halloween! — Brooke chega por trás dos dois amigos, assustando-os. Renato dá um pulo, Emi arqueia os ombros.
— Eu vou te dar um soco, sua filha da puta — ameaça Watanabe.
Estão esperando Davin chegar, já que ele os levará. Ele mesmo sugeriu depois que viu o que acontece com a única habilitada do famigerado trio quando ela bebe.
As fantasias são originais, de fato. A jovem Myers não poderia ter ficado mais feliz com a ideia de Renato — depois de quase ter me matado na porrada. Sugeriu que fossem de personagens do folclore brasileiro.
Emi usa uma peruca verde. A sombra de sua maquiagem mistura um verde escuro e profundo com um amarelo suave, simulando um couro. Seu batom também é verde, e ela traja um chapéu pontudo. Sua roupa é um vestido preto, acompanhada por um rabo de jacaré. Também usa unhas postiças longas e pontudas o suficiente para rasgar uma sacola de um plástico resistente. Está fantasiada de Cuca.
Brooke alongou suas tranças. Além disso, também usa um top azul, assim como sua longa saia da mesma coloração, ilustrada com escamas. Sua maquiagem é leve, mas segue esse tom. Alguns pontos de sua pele estão maquiados como escamas, como suas bochechas e alguns pontos de seus braços. As costas de suas mãos também. De começo, diria que está de Iara, mas Emi quase lhe deu um chute quando pesquisaram e viram que Iara é indígena. Então, ela está de sereia. Mas se ver qualquer outra sereia na festa, não hesitará em dizer "Eu sou uma sereia brasileira, beleza?".
Pintar o cabelo e as sobrancelhas de Renato foi bem fácil, já que seus pelos são brancos. A tintura é lavável, claro. As áreas pintadas simulam fogo, e sua roupa é constituída de folhas falsas. Também usa sapatos que imitam pés virados — nem este autor sabe dizer como Emi os conseguiu. Ele está de Curupira.
Ficam sentados no sofá da sala enquanto aguardam Davin. A espera não é tanta, e a campainha é logo tocada. Renato abre a porta. Assim que o vê, segura a risada.
— Você não ouse rir! Não passei horas me pintando de rosa atoa.
E ele não mentiu, ficou horas esperando seus funcionários de rosa, dos pés ao pescoço. Também usa rímel rosa. Sua roupa é uma blusa social branca, assim como sua calça. Em todas as fotos que viram, o Boto estava vestido assim. Também usa um chapéu branco.
— Como eu riria? Você é o Boto, oras, estou completamente encantado.
Senhora Myers aparece no andar de cima, dando um oi para Davin. Depois disso, eles saem de casa.
Brooke empurra Renato quando ele abre a porta do passageiro. Eu controlo as músicas, vacilão. Os quatro se confortam em seus lugares, e Davin dá a partida.
Um carro os segue, como sempre. Os clássicos seguranças de Towers têm de ficar na porta de todas as festas que vai.
Poderiam ir à festa da escola, mas essa é a festa que eles apenas dizem que vão para os pais. Durante o caminho, jogam bastante conversa fora. Falam sobre séries, Queen, e do próprio folclore brasileiro. Renato não perde a oportunidade de dizer que estão chocados apenas porque os Estados Unidos não têm cultura. Também dizem que Emi e Brooke ficam descontroladas quando bebem. Eu fico descontrolada em qualquer situação, contesta Watanabe. Brooke fica ofendida.
A casa é — realmente — enorme. Eles saem do veículo, Davin o tranca. Renato só consegue pensar que é um carro muito chique.
As mais diversas fantasias passeiam de um lado para outro, circulando a casa e se embebedando. Os seguranças de Towers se posicionam na frente da casa. Brooke se joga contra as costas de Davin e o faz de cavalinho.
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Do Seu Sol, Para a Minha Lua
RomanceRenato Saturna, um jovem brasileiro pouco convencional, é mandado para um intercâmbio nos Estados Unidos. Desde que nasceu tem os cabelos brancos, mas nada tão diferente como o seu segredo: ele pode manipular a água. O jovem leva todo o seu entusias...