Capítulo 7

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Uma gota de sangue pinga do cabo da arma, os olhos de Emi fixos no homem a sua frente. Ele também estende os braços, a arma apontada diretamente para a testa da garota. O nervosismo atravessa sua espinha como uma onda veloz.

— Mas você é voraz, não é? Quanta chama dentro de você — ele passa a língua pelos lábios. Dá um passo à frente, e Emi atira no chão, quase acertando seu pé. Ele reage voltando o passo para trás, rapidamente.

— Eu pareço estar brincando, Fred? EU PAREÇO ESTAR BRINCANDO?

Brooke geme de dor, e Emi luta para não olhar para trás.

— Encosta no seu colar, Brooke — seu olhar ainda é fixo no homem. Do lado de fora, o homem com o pulso cortado dá um chute na janela. — Vai aliviar a sua dor. Aliviou a minha quando eu levei uma coronhada — Fred sorri.

Myers o faz, e a dor em seu ombro flui pelo sangue, indo para o chão. Começa a respirar com menor dificuldade. Tamborila os dedos pelo formato pontudo do pingente congelado. Uma estrela cintilando para aliviar a sua dor. O homem chuta a janela mais uma vez, e o corte em seu pulso começa a rasgar mais, uma quantidade exorbitante de sangue escorrendo. Ele está tonto, desmaiando e acordando em intervalos curtos de tempo. Deve ter cheirado muita cocaína para não ter morrido ainda.

— Eu não acho que você vai atirar em mim — ele começa. — Você só é bravinha, mas você tem que ser louca, meu amor.

Seus olhos vibram.

— E quem disse que eu não sou?

Ele sorri outra vez. Parece que tudo é apenas uma brincadeira para ele. A respiração de Emi é pesada, é como se levasse todo o ambiente consigo. Brooke sente como se seu braço estivesse dolorido após uma forte pancada, mas a dor do tiro se foi. O homem quebra a janela com outro chute — seu pulso se abre e sangra mais. Watanabe faz de tudo pra não tirar os olhos de Fred.

— Ótimo, gostei de você — ele anda para o lado, e ela firma mais a arma em sua mão. Ele levanta os braços, sinalizando que não vai fazer nada de ruim. Escora o ombro no armário, o movendo para o lado. A porta do quarto finalmente se abre em sua totalidade.

Emi estreita o olhar; Brooke encara o pulso do homem. Consegue ver um osso aparecendo.

— Vocês estão bem, muito bem. As duas vivas, e dois dos meus estão... — ele olha para a mão do homem presa pela guilhotina da janela — debilitados. É como aqueles filmes de invasão domiciliar, e vocês são as sobreviventes finais. Parabéns.

Surpreendendo as meninas, ele joga a arma para trás. Ela atravessa o corrimão, caindo no andar debaixo. Está completamente indefeso agora. É o que parece, ao menos.

— Você é engraçada, menina. Parece corajosa mesmo, apesar de não conseguir segurar uma arma sem se tremer toda — ele ri. — Há! — Ele estende as mãos, assustando-a. Ri mais uma vez.

— Você é um doente, Fred. Um doente maldito!

— Eu? Mas você parece estar tão bem depois de assassinar tão talentosamente dois mafiosos — ele indica com o olhar o braço estirado no corredor, a poça de sangue chegando a uma das batentes da porta. — Sabe o que eu acho, Emi? — Os pelos da nuca dela se arrepiam quando ele menciona seu nome. — Que você devia ser a minha filha. Você é exatamente como eu!

— Não! — Sua voz é forte, imponente. Brooke nunca viu ela daquele jeito. — Não venha com esse papo, seu filho da puta. Isso aqui não é um filme esquisito de suspense, nem uma série clichê adolescente. Você não vai me empurrar esse papo de que somos iguais, desgraçado.

Do Seu Sol, Para a Minha LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora