Capítulo 3

23 2 16
                                    


Renato vê um helicóptero se afastando, então sente o sangue único de Bella. Ao seu lado, um rapaz alto; o qual ele conhece todas as formas. Sorri. Obrigado por se escolher, obrigado por se escolher... Mas ele conhece Davin o suficiente para saber que não, ele não se escolheu. E isso o faz temer.

Corre — desliza — o mais rápido que pode. As estrelas deixam de ser pontos e se tornam linhas cintilantes, e sua velocidade só aumenta. Assim que puder, sabe o que vai fazer. Vai subir o portão que seja, ou destruí-lo. Pensa que as pessoas que gastaram o tempo fazendo e posicionando aquele portão ficariam tristes. Emi me chamaria de idiota agora. Ele sorri.

Passos se aproximam, e um tiro é disparado na direção de seu peito. Um punhado de neve se ergue e se solidifica, então ele arremessa aquele bloco sólido e pesado onde quer que o atirador esteja. Mais tiros se aproximam, então ele para de deslizar quando vê o portão pouco próximo.

Olha para os lados, então levanta as mãos. Pensa quando sua fazenda foi invadida e ele enfrentou os bandidos sozinho com nove anos de idade. Imagina se aqueles caras eram mafiosos. Eles falavam inglês, né? Agora ele conhece mais — ou realizou que na verdade não conhece nada — de si e de seus poderes. Depois de um tempo, parou de nevar, mas ainda há uma camada fina sobre o chão. Cinco homens se aproximam gradativamente, os braços dobrados, as armas calmas.

— Por que vocês estão fazendo isso? Não têm ambição, projetos de vida? Qual é, matar um adolescente, é sério?

Um deles atira, e a bala se congela e é despedaçada em fragmentos.

— Meu Deus, quanta impaciência. Se vocês querem assim.

Ele firma um pé no chão, então faz um movimento circular com uma de suas mãos. A neve se afasta dele, formando um círculo seco num raio de dois metros, e ele é o centro. Fecha os olhos, expirando. Apenas cinco homens.

Joga a mão para o lado num movimento de lança, e a neve se prende em volta do braço, da arma e do tronco de um cara. Gira os braços, e uma parede enevoada envolve os homens, que se mantém ali. Suas armas são congeladas, saindo de suas mãos, caindo ao chão.

— Nossa, isso foi bem rápido — faz movimentos ondulares com os dedos, e a neve fica transparente. Gelo puro. Os corpos dos homens são girados, fazendo com que eles fiquem com a cabeça presa de um lado do paredão, e todo o corpo dos ombros para baixo, do outro. Ele se aproxima de um dos homens, se agachando em sua frente. — Se eu desse esse momento pra um escritor meia boca, isso duraria dois parágrafos curtos — dá um peteleco no nariz do cara. — Sem contar os diálogos.

Se vira, voltando a correr. Por toda a emoção naquele instante, não sentiu ninguém se aproximando. Mas um homem segura uma arma, e atira nele assim que o mesmo se vira, pronto para sair rapidamente dali e ir salvar suas amigas.

Sim, ele para a bala, mas o atirador contava com isso muito antes de ir se arriscar ali. Quando ela se despedaça, ele sente algo em seu pescoço. Uma ponta, uma pressão. Um dardo. Colin se aproxima.

— Quem diria, meu jovem, que eu teria que me arriscar vindo aqui. Sujar as minhas mãos... não é do meu feitio.

Renato olha para ele, e tenta jogá-lo para longe. Mas não consegue. As estrelas se tornam borrões esféricos, e ele sequer enxerga a Lua. Cambaleia para trás, então cai no chão. Brooke, Emi... por favor...

O colar das duas cintila, e o de Davin também.

Não dependam de mim, se escolham... por favor...

O borrão de sua visão escurece, e ele desmaia. Agora, ele está prestes a ir para o lugar onde a pior situação de sua vida acontecerá. Ele jamais estaria pronto.

Do Seu Sol, Para a Minha LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora