O acidente.

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Londres: em sua conjectura soberana, na sua majestosa e imponderada arquitetura, guardava nas suas vielas e ruas bem situadas lojas, cafés, ateliês... Lugares muito apreciados pelos londrinos e turistas. Alguns espaços eram mais caros, decorrente do seu local, outros, mais em conta. Adivinhem para onde os nossos personagens preferidos foram? Isso mesmo, na rua mais cara para torrar o dinheiro do coroa, ops! Do sogro querido. 

- Amanda, olha isso...

- O que foi Max?

- Esse sapato social! Olha o preço... Ai meu coração! ... Ai, ai... 100€. Deixa-me converter para moeda brasileira. Essa cotação não está certa. Deu 430,35 R$.

- Max, aqui cem euros são exatamente cem euros. – Hesita.

- Pense em um sapato caro, chega o meu... Ah! Não posso dizer que tenho dinheiro no bolso. Seria uma colocação paradoxal, até porque eu não tenho essa quantia.

- Max amor... Não é caro. Essa marca de sapatos social é muito boa, muito mesmo. Esse valor é tecnicamente popular. Aparentemente está caro para você, mas não é. Olha, presta atenção nesse detalhe: Euro é euro, real é real. Não vai adiantar nada converter.

- Mas... O que eu faço agora? Queria esse sapato. Olha só esses detalhes, esse preto...

- Pode comprar, amor.

- Mas... Não posso. – Tocava no vidro da vitrine com feição de triste. – Vamos gastar? Não... E o dinheiro que separamos para essa viagem?

- Max, esqueceu que estamos sendo bancado pelos meus pais?

- Essa eu não sabia. Então, eu posso comprar uma Ferrari?

- Max, não exagera. Não teríamos lugar na garagem de nossa casa, e você não ia conseguir mantê-la, muito menos abastece-la, ou manuseá-la na cidade.

O céu começa a fechar na tarde londrina. Estranhamente, mas muito bem feita para uma boa pintura ou foto. Não era neve, era chuva. O céu escurecia rápido, e as primeiras gotas caíam sobre a calçada, parques e jardins. As gotas de chuva começam fina, exalando do solo o cheiro do interior, manchando as fachadas e os vitrais das catedrais, das lojas e dos prédios comercias. As casas altas molhavam-se, as donas fechavam suas janelas cobrindo-as com cortinas. Os telefones ingleses enchiam de pontos de água, brilhando em opaco o seu vermelho. Os ônibus de dois andares mesclam a paisagem urbana, riscando o asfalto molhado com seus pneus. O cenário chuvoso estava perfeito para uma boa cena de cinema, como: dançando na chuva.

- Max, anda logo, iremos para algum lugar: a chuva não vai dá trégua. – Amanda o pegava pelo braço e o puxava rápido para a sacada de um bar próximo.

- Por que iremos? – Max era puxado nas pressas enquanto a chuva de fina, engrossava mais e mais. – Chuva, Amanda. Cena perfeita para uma encenação.

- O que vai fazer, Max? – Sua mão começa a afrouxar a caminho do abrigo. 

- Quero reproduzir uma cena clássica que fez sucesso nos cinemas de 1952.

- Que cena seria essa? Qual é o nome? – Conseguiam chegar a tempo para abrigar-se.

- Você já ouviu falar de Gene Kelly? – A chuva aumenta: o seu volume e força.

- Não que eu me lembre. – Amanda afastava-se mais para o canto da parede para se proteger mais dos tintilar da água no solo.

- Bem. Ele foi o responsável por criar a cena: dançando na chuva.

- Acho que já ouvi falar. Deixa-me pesquisar no celular. Nossa, que vendo gelado. 

Amanda via várias referências sobre a sua pesquisa, uma delas era do Youtube. Ao selecionar o vídeo, tendo uma trava devido a interferência que a chuva causava, o vídeo segue e o som que emitia do seu aparelho era muito alto. Max começa a mexer-se de acordo com o som... Isso tudo na chuva, e com o guarda-chuva emprestado de uma senhorinha muito nervosa que passara ali naquele exato momento.

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