- João botou melão no gol. Beuza come, fogo, stone... Anão! PIN, come, bolsa, "time".
- O que você está cantando, Max? Bom dia. - Como já é de praxe, oferecia-lhe um beijo na bochecha como faz todas as manhãs.
- Aquela música... - E como já é de praxe todas as manhãs e que preparavam o café coado, às vezes feito na cafeteira elétrica.
- Qual música? - Interessada no que viria, escora-se ainda de roupa de dormir no balcão.
- Pesquisa no Youtube. Eu esqueci como pronuncia. Coloca na pesquisa é... Ou pergunta a INA. Acho melhor você perguntar a INA.
- Hm. Vou pergunta-la. Bom dia INA. - Amanda ativava pelo celular.
- Olá, bom dia. Relatório desta manhã de segunda-feira, horário: 8:35. Temperatura do apartamento: 23º e mantendo, temperatura externa: 29º. Céu limpo com possíveis pancadas de chuva parcial a tarde. Velocidade do vento: 20km/h. Índice de água nas plantas da sacada: 0,1%. Acionando a irrigadora que pedi para o síndico instalar. Analise matinal completa. Analise técnica iniciando...
- Não INA... - Amanda abria um sorriso já desconfortável com aquele falatório.
- Analise técnica interrompida. No que devo ajudar?
- Meu noivo está cantando uma canção e eu não distingui exatamente o que seja.
- Acionando formato musical. - A interface mostrava na tela do celular o ícone de um microfone piscando.
- Ok. "João botou o melão no gol". - Amanda inseria a canção e era surpreendida.
- Identificação concluída. John Fogerty foi o compositor a qual escreveu a canção: Have you ever seen the rain em 1970. Seu gênero é roots rock e country rock. Aqui está uma prévia da canção... - INA soltava a canção sem Amanda apertar o play e ela pôde entender de fato aquilo que o Max cantarolava.
- Ah Max... Eu conheço essa canção. Aliás, a letra dessa canção é bem simples e com muitos fragmentos a serem refletidos.
- Muito boa essa canção.
- Tudo bem INA, desative a canção. Me passe a agenda de hoje.
- Desativando a degustação prévia. Mostrando a sua agenda. Às nove horas, consulta com a obstetra. Às dez e meia, consulta com a fisioterapeuta. Às onze horas, consulta com a psiquiatra... - Enquanto isso o Max para com a garrafa em mãos e não acreditava a quantidade de coisas que ela fazia. - Às quatorze horas, recolhimento da mercadoria nos Correios. E-mail: trinta e cinco mensagens, dentre eles vinculados as redes sociais havendo duas mensagens de dois usuários.
- Opa! Duas mensagens...? - Amanda fica curiosa e deixa a "Inteligência" continuar.
- Charles Royal Di Orleans e Vanessa Borba...
- Okay, INA, obrigada! Daqui em diante eu continuarei. Hm... Meu irmão... Estranho.
- Seu irmão? - Botava a garrafa sobre o balcão de granito aproximando dela.
- Sim, o Charles. Faz muitos anos que ele não envia nada para mim... Claro, eu fugi do controle dele e ele ficou muito bravo. E talvez por isso ele me odeie, não sei. Por causa que a empresa era gerenciada por nós e eu saí fora deixando ele repleto de obrigações. Bom, preciso ler a mensagem. - Cedendo a cadeira a ela, senta-se a beira da mesa e abre a mensagem do e-mail. - Hm. Diz aqui: Olá irmã, faz muito tempo que eu não te vejo e por orgulho meu, mas o papai informou a mim que você está morando na região nordeste do Brasil, em João Pessoa para ser mais exato, e me passou as coordenadas e eu estou indo até você. Um beijo do seu irmão.
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Amor de papel
RomanceOlá. Sejam bem-vindos a essa loucura que lera já, já. Chamo de loucura, pois os personagens não se comportam diante o que é "convencional". A trama perpassa por um passado duvidoso entre os protagonistas, e que na medida que for lendo, coisas serã...