Capítulo 32

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A sexta-feira não começou bem para Baby, que acordou para trabalhar de ressaca, sem ter beijado ninguém e, quando abriu a porta, ainda deu de cara com a Abelha saindo do apartamento do Zach. Mais uma vez, fingiu que tinha esquecido alguma coisa e voltou correndo para dentro. Dessa vez, o que lhe faltou foi a cara de pau.

Continuou péssima para o Jake, que mal havia dormido, pensando sobre o que devia fazer. Porque tudo bem brigar com a Loly, embora não houvesse nada de bom nisso. Ainda assim, era algo que podia acontecer. O que o incomodava era brigar com ela sabendo que ela não estava bem e que se recusava a enxergar isso. Só não sabia com quem falar. Com a mãe dela seria traição. Com a sua mãe também, por mais tentador que fosse e por melhor que ela pudesse orientá-lo. Pedir a ajuda dos "adultos" era último recurso e eles ainda não haviam chegado lá. Logo, assim que chegou do trabalho, pegou o telefone e ligou para Dylan, que estranhou, mesmo que os dois fossem grandes amigos.

-A hora foi ruim? - Jake perguntou, tirando os sapatos e se ajeitando no futton.

-Depende. Se for pra jogar, eu tô fora, porque o semestre mal começou e já tenho uma pilha de material pra ler. Mas como está tudo aí? Tá tratando bem a minha irmãzinha?

Jake achava, esperava sinceramente que sim, mas tudo andava tão confuso na última semana que ele nem sabia mais.

-Ela costuma passar mal? Você sabe se ela tá bem e tal? Ela passou mal uns dias, eu tento falar com ela, mas ela me corta.

-Passa mal como? - Dylan perguntou, preocupado.

-Tipo sábado. A gente foi comer uns burritos veganos.

-O quê? Até eu passaria mal com burrito vegano – Ele riu.

-É sério, cara. E ela vomitou para cacete. Disse que não, mas eu sei que ela vomitou.

-Teve bebida?

-A gente estava tomando tequila, mas...

Dylan sorriu, aliviado. Não por pouco caso, mas por saber exatamente qual era o problema.

-A Loly não pode com bebida, Jake. Ela faz muita dieta maluca, não sei se você já percebeu.

-Já - Era impossível não ter percebido. Loly pedia um prato de salada e, ainda assim, catava só as folhas do prato. Era a única pessoa no mundo a achar que uma sopa de legumes era algo que engordava. E isso explicava perfeitamente por que a bebida subia tão rápido. O que ele não entendia era para quê?

-A minha mãe sempre pegou no pé da Emily e da Loly com peso e tal. Você sabe como a Emily é gordinha, e a Loly costumava ser também, lembra?

Ele lembrava, sim, que ela não era tão magra quanto hoje em dia. Mas, a cada dia que passava, mais ela parecia que ia virar ar.

-Dylan, fala sério, você acha que ela pode ter aquelas paradas de vomitar de propósito para não engordar?

Dylan soltou uma risada curta.

-Não! Ela teria de estar com a cabeça bem fodida para fazer algo assim! Acho que não. O problema é mesmo a bebida. Mas fica de olho, já que eu não posso estar aí.

-Fico. E tenta conseguir que ela vá ao médico. Ela tem parecido... sei lá... fraca.

-Ok. Falo com a minha mãe como quem não quer nada e ela sai feito um trator arrastando a Loly para o médico.

Ainda bem que Loly não sabia disso. Aliás, no momento ela nem era Loly, era Phoebe. Estava usando um vestido comprido de tule e se sentindo tão bem que até ousou colocar um cinto fininho marcando a cintura. Ele havia sido presente da sua mãe e era a primeira vez que tinha coragem de usá-lo. Não se olhou no espelho, mas Allison disse que ela estava a maior gata. Então acreditou e se sentia a maior gata. Patricia disse que ela estava uma bonequinha, ela e Tommy eram tão lindinhos, seriam gêmeos? Tommy respondeu que na verdade eles eram, sim, mas de outras pessoas, e a ricaça brega riu como se nunca tivesse ouvido uma piada mais maravilhosa na vida. Em seguida, foi se arrumar, com Loly, ou melhor, Phoebe tentando convencê-la a não usar tantos acessórios para não ofuscar o próprio brilho, e Tommy checando se a parte do jantar propriamente dita estava correndo como devia.

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