Capítulo 11

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Gatilho: Transtorno alimentar

O mundo caindo e Baby assistindo a vídeos no YouTube para ver se conseguia ideias para o chá revelação. Angie era a pessoa menos criativa de todo o universo e, ela, a menos inspirada. Pelo menos, inspirada para aquilo. Mas havia se comprometido com a Mia e, se havia algo que podiam dizer sobre ela, era que não decepcionava. Ao menos, não decepcionava de propósito. E só o fazia quando essa pessoa era o Zach.

Todo dia, quando voltava do trabalho, parava uns bons dez segundos em frente à porta dele, tentando decidir se pedia desculpas. Em seguida, resolvia que ele havia desaparecido por pura frescura, que ninguém mandou que ele usasse sua cama e sua cafeteira e, após concluir isso, ela seguia seu caminho. Culpada.

-Argh!

-Posso ajudar em alguma coisa? - Loly perguntou, prestativa e feliz. Ela andava em uma alegria insuportável desde que voltou de Montevidéu, o que até dava para entender. Baby também estaria na maior felicidade se tivesse passado uma semana torrando a buzanfa debaixo do sol, em lugar de trabalhando por duas.

-Bolo é clichezão, não é? Pro chá revelação?

-É bem clichê – Loly falou. Ela não entendia muito daquilo, mas, em todas as séries que assistia, o chá revelação era feito com bolos ou balões de hélio dentro de uma caixa. - Mas você pode fazer cupcakes.

-Não seria como um bolo vezes cem? - Baby girou na cadeira da sua mesa de trabalho para encarar a estagiária, segurando uma caneta e um bloco em branco nas mãos.

-Sim, mas as pessoas iam todas descobrindo ao mesmo tempo, enquanto mordessem.

Baby pensou na ideia, sem demonstrar muita empolgação. Loly, louca para agradar, tomou para si a missão de achar algo revolucionário para o chá revelação para que sua chefe levasse o crédito.

-E se você fizesse várias bolas de aniversário, uma delas cheia com tinta rosa ou azul? Aí as pessoas jogavam dardos? As pessoas importantes pro bebê, claro. As mais importantes. - Loly ia acrescentando, com medo de ofender. - Como os pais e os avós. E os tios, com certeza.

-Ok, Loly, já entendi. É legal, mas vai ficar um monte de bola pendurada?

-Eu coloco em um quadro. Faço alguma coisa bonita. Eu tenho jeito para trabalhos manuais, sabe?

-Hum... - Baby pensou. - Você pode pesquisar o material e ver quanto vai me custar?

-Posso, claro – Loly respondeu, daquele jeito satisfeito assustador que havia adotado naquela semana. No entanto, ela não se mexeu.

-O que foi? - Baby perguntou, quando a menina já a havia encarado por tempo demais e começava a lhe dar nos nervos.

-Tem uma coisa que talvez seja legal pra grife. A tia Kate vai à semana de moda de Paris. Já que ela topou vender suas roupas, ela poderia...

-Ela não vai com um vestido meu – Baby dispensou a ideia, embora tenha gostado da iniciativa de Loly ao sugeri-la. - A Kate só veste Lauren Santorini.

-Não veste mais. Elas brigaram.

-Você tá brincando?! - Baby quase voou da sua cadeira até o sofá onde Loly estava sentada. - Como você sabe disso?

Loly contou a história. Logo que voltou de Montevidéu, foi com Dylan até a casa da mãe, onde ele ficaria hospedado, aliás. Renata aproveitou e chamou Emily, em um momento família reunida e feliz, e obviamente Emily tinha a fofoca toda, ninguém sabia como. Pelo que sua irmã narrou, tia Kate não resistiu e usou um Dior na entrega de um prêmio, porque fala sério, era um Dior, e ela estava meio de saco cheio da Lauren mesmo. Lauren tomou ofensa, as duas brigaram através de mensagens trocadas por suas assistentes, e tia Kate tinha dito que nenhum Santorini pisava mais no seu closet.

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