Capítulo 24

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Nada. Loly chegou ao último vídeo e nada. O dia inteiro se escondendo da sua mãe e da sua irmã com o celular e só ouviu coisas impressionantes sobre o poder da mente, que com a quantidade certa de foco, tudo era possível. Sem dieta milagrosa, sem treinamento intenso. Não era assim que as coisas funcionavam com ela! Se não mexesse no que comia e não se matasse de treinar, nada dava certo! Na plataforma, havia um link para tirar dúvidas via WhatsApp, mas concluiu que de nada adiantaria clicar nele, pois Thea estava na Sardenha com Oyekunle, seu irmão e Luca. Havia sido muito dinheiro, ela não havia se valido da amizade das duas, havia pagado pelo curso e provavelmente Thea nem sabia disso. Ela merecia ter seus direitos de consumidora respeitados.

O telefone tocou, número desconhecido. Por alguma razão muito louca, Loly achou que Thea havia lido seus pensamentos e telefonado da Itália para lhe passar uma dieta mágica. Mas era o DJ da festa da Millie. Por algum motivo, ela havia se convencido que a festa de dois anos de uma menina que ainda nem conseguia pronunciar o próprio nome teria DJ.

Aliás, ela sabia o motivo. Havia selecionado algumas ideias do blog da Isla e pedido a opinião da madrinha, que amava crianças, era amada por elas e tinha duzentos netos. A madrinha então falou que as festas da Baby e dos irmãos eram todas fantásticas, pois a mãe dela era uma organizadora maníaca com uma dedicação compulsiva por festas de um modo geral e de aniversário dos filhos em particular. Na hora, Loly, que estava se sentindo leve e zen reconfortada com um chá verde quentinho na barriga, achou que seria uma bela homenagem para a avó que Millie nunca conheceria organizar a maior festança que já se teve notícias e que a Baby estava disposta a pagar. Mas agora, com o estômago roncando e se enroscando nas costelas, ela queria saber por que diabos o DJ estava telefonando em um sábado à tarde, e quando ela estava em um spa, ainda por cima. Culpa sua. Celulares deviam ser deixados na recepção, mas ela conseguiu contrabandear o seu para terminar de ver os vídeos da Thea.

-Como já conversamos, senhorita Gonzaga, precisamos da playlist.

-Mas a festa é daqui a três semanas! - Loly revirou os olhos. - Vocês não podem precisar com tanta antecedência assim.

O homem começou a enumerar uma lista de motivos que ela tinha a impressão de já ter ouvido, enquanto na realidade pensava que queria estar com Jake, assistindo a um filme em seu apartamento. Ou queria estar em uma balada. Ou queria estar onde estava, em um spa com sua família, mas sem falar ao maldito telefone!

-Qualquer coisa infantil, que criança gosta – Loly interrompeu. - Aqueles Blops, elas só falam nisso. Pode ser coisa antiga também, tipo Peppa Pig, acho que as crianças ainda curtem. Eu curtia. Olha, vou perguntar para a mãe e entro em contato ainda hoje.

Loly desligou antes que o homem pudesse protestar e mandou uma mensagem para a Baby. Sabia que ela havia viajado com a madrinha e não fazia ideia do motivo, mas não podia ser mais importante que a própria filha.

Loly: Preciso da sua ajuda urgente! Tem umas quatro pessoas diferentes me ligando sobre o aniversário da Millie com perguntas que só você sabe responder.

Enviou e, dois minutos depois, o telefone tocou. Olhou a tela, esperançosa, mas era a empresa de buffet. Aquele telefone estava salvo e optou por ignorar.

-Phoebe, onde você está? - A mãe dela apareceu de roupa de ginástica, os cabelos negros, normalmente na altura dos ombros, presos em um rabo de cavalo com alguns fios soltos na nuca. Renata ia fazer sessenta e oito anos. Seis e oito. Quase setenta. E era muito mais bonita e estava em muito melhor forma que ela. Com certeza tinha medidas menores também. Sua mãe era uma pessoa que levava aparência muito a sério. - Ah, credo, você some, criatura! Não dá para ser fim de semana das mulheres Gonzaga se uma delas não está presente.

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