-Diabetes?
-Não.
-Pressão alta?
Zach fez que "não" com a cabeça, com um sorriso divertido nos lábios, e serviu mais vinho para Baby enquanto ela dizia:
-Não é possível! Nenhuma doença crônica, nenhum Alzheimer, nada de nenhum tipo! A sua família ao menos existe?
-Claro que existe. Só somos incrivelmente saudáveis.
-Bizarramente saudáveis, você quer dizer – Ela resmungou. - E quem são vocês, criaturas incrivelmente saudáveis? Onde vocês moram? O que comem? Como se reproduzem?
Zach levantou um pouco o corpo para tirar o celular do bolso traseiro da calça. Ele o colocou na frente de Baby e abriu a galeria de fotos.
-Meus avós maternos. Moram em Bradford.
Baby olhou o casal de idosos sorridentes, a mulher com o cabelo branco com cachos de rolinho e laquê, o homem de óculos de grau de aro dourado e um suéter com gola em V.
-Quantos anos eles têm? - Baby perguntou. Zack ergueu os ombros.
-Não sei ao certo. Devem ter por volta de oitenta.
-Sem querer zicar seus avós, mas eles são perfeitamente saudáveis? Nem um parafuso solto?
-São. Você tem seus avós?
-Só minhas avós. As duas totalmente birutas. - E o cutucou: - Quem mais você tem aí?
Zach passou mais algumas fotos e mostrou a de uma mulher de meia-idade, loira, magra, sem muitos atrativos físicos e uma atitude de "conto todos os dias as minhas bênçãos por ter uma vida maravilhosa". Baby podia vê-la perfeitamente como líder de uma seita.
-Essa é Marian, minha mãe - Ele explicou. - Mora em Bradford também, perto dos meus avós.
Baby não sabia se sentia cisma ou se havia detectado fortes indícios de desequilíbrio mental e, na dúvida, resolveu ficar quieta.
-Seu pai morreu?
-Morreu, quando eu era criança. Foi um acidente de carro. Um acidente bem idiota, aliás, pista molhada, o carro derrapou e abraçou uma árvore. Eu tinha oito anos.
-Nossa, que incrível - Baby falou e se sentou sobre as pernas, animada, como se Zach tivesse lhe contado algo maravilhoso e não uma tragédia. - Minha mãe também morreu. Eu tinha cinco.
-É? - Ele não soube muito bem como reagir. - De quê?
-Ela se matou. Era depressiva e dependente química.
Zach piscou algumas vezes, pensando no que dizer, principalmente porque Baby parecia estar comentando um incidente em um livro de ficção, e um livro com o qual ela nem estava muito envolvida.
-Sinto muito, Baby.
-Não tem importância - Ela deu de ombros. - Eu mal me lembro dela.
-Ainda assim, é bem triste...
-Não tem importância - Baby cortou novamente e se aproximou de Zach: - Quem mais você tem aí para me mostrar?
-Eu tenho uma irmã - Ele mostrou a ela uma foto, uma mulher de cabelos castanhos claros na altura dos ombros, de uns vinte e poucos anos, agachada ao lado de um labrador chocolate, usando um vestido de verão e óculos escuros presos no alto da cabeça. Não chegava a ser exatamente parecida com Zach, mas ao menos passava a impressão de ser mais interessante que o resto da família.
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Quando a Vida Acontece
RomanceA difícil tarefa de se tornar adulto, contada a partir de três pontos de vista. Baby, que sempre foi encarada como a mais louca da turma, ou pelo menos a com gênio mais forte, se vê diante dos desafios de levar para frente um ateliê de moda e de ent...