Loly: "Como eu vou fazer, morando com a minha mãe? Eu estou apavorada! Eu devia ter brigado mais!"
Emma: "Calma. Sempre tem jeito. Sua mãe não trabalha? Seu pai não trabalha também?"
Loly: "Os dois trabalham muito, principalmente a minha mãe. Não é meu pai, é meu padrasto"
Emma: "Ótimo! Dá um jeito de desencontrar o horário do café da manhã. Provavelmente eles nem vão almoçar em casa e, quando chegarem à noite, diga que já jantou. Se precisar miar, tome muito cuidado para que eles não percebam. Leve o celular e coloque uma música para eles não notarem nada. Tente miar à noite porque o metabolismo é mais lento e você não precisa sair da mesa correndo e levantar suspeit..."
Loly interrompeu o áudio quando viu Allison sair do quarto. Estava tão envergonhada. Para não levar a menina à falência por causa da saída do apartamento sem aviso prévio, Renata concordou em pagar os dois meses seguintes de aluguel. Ainda assim, Loly se sentia uma traidora, uma desertora, e com muita pena por deixar a única pessoa por cuja amizade ela não precisava implorar para trás.
-Você está indo embora hoje? - Allison perguntou. E, antes de receber resposta, continuou: - Me desculpe, Loly. Não devia ter mencionado para a sua mãe que você passou mal. É por isso que ela quer que você volte a morar com ela, não é?
-Não é sua culpa! - Loly se apressou em responder. - Mãe brasileira, sabe como é, né?
-Na verdade, não. A minha família é inglesa há várias gerações – Allison riu.
-Ela é superprotetora, me quer embaixo da asa dela. Não tem importância, são só dois meses. Aí eu volto. - E acrescentou, um pouco tímida - Vou sentir saudades.
-Ei, vamos nos ver! E eu não vou perder nenhuma oportunidade de te intoxicar com a minha comida.
Loly riu. No fundo, sabia que estava mentindo para Allison e duvidava muito que retornasse ao fim de dois meses, quando sua mãe pararia de pagar sua parte no aluguel. Mas, se tudo desse certo e realmente conseguisse enganá-la durante aquele tempo, quem sabe? Talvez tenha sido tudo para o melhor, pois conseguiria afastar as suspeitas da cabeça da sua mãe e acabar com aquela história ridícula de que ela precisava de tratamento. Emma estava certa. Sua mãe e Archie pouco paravam em casa e não havia nada que eles pudessem fazer durante a semana e, sábado e domingo, simplesmente se enfiaria no apartamento do Jake. Estava perdendo sua moradia, mas não era prisioneira.
-Você foi a melhor colega de apartamento que eu já tive – Allison concluiu, incrivelmente sem soar piegas. - Tudo bem que foi a única, mas sempre achei que arrumaria uma bem zoada.
-Você também foi minha melhor colega de apartamento. Já tive uma, e ela era super zoada.
-Ah, merda, agora vou ter de te abraçar - E foi exatamente isso que Allison fez.
Jake chegou em seguida com várias caixas de papelão dobradas. Ele e Allison ajudaram a embalar tudo o que não coubera nas malas, enquanto Loly reclamava, uma postura muito diferente do seu normal, aliás.
-E os meus móveis vão todos para o depósito. Faz sentido? Tem cabimento eu esvaziar o quarto para estar de volta daqui a dois meses?
-Talvez sua mãe ache que você vai gostar de ficar por lá - Allison falou.
-Ou então você pode querer, sei lá, um lugar mais perto da faculdade.
-Aqui é perfeito. O tamanho é ótimo, a minha academia fica na esquina e, em quinze minutos, eu estou na faculdade - Não que ela fosse com frequência, mas estaria se ela se esforçasse. - A não ser, Allie, que ela queira te dar mais liberdade para encontrar outra pessoa.
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Quando a Vida Acontece
RomanceA difícil tarefa de se tornar adulto, contada a partir de três pontos de vista. Baby, que sempre foi encarada como a mais louca da turma, ou pelo menos a com gênio mais forte, se vê diante dos desafios de levar para frente um ateliê de moda e de ent...