-Feliz aniversário, irmãzinha.
-Feliz aniversário, irmãozinho - Ela respondeu, a voz rouca de quem havia acabado de acordar. - Você levantou agora ou ainda não foi dormir?
-Ainda não fui dormir, claro. Não se faz vinte e dois anos todo dia.
O que era verdade, Loly pensou, se espreguiçando. Os vinte e um não haviam sido nada mal... Pelo menos, a segunda metade deles. Estava ansiosa pelos vinte e dois.
-Vai ter jantar de comemoração?
-Claro. Como se você não conhecesse a nossa família - Ela revirou os olhos.
-E por que você não abre a câmera? - E, então, Dylan se deu conta do motivo: - Porra, Jake, você está na cama da minha irmã?
-Feliz aniversário, Dylan – Jake riu.
-Puta merd... hsjdbchd... caralh... Valeu, tchau – E desligou.
Loly riu:
-Acho que ele lidou bem.
-Acho que não importa – Jake a beijou. - Quer dizer que agora eu oficialmente estou saindo com uma mulher mais velha.
-Seis meses mais velha – Ela disse, dengosa. Não chegava a ser uma diferença de idade, mas, se isso lhe dava algum barato, quem era ela para corrigir.
Ele estendeu o baço e pegou um saquinho de veludo ao lado da cama, que entregou para ela:
-Meio escroto isso de dar feliz aniversário para o seu irmão primeiro, mas... Feliz aniversário, Loly.
-Obrigada – Loly sorriu, derretida, e abriu o saquinho, de onde tirou um cordão de prata com um pingente de coração. - É lindo!
-Gostou? - Ele riu, satisfeito.
-Amei!
-Então deixa eu colocar.
O que foi um enorme alívio para Loly, pois ela estava pensando quais malabarismos teria de fazer para colocar o cordão sem desprender o lençol. Era muito difícil não usar nada e, ao mesmo tempo, tentar usar tudo. Uma vez leu que, antigamente, as mulheres, quando faziam sexo, usavam uma camisola com um buraco. Na época, isso a chocou. Agora, achava prático.
-Que lindo seu cordão! - Sua mãe disse, na sala de espera do consultório do cirurgião, onde Loly foi encontrá-la depois de, muito relutantemente, deixar o Jake.
-O Jake que me deu – Ela respondeu, orgulhosa. E por que não estaria? Era muito bom quando seu namorado era o melhor do mundo.
-Que delicado, Phoebe! Aquele menino saiu muito direitinho.
Bem mais que direitinho, se Loly podia dar sua opinião.
Naquele momento, a enfermeira a chamou e as duas se levantaram. Loly pediu para ver o médico sozinha, o que deixou Renata perplexa, mas ela alegou que ficava um pouco constrangida de fazer perguntas para o cirurgião, quando na verdade ela não tinha vergonha alguma na frente da mãe e estava era se blindando contra um possível resultado ruim dos exames. Não que ela não tivesse esperanças de que suas vitaminas tivessem dado resultado.
Podiam dizer o que quisessem de Renata, menos que ela houvesse criado as filhas de forma hipócrita, sem conversar sobre absolutamente todos os assuntos. Ela contou para sua mãe sobre o Jake antes mesmo do primeiro encontro e também falou sobre a primeira vez deles, ainda que tivesse mentido sobre a pílula. Sua mãe a havia levado a uma ginecologista logo que teve a sua primeira menstruação e Loly mentia que ia nela regularmente, apesar de haver uns dois anos que não pisava lá.
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Quando a Vida Acontece
RomansaA difícil tarefa de se tornar adulto, contada a partir de três pontos de vista. Baby, que sempre foi encarada como a mais louca da turma, ou pelo menos a com gênio mais forte, se vê diante dos desafios de levar para frente um ateliê de moda e de ent...