Se alguém perguntasse o que a Loly fez nas férias: Ela havia ajudado a organizar um desfile que tinha sido um sucesso, viajado a Montevidéu e arrumado um namorado, exatamente nessa ordem. E trabalhado feito um camelo. Era um bom equilíbrio e ficava muito honrada por Baby confiar nela e deixar o trabalho em suas mãos. Mas era trabalho demais. Seria muito se fosse apenas o ateliê, mas era um absurdo se somado à organização do chá revelação e do aniversário da Millie. Segundo Dylan, era abuso. Ela dizia que era apenas um pouquinho excessivo. Que lamentava não passar mais tempo com seu irmão que tinha vindo de outro país para ver a família, mas não importava se estava morrendo de cansaço e não parava um minuto durante o período que o sistema educacional havia decidido que era para descansar, pois sairia dele sabendo tudo sobre o funcionamento de um ateliê. E sobre a organização de festas.
A empresa de vídeo estava no seu pé, querendo que ela mandasse as fotos da Millie para fazer o vídeo "dois anos em um segundo" ou qualquer coisa nessa linha. De toda a enorme família e família estendida, todo mundo com alguma profissão criativa, o único cinegrafista foi ser justamente seu primo Victor, que morava do outro lado do Atlântico, a obrigando a contratar a empresa fascista e cara que, segundo a Angie, era a melhor que ela conhecia. Eles queriam as fotos para ontem. Mas a mãe da criança está viajando. Mas queremos as fotos para ontem. Mas como...? Se você quer um vídeo de qualidade, então queremos as fotos para ontem.
Quando Baby ligou toda animada para contar sobre os dois incríveis desfiles que havia visto, as maravilhosas ideias que havia tido e perguntar se estava tudo bem, Loly quase chorou para dizer que precisava das fotos para ontem.
-Que dramática, Loly – Baby deu uma gargalhada bem-humorada. - É só pegar lá em casa. O Zach está lá.
-Jura? - Loly perguntou com lágrimas nos olhos, agora de gratidão.
-Sim, ele está olhando a Millie por mim, e achamos que ela estranharia menos se ficasse na casa dela. Olha só, tem os álbuns na prateleira de cima do armário do quartinho da Millie, mas a maioria é digital mesmo, está no meu HD externo. A senha é a mesma do ateliê. Mas, se tirar fotos dos álbuns, escreve em um papel de onde saiu cada uma para eu não me perder na hora de botar de volta, tá?
-Tá bom. Muito obrigada, Baby! - Ela falou, sem pensar que na verdade ela nem deveria estar fazendo aquele tipo de trabalho.
Loly terminou os assuntos do ateliê, contatou a empresa das mesas para saber se estava tudo certo para a entrega domingo na casa do tio Mick, pegou a bola e o papel picado azul e rosa e foi levar na casa de Angie, que estava na hora do almoço. Dawn veio abrir a porta e abraçou as suas pernas:
-Loly! Você veio comer com a gente? A mamãe fez um suflê horroroso!
-Não é horroroso, Dawn. É saudável - Angie entrou, saindo da cozinha e falando baixo. Primeiro, porque Josh trabalhava na noite e ainda devia estar dormindo. Segundo porque Angie sempre falava baixo, mesmo. - Quer almoçar conosco?
-Não, obrigada, preciso correr.
-Não é aquele jejum intermitente de novo não, é?
-Não, eu comi um sanduíche no caminho – Ela a tranquilizou.
-Você não pode brincar com a gente, Loly? - Mandie perguntou, decepcionada, e o coração da Loly se apertou. Era louca pelas gêmeas, que eram bastante diferentes entre si. Em comum, só o fato de terem olhos azuis ligeiramente puxados, que haviam herdado do pai, embora os da Dawn fossem mais claro. Tudo na Dawn era mais claro. Seus cabelos castanhos dourados, cortados mais curtos, a pele branca, agora curtida pelo sol, e ela era uns dois dedos mais alta que a Mandie e muito magrinha. Mandie já tinha a pele naturalmente bem morena, os cabelos escuros que ela odiava cortar e estavam bem compridos, a boca mais cheia como ela inteira. Mandie não chegava a ser gorda, nem mesmo cheinha, mas Loly previa um futuro de guerra com a balança para a menina e seu coração doía por ela.
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Quando a Vida Acontece
RomansaA difícil tarefa de se tornar adulto, contada a partir de três pontos de vista. Baby, que sempre foi encarada como a mais louca da turma, ou pelo menos a com gênio mais forte, se vê diante dos desafios de levar para frente um ateliê de moda e de ent...