Eu não fui na reunião pré batalha. Eu sei, eu sei. Eu deveria comparecer, como terceira no comando. Mas eu estava com a cabeça a mil. Não conseguia parar de pensar na minha possível morte. No como eu faria para proteger Kei. Como eu ia evitar aquele futuro de acontecer. Meu coração estava batendo acelerado. Dei uma desculpa qualquer a Mikey, e ele estava tão preocupado que nem mesmo se importou que eu não fosse aparecer. Eu fiquei a noite inteira acordada, pensando.
Tudo acabaria hoje.
E lá estavamos nós, parados na entrada do ferro velho, os membros da Toman todos reunidos. Ninguém estava feliz. Eu definitivamente não queria estar ali. Mas também não iria embora. Mesmo que eu fosse morrer hoje, ainda assim, eu não iria partir.
-Lutadores! Façam suas entradas!- um cara gritou. -Gangue Tokyo Manji! Valhalla!
Nós começamos a caminhar para dentro, de frente para os membros de Valhalla.
-Hansen! Primeiramente, gostaria de agradecer por fiscalizar tudo hoje.- Mikey disse para o cara entre nós.
-Essa luta é uma bosta e vou chutar a bunda de todos. Representantes de ambos os times, um passo a frente!
Eu dei um passo no mesmo instante que meu irmão. Nós ficamos cara a cara, nos encarando.
-Uma luta dos cinco melhores de vocês ou uma luta de todos contra todos?- o cara perguntou.
-A Valhalla que escolheu lutar com a gente. Então se decida, Kazutora. Só temos um objetivo. Resgatar Baji. Se a Toman vencer, ele é nosso. - eu disse, olhando no fundo dos olhos dourados de Kazutora. Eu podia ver a irritação dele.
-O Baji se juntou a nós porque quis. Não tem como voltar atrás!- Kazutora me disse, sorrindo como um psicopata.
-Nós vamos trazer ele de volta e é isso.
Vi Kazutora cerrar o punho com força e o fiscal se colocou entre nós. Apenas para receber um soco do meu irmão e apagar.
-Que piada.- Kazutora riu. -Condição? Fiscal? Tão achando que isso é algum joguinho? Viemos aqui para tortura-los até a morte.
-Então vá em frente.- eu disse, sorrindo. -Vamos lá, Kazutora. Porque não me mata, então?
-É exatamente o que eu deveria fazer.- ele rosnou.
E ai o caos explodiu de vez. Toman contra Valhalla. E a batalha começou.
Eu soquei a boca de um arrombado que veio até mim, tentando achar meu caminho até Kazutora. Se eu conseguisse parar ele, então talvez... Merda! Ele estava lutando com Mikey.
Um cara me derrubou no chão quando me distraí. Senti as mãos dele se fecharem no meu pescoço. Nem fodendo! Não vai ser você o puto a me matar.
Consegui enfiar meu joelho no saco dele e o jogar para o lado, enfiando meu punho no nariz dele três vezes. Minha raiva era tanta que o cara apagou.
-Akemi!- me virei em direção ao som. Draken estava me puxando pra cima. -Vem. Preciso de você.
-Vamos quebrar os merdinhas juntos?- eu perguntei sorrindo. Ele sorriu de volta.
-Como sempre.
E ai, nós corremos. Em direção a uns trinta caras entre nós e Hanma, o objetivo de Draken. Chega de me segurar. Parti pra ofensiva.
Eu não via nada que não fosse sangue, sangue e sangue. Não dava a mínima enquanto socava, chutava e apagava os caras que vinham até mim. Eu não perderia aquela batalha. Eu não morreria. Keisuke não morreria.
Quando Draken e eu acabamos, sequer estavamos respirando com dificuldade. Ele apenas se virou para Hanma e eu vi alguns membros da Toman nos olhando como se fossemos monstros. Talvez a gente fosse mesmo. E dai? Quem se importa? Quem está prestando atenção nisso, afinal?
-Desculpa ter te feito esperar, Hanma. - Draken disse.
-E agora, está bem? Não está esgotado, né?- Hanma provocou. Draken riu.
-A gente só tava aquecendo, cara.
Eles começaram a lutar e eu comecei a correr. Onde estava Kazutora? Onde estava Keisuke? Que inferno! Merda, merda, merda, mil vezes merda.
-Takemichi!- eu parei em frente ao garoto. -Cadê eles? Cadê o Mikey?
-A-ali.
E quando me virei...
Kazutora acertou um cano em Mikey com força. E Mikey caiu. E não levantou. Eu gritei, meu coração indo parar na garganta.
Não, não, não!
-A Valhalla venceu!- Kazutora gritou.
Mas Mikey se levantou. Parei de respirar.
-Só me diga uma coisa. Eu sou seu inimigo, Kazutora?
-Eu... Sofri por sua causa. - Kazutora disse. -Foi culpa sua eu ter ido para o reformatório.
-Quê? Que porra tá falando?
-Claro que é meu inimigo! Eu eliminarei qualquer um no meu caminho. - ele disse, subindo aqueles carros empilhados até chegar ao último. -Sabe, Mikey. Se você mata pessoas, isso te torna um cara mau. Mas se você mata inimigos... Isso te torna um herói.
Fiz um som engasgado. Que porra...?
-Lá se foram todos os parafusos. - disse Hanma, rindo.
O que veio a seguir foi ainda pior. Kazutora mandou aqueles caras segurarem Mikey. E começou a bater nele com aquele cano.
Draken começou a correr no mesmo momento que eu. Mas Hanma derrubou Draken e um garoto veio na minha direção. O lado bom de ser pequena é que consegui desviar dele, correndo e correndo e correndo. Vendo aquela barra descer e descer contra Mikey.
Eu tinha pisado no primeiro carro quando senti um soco na minha mandíbula e caí para trás.
-Não se mete, puta!- ele cuspiu. Eu rosnei e me joguei em cima do garoto. Nós dois caímos no chão.
-Você acha que é capaz de me parar?- eu disse enquanto acertava meu punho no nariz dele repetidas vezes. -Não é!
Eu me levantei e chutei o estômago dele com força. Ele cuspiu sangue e gemeu no chão. Eu me virei, apenas para ver Mikey apagar Kazutora. E cair de joelhos.
Merda.
Mil e uma vezes merda.
Data: 12/08/21
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Choices • Tokyo Revengers
FanfictionAkemi gostava de se meter em encrencas. A adrenalina que percorria pelo seu corpo toda vez que isso acontecia era algo que ela jamais conseguiria se desapegar. E também era terrivelmente engraçado tirar o olhar presunçoso de garotos que achavam que...