Akemi gostava de se meter em encrencas. A adrenalina que percorria pelo seu corpo toda vez que isso acontecia era algo que ela jamais conseguiria se desapegar. E também era terrivelmente engraçado tirar o olhar presunçoso de garotos que achavam que...
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No fim das contas, gostar de Keisuke não foi o suficiente para que as coisas dessem certo entre nós. Eu sabia exatamente em que momento tudo tinha começado a desabar. Quando ele não me escutou e se envolveu em coisas que... Prefiro não lembrar. E quando eu falei coisas que não deveria porque estava se sentindo vazia, quebrada e perdida. Descontei minha raiva em Baji e aquilo não tinha sido justo com ele. E, logo depois, fui embora. Sem nem dar tchau, apenas deixando claro que tinha sido oficialmente nosso fim. Claro que tentei falar com ele depois disso, tentei por todos aqueles anos que fiquei longe. Mandei mensagens, liguei para ele. Mandei até a porra de uma carta. Ele nunca me respondia e nunca aceitava minhas ligações. Olha, eu entendia. Eu realmente falei muita merda para Keisuke. Eu sei que deixei Kazutora de lado, apaguei Kazutora da minha vida, e Baji nunca vai me perdoar por ter feito isso. Eu sei que fui embora e isso foi uma merda para ele. Mas ele podia, pelo menos, tentar me escutar, cacete? Eu não ia inventar uma desculpa de merda para que Keisuke me perdoasse. Ia dizer a verdade. Se ele ia ou não acreditar em mim, ai já era problema dele.
Mitsuya tinha passado na minha casa naquela manhã para me buscar. E fomos juntos até o Hospital visitar Draken, dois dias depois dele ter sido esfaqueado. Finalmente poderiamos ver ele. Eu estava terrivelmente nervosa e ansiosa. Não tinha falado direito nem com ele e nem com Mikey depois do dia da luta contra a Moebius. Não fazia ideia do que eles estavam pensando, se ainda estavam com raiva de mim. Bem, hoje eu descobriria tudo.
Eu estava meio nervosa quando paramos na frente da porta do quarto em que Draken estava. Não conseguia parar de estalar os dedos da mão. Mitsuya, calmo como sempre, ergueu a mão e segurou as minhas para me parar. Ele apenas me olhou e eu suspirei, derrotada.
-Mimi, você não precisa ficar ansiosa. Você faz parte de nós.- Mitsuya disse sorrindo para mim. Mas não consegui sorrir de volta.
-Mitsuya, tudo tá meio merda.- eu disse e fechei os olhos. -E se Draken e Mikey me odiarem como Baji me odeia?
-Você é doida, né? Nenhum deles te odeia. Muito menos Baji.- Mitsuya disse com o nariz torcido. -De onde tira essas coisas, Akemi?
-É sério! Você não viu o jeito que ele me tratou quando me viu.- eu completei, baixinho. Mitsuya suspirou e colocou a mão no meu ombro.
-Bem, vocês dois se magoaram e você foi embora, Akemi. Esperava o que? Precisam conversar. - Mitsuya disse e eu fiz uma careta.
-Caramba, faz muito tempo, Mitsuya! Eu pedi desculpas, várias vezes.- eu resmunguei.
-É, mas você não conversou com ele. Akemi, você mandou mensagem, pelo amor de Deus, onde isso resolve o problema? Você ainda lembra, né? Do tapa que deu nele? Das palavras que disse? Algo tipo "nunca mais quero ver essa sua cara desgraçada, nossa amizade já era, você morreu pra mim" dramática pra caralho. Mas ele te amava, porra. - Mitsuya disse. Fechei os olhos com força, não querendo lembrar disso.
-Ai, para de lembrar disso.- eu resmunguei. Mitsuya suspirou.
-O que quero dizer é que não precisa se preocupar tanto assim. Vai ficar tudo bem.- ele disse.
