Akemi gostava de se meter em encrencas. A adrenalina que percorria pelo seu corpo toda vez que isso acontecia era algo que ela jamais conseguiria se desapegar. E também era terrivelmente engraçado tirar o olhar presunçoso de garotos que achavam que...
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Meu dia tava uma merda. Uma completa merda. Keisuke, pra variar, não andava me respondendo. Nem vindo me ver. Nem nada. Ele literalmente tinha cortado todo tipo de contato comigo como se, sei lá, alguém da Valhalla fosse descobrir se ele por acaso me mandasse um sinal de vida. Eu não podia dizer que estava feliz com isso. Odiava ficar sem notícias dele, odiava não ter ele perto de mim. É engraçado, né? Quando você se acostuma tanto com alguém que a ausência dela é tão horrível que parece que você meio que ficou oco. Era assim que me sentia sem Keisuke. Como se algo estivesse faltando e, sinceramente, estava mesmo.
Eu não queria ter ido para escola, mas eu não podia ficar faltando para o resto da minha vida. E eu tinha prova. Foi um saco aguentar aquela manhã, ainda mais quando não consegui achar Keisuke. Quando ele queria me evitar, conseguia e nem precisava mudar de cidade para isso. Maldito!
Quando a aula acabou veio a pior parte do dia. A mais estranha, de fato. Eu tinha encontrado com Takemichi enquanto estava voltando da escola. Olha, não me entenda mal. O garoto já era estranho. Mas naquele dia ele parecia extremamente perturbado. Ele estava falando sozinho quando me aproximei dele, o cenho franzido. O problema foi o que eu escutei ele dizer.
-E como eu deveria impedir Akemi, Baji e Kazutora de serem mortos?
Eu engasguei com minha saliva e Takemichi se virou para mim, completamente horrorizado. A gente se encarou por um tempo, ambos chocados e eu estava completamente confusa. Mas que porra...?
-De que merda está falando?- eu gritei, o sacudindo pelos ombros. -Desembucha, Hanagaki, o que você sabe? Estão planejando me matar?
-E-eu não sei do que está falando!- ele tentou.
-Eu te ouvi falando que eu, meu irmão e meu namorado vamos morrer, então me fala logo o que você sabe!- eu falei o apertando com tanta força que fiz o menino sibilar. Olha, não queria machucar ele, mas eu entrei em choque! Tipo, oi? Como assim eu ia morrer?! -Quem está planejando me matar?
Eu continuei o lotando de perguntas e Takemichi foi fechando cada vez mais e mais a cara. E ai, ele começou a gritar.
-Eu vim do futuro!- ele gritou em alto e bom som e eu parei de falar. Eu poderia ter caído na gargalhada por ele prestar aquele papel ridículo. Se eu não tivesse ficado tão chocada. E inclinada a acreditar. -Ai merda!
E Takemichi começou a falar. Que na verdade ele tinha vindo de doze anos no futuro, com o objetivo de impedir que Hina morresse. E que no meio disso, descobriu muita merda. Que a Toman se tornaria maligna. Que Kisaki era o puto por trás de tudo. Meu coração estava batendo na garganta conforme ele ia contando aquela história bizarra sobre viagem no tempo. E o pior de tudo? Eu acreditava. Porque fazia sentido. Tudo se conectava. Tudo estava mais claro. Ele não estava mentindo; nem zombando de mim. Era por isso que Takemichi sabia onde Draken estava na luta contra a Moebius. Por Deus. Tudo fazia tão mais sentido agora.
Quando ele parou de falar, ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu precisava de uns minutos para absorver aquele choque, aquela notícia maldita.
Eu ia morrer daqui três dias.
Meu namorado ia morrer.
E meu irmão gêmeo ia morrer.
-Eu estou tentando convencer Baji a largar, Valhalla, mas...- Takemichi disse e eu dispensei as palavras dele com um gesto.
-Não. Keisuke não vai desistir. E se você contar essa história para ele, é mais fácil ele te espancar do que acreditar. Isso... Ai, caralho.- eu disse colocando o rosto entre as mãos.
Fudeu. Simplesmente fudeu.
-Que merda, hein, Takemichi. - eu disse com uma risada sem nenhum humor. -Que bela merda.
-Acha que eu não sei?- ele falou. Nós dois nos sentamos na calçada como dois derrotados.
-Vou te ajudar a salvar Keisuke. - eu falei. -Por favor, mude esse futuro. Eu realmente não quero morrer.
-Eu não quero que você morra.- ele sussurrou.
-Obrigada por me contar a verdade.- eu falei e ele fez uma careta.
-É, não fiz isso de propósito. - ele falou. -O mais estranho é você ter acreditado fácil assim.
-Hein? Tá me chamando de maluca, Hanagaki? Quer provar um soco na boca?- eu disse e ele fez uma cara de pânico.
-Não, não, não foi o que eu quis dizer!- ele disse erguendo as mãos. Eu apenas suspirei.
-Vamos lutar com Valhalla em alguns dias.- eu sussurrei. -Tenta não se meter em mais problemas, beleza?
Eu me levantei e Takemichi fez o mesmo, me observando.
-Vai ficar bem?
-Bem, não, né, Takemichi. Mas pelo menos eu sei como vou morrer, o que pode me ajudar a evitar isso de acontecer, né?- eu falei e ele pareceu ponderar sobre o assunto. -Vou tentar falar com Keisuke.
-Hein? Achei que vocês tinham terminado.
-A gente brigou, é diferente. Se ele quer fazer parte da Valhalla, problema dele. Eu não vou ficar sem namorado por causa das péssimas escolhas dele.- eu falei e ele fez uma careta. -Se cuida, tá?
Eu apenas me despedi de Takemichi e caminhei, meio perdida em pensamentos, para casa. Meu coração estava apertado. Em apenas alguns dias, eu podia morrer. Mas não era isso o que mais me incomodava se eu fosse ser sincera.
O que mais me incomodava era que Keisuke também morreria. E Kazutora. E eu não podia deixar isso acontecer.
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E com esse capítulo da Akemi descobrindo sobre o Takemichi eu me despeço de vocês por hoje, beijos beijos ~Ana
