Capítulo 3

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𝙹𝚞𝚕𝚒𝚎

Meu pai me levou para o Jardin Tuileries, também conhecido como Jardim das Tulherias. Ele fica perto do rio Sena, entre a Praça da Concórdia e o museu do Louvre. Porém, prometemos para as garotas que iríamos conhecer o Louvre juntos. Comecei a fotografar as fontes, esculturas e entradas dos museus que ficam no local. O lugar era enorme, repleto de verde, crianças brincando, turistas apreciando a paisagem e pessoas tomando cafés e conversando nas mesinhas, que ficavam embaixo das árvores. Quando voltei minha atenção para o meu pai, ele estava com um olhar distante e um sorriso carinhoso no rosto.

- Você quer contar o motivo desse ser nosso primeiro passeio? - coloquei minha mão no seu ombro e percebi ele ficar um pouco vermelho com o flagra.

- Ah, claro - riu timidamente e abriu os braços para o local - foi aqui que conheci sua mãe. Eu tinha 18 anos quando viajei com meus pais e ela veio para Paris acompanhada de um grupo de amigas. Estava indo para o Museu Orangerie com seus avós quando uma risada me chamou a atenção.

- A risada dela era contagiante - falei sentindo uma dor no coração.

- Com certeza - concordou cabisbaixo com a voz quase falhando - aquele som tomou conta do lugar. Sem perceber, fiquei a encarando até nossos olhares se encontrarem. E...

- Deixa eu adivinhar - interrompi e abri um grande sorriso - conhecendo a mamãe, ela deve ter ido até você perguntar se estava gostando do que via.

- Sim - ele disse rindo - fiquei sem reação, não sabia o que responder. E para piorar, meus pais apareceram do meu lado reclamando que eu tinha sumido, me senti uma criança de 10 anos - balançou a cabeça envergonhado e não consegui evitar a gargalhada - Rose começou a rir, fazendo eles notarem a sua presença. Ela me encarou e convidou para passear pelo jardim enquanto meus velhinhos aproveitavam o museu.

- Meus avós deixaram você sair com uma moça desconhecida? Fácil assim? - perguntei arregalando os olhos.

- Acho que já estavam cansados das minhas reclamações sobre os lugares que decidiam conhecer. Era museu todo dia, quem aguenta? - falou fingindo estar irritado e, em seguida, riu - Queria me divertir um pouco. Durante nosso passeio, nos apresentamos e conversamos um pouco sobre nossos sonhos para o futuro. Ela falava sobre música com tanta animação, explicando que por meio das letras e melodias podia falar tudo que não conseguia em uma conversa. E como era uma sensação incrível colocar seus sentimentos em uma folha de papel e vê-los ganhando vida, sabendo que outras pessoas iriam se identificar. Eu me interessei nela por causa da risada e da sua beleza, mas só fui me apaixonar naquele exato momento. Meus pais ligaram e, antes de encontrá-los, trocamos nossos números para marcar de sair por Paris. Foi assim que nossa história começou, Julie.

Fazia um bom tempo que não via Ray Molina tão empolgado, contou tudo com um brilho nos olhos, como se estivesse vendo ele e minha mãe caminhando pelo jardim, revivendo cada lembrança. Fiquei imaginando os dois mais novos passeando pelo local e lembrei dele falando sobre a relação da mamãe com a música. Me senti culpada por ter desistido do meu sonho de ser cantora, foi algo automático. Sei que ela não gostaria disso, mas eu ainda não estava preparada para trazer essa parte da minha vida de volta.

Mesmo não sendo fã de museus, meu pai insistiu que eu precisava visitá-los, já que era minha primeira vez em Paris. Passamos a manhã andando pelo jardim, lanchamos no Café des Marronniers, entramos no Museu de Orangerie e depois conhecemos a Praça da Concórdia, onde está o Obelisco, que era próxima do local em que estávamos. Em seguida, atravessamos o rio Sena para ir até o Museu D'orsay e decidimos ir para o hotel descansar, pois chegamos tarde da viagem e o dia começou cedo.

Um Sonho Popstar (Juke - JATP)Onde histórias criam vida. Descubra agora