Momentos antes da invasão...
Stefan bateu forte com a moeda de ouro sobre a bancada de madeira fazendo com que o homem que limpava copos com um pano sujo lhe direcionasse um olhar irritado. Stefan apenas gesticulou indicando as garrafas na prateleira á sua frente, e o homem entendeu. O serviu do líquido escuro da garrafa de barro, retornando em seguida a limpar os copos.
Stefan bebeu, sentindo a garganta arder. Não era a melhor cerveja da região, mas considerando a espelunca em que se encontrava, aquilo era o melhor que podiam oferecer. As mesas estavam repletas de copos e restos de alimentos, enquanto moscas rondavam o local. Não havia muita bebida, e além do homem que o servia, não havia mais ninguém ali.
Olhou para a porta no momento em que um homem passou por ela. As vestes de couro combinavam com o tecido verde, e o brasão indicava de onde vinha.
Wilson entrou em seguida. Não usava coroa e nem mesmo as vestes de linho escuro em que estava acostumado. Estava com a mesma roupa do oficial a sua frente, os cabelos levemente cacheados atrás da orelha, as sobrancelhas juntas evidenciaram o olhar cruel. Wilson caminhou sentando-se ao lado de Stefan, batendo levemente sobre o balcão de madeira.
— Seu melhor vinho. — disse Wilson ao homem.
— Não temos vinho. — resmungou o senhor enquanto caminhava até a prateleira. — Mas tenho isso.
Wilson apenas assentiu, indicando o copo com um leve manear de cabeça.
— O que era tão urgente? — Wilson perguntou enquanto o homem lhe servia um líquido avermelhado em um copo de barro.
— Receio não ser possível uma invasão ao castelo por esses dias, senhor. — Stefan disse baixo após o homem sair. Levou o copo aos lábios e sentiu sua cerveja descer quente e amarga. — A segurança no castelo foi reforçada devido a reunião entre os nobres.
— Você disse que não havia homens suficientes. — Wilson disse, a voz grave e autoritária.
— Sei que disse, mas me pegaram de surpresa — Stefan mantinha a voz baixa. — Soube que homens ficarão pela extensão do jardim, e não será possível uma investida naquele ponto, senhor. — explicou.— Precisamos achar outra forma de tomar o castelo.
Wilson respirou fundo. Havia saído de Cambridge com homens para aquela invasão, não era opção voltar, precisava invadir o castelo imediatamente.
— Precisamos de um segundo plano. — Wilson pegou o copo de vinho e o cheirou, o odor invadiu suas narinas e ele sentiu arder. — O que é isso? — resmungou para o homem que havia lhe servido.
— Pode chamar de veneno. É uma bebida forte vinda do sul de Helford. — explicou, sem olhá-lo. — Mas não mata, se é o que está perguntando.
***
Havia se passado horas desde que Wilson saiu da taberna prometendo a Stefan uma solução, o orientando a esperar ali. Estava se aproximando a hora da chegada dos convidados chegarem ao castelo em Birmingham, e Stefan precisava estar lá, mas não podia ir sem que Wilson o explicasse como seguiria a partir dali.
Se perguntava se valia a pena trair seu reino, mas quando se lembrava de toda a fortuna prometida por Wilson, não se importava. Já havia ajudado sua família com as quantias em moedas de ouro que ele lhe dera algumas vezes, mas ainda havia prometido uma vaga no conselho assim que Birmigham fosse tomada, e aquela era sua oportunidade. Depois de tudo que já havia feito, não voltaria atrás.
Wilson novamente atravessou a porta, dessa vez com o semblante relaxado. Ele fez o mesmo caminho, sentando novamente ao lado de Stefan.
— Enquanto todos se distraem com a reunião entre a nobreza, vamos invadir conforme planejamos. Será silencioso, e quando perceberem, já estaremos dentro.
— Como vão saber a hora de entrar? — Stefan disse com a preocupação evidente em seu tom de voz.
— Precisamos de um sinal para saber que a entrada estará livre, então acenda uma tocha na escadaria que da acesso ao jardim, veremos você da passagem, e então daremos início a invasão.
Stefan assentiu, o sentimento de euforia percorrendo o seu corpo. Precisava fazer tudo certo para que Wilson tomasse Birmigham para ele, o fazendo então seu conselheiro.
Wilson viu quando a tocha foi acesa sobre a grande escadaria, dando o sinal para que seus homens invadissem o perímetro do jardim. Pela passagem, saíram homens preparados para tomar o castelo.
O exército de Birmingham já estava a posto, e ouviu quando as espadas emitiram um som agudo ao serem chocados com os escudos de seus oponentes. Estavam avançando enquanto corpos eram deixados pelo caminho da entrada do castelo.
O barulho da marcha o fez parar e observar a centena de homens se posicionar na grande escadaria. Homens com escudos protegiam mais homens que se posicionavam logo atrás, empunhados de arcos e flechas flamejantes.
Wilson ouviu os soldados bravejarem, e em um movimento coreografado, as flechas cortaram o céu escuro e afundaram no jardim repleto de soldados rebeldes. Mais homens surgiam ainda que a neve tornasse a movimentação das tropas difícil, a noite parecia cada vez mais escura ao redor das tochas e flechas. Soldados sendo abatidos, os seus, os de Birmingham, mas Wilson parecia se esquivar facilmente do inimigo. Até que por um mero descuido também foi atingido.
Wilson sentiu o corpo cambalear e o ardor lhe atingiu. Uma flecha em chamas estava em seu ombro, e o sangue se espalhava pela armadura. Com os olhos lacrimejando do frio da noite de Birmingham, da dor imensa que parecia querer cortar-lhe a carne sob a armadura, e muito mais pelo fato de ter subestimado o inimigo. Os malditos soldados do reino vizinho eram muito mais do que ele havia imaginado.
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Uma Janela Para O Amor
De Todo[EM ANDAMENTO] Plágio é crime! No século XVIII, Sabrina Mackenzie como herdeira do trono de Birmingham, vê-se dividida entre proteger seu reino ou lutar pelo seu verdadeiro amor. Prestes a completar dezoito anos, isso se torna seu pior pesadelo, q...