Os passos ecoaram pelo ambiente enquanto a névoa densa e escura envolvia o corpo frágil de Sabrina. A sensação de já ter estado ali a incomodava, e à medida que se aproximava da porta, ela sentia a respiração descompassada. O ranger lento anunciou quando a porta fora aberta por ela, e finalmente Sabrina pôde ver o que se passava ali dentro.
O ambiente era iluminado por vários candelabros espalhados pelo quarto, e na enorme cama de dossel, a mulher de pele pálida, cabelos escuros e respiração lenta descansava. Sabrina sentiu o nó na garganta. Reconhecia a mulher ali deitada, mas não se recordava de um dia já tê-la visto naquela situação.
Ela imaginava o tom de voz da sua mãe, das risadas, imaginava o rosto redondo e bochechas coradas. A mulher ali deitada nada se parecia com que sua mãe fora um dia, mas sabia que aquele era o fim dela. Já não restava mais vida ali.
Sabrina continuou o trajeto até estar próxima o suficiente para tocá-la, e quando o fez, sentiu que tudo o que um dia já teve, estava prestes a chegar ao fim. O pressentimento de perda assolou seu coração mais uma vez. Estava de luto.
Sabrina sentiu a mão de sua mãe envolver as suas, e o olhar vazio em sua direção. Os lábios rachados e olheiras profundas evidenciaram o medo de sua mãe.
— Ele está vindo! — ela disse num sussurro.
Sabrina não conseguiu responder. As palavras não saiam e o ar lhe faltava. Ela não sabia de quem sua mãe falava, e muito menos do que isso significava.
— Ele atingiu seu pai. — ela disse e Sabrina sentiu o corpo ser puxado para baixo, e em instantes não estava mais nos aposentos da mãe.
Agora era tudo névoa densa e negra. Não havia mais nada para iluminar, a não ser a enorme Lua acima de sua cabeça. Estava no jardim, as escadarias que dava acesso ao castelo estavam repletas de sangue. Sabrina sentia a pele queimar, e então ouviu passos.
Ela o viu se aproximar. Os olhos repletos de ódio e maldade. Era um homem diferente nunca o tinha visto antes, de aparência velha, concluiu, notando resquícios de cabelos brancos embaixo de uma coroa adornada de esmeraldas.
— Esse será o fim de Birmingham! — ele disse empunhando a adaga e afundando sobre o peito de Sabrina.
Sabrina gritou, e ao abrir os olhos, viu que não estava em seu quarto. A brisa fria soprava seus cabelos, enquanto ela agarrava com força uma rosa nas mãos. Os espinhos fincados na pele, a fazendo sangrar. A princesa sentiu a dor assolar seu peito, e sentiu as lágrimas tomarem seu rosto.
— Sabrina! Acorda! — Joseph sentou-se ao lado dela na cama. — Foi apenas um sonho ruim!
— Não foi um "sonho ruim" Joseph. — a princesa respondeu ofegante — Sinto que tem algo prestes a acontecer.
— Você está protegida, Sabrina. Nada acontecerá! Com tudo o que está acontecendo, é normal ter sonhos assim às vezes.
— Não estou preocupada com minha segurança. — Sabrina retrucou exausta — Não foi um sonho, era... era como se eu estivesse lá. Eu senti a lâmina rasgando minha pele, o gosto do sangue na boca. Eu senti o cheiro de morte, e a sensação de vazio...
— Deixa de bobagem, Sabrina!
— Meu pai corre perigo, Joseph, e, no fundo, você sabe que é verdade.
Joseph observou a expressão da sua princesa, ele sentia a aflição estampada no rosto e o medo de estar certa e o rei ser assassinado pelo homem que também tirou a vida de sua rainha. Ele sabia que tudo era possível, e naquelas circunstâncias, todos corriam perigo, inclusive Chester.
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Uma Janela Para O Amor
Aléatoire[EM ANDAMENTO] Plágio é crime! No século XVIII, Sabrina Mackenzie como herdeira do trono de Birmingham, vê-se dividida entre proteger seu reino ou lutar pelo seu verdadeiro amor. Prestes a completar dezoito anos, isso se torna seu pior pesadelo, q...