Em seu quarto, Sabrina retirava as muitas joias que usava enquanto seu vestido era solto por Lauren que a ajudava com suas vestes. Havia sido um dia longo, as últimas semanas para o seu aniversário, Sabrina se via cada vez mais preocupada. O baile iria ser dali à três dias e a mesma não conseguia parar de pensar no que poderia dizer ao Príncipe para que pudessem conversar, já que o mesmo iria chegar apenas no dia do baile e iria embora no dia seguinte.
— Pode ir, eu termino sozinha. — a princesa se dirigiu a Lauren percebendo o cansaço em seu semblante.
— Tem certeza, Alteza?
— Sim! — Sabrina sorriu gentilmente a observando bocejar — Tenha uma boa noite.
— Boa noite, milady. — Lauren prestou reverência e se retirou do aposento.
Sabrina retirou o grampo que prendia seus cabelos ruivos fazendo com que os fios ondulados caíssem sobre seus ombros. Após pronta, se deitou na enorme cama, sentindo os fios de linho do lençol macio sob sua pele.
Fechou os olhos, mas o sono era algo inexistente, apesar do cansaço fazer-se presente. Como, de alguma forma, não conseguia dormir, se levantou e colocou seu robe por cima da camisola comprida de seda branca que usava, calçando os chinelos. Foi até a mesa que estava ao lado da lareira, mas quando pegou a jarra d'água percebeu que estava fazia.
Abriu a porta, e os guardas a olharam assustados, pois a princesa, assim que se deitava as nove da noite, não tornava a se levantar. Mas, ali estava ela: em pé, totalmente sem sono, às dez da noite. Os guardas fizeram reverência e um deles tomou coragem e perguntou:
— Precisa de algo, Vossa Alteza?
— Só estou com sede e minha jarra está vazia.
— Eu trago uma jarra cheia, milady. — o mesmo guarda acrescentou.
— Não, obrigada. — sorriu, gentilmente para ele — Eu mesma pego, quero aproveitar e dar uma volta, tudo bem?
— Eu te acompanho. — ele respondeu decidido. Não era muito comum a garota andar no palácio de noite e muito menos com outro guarda se não Joseph.
Se fosse com seu amigo, poderia começar a desabafar e dizer para o mesmo que estava ansiosa e com um pouco de medo de conhecer William Fraser.
— Não é necessário, soldado. Não vou demorar. — ela murmurou para o guarda antes de sair — Com licença... Onde está o guarda Maddox?
— O turno muda as dez, Vossa Alteza. — ele respondeu. — Quando você abriu a porta, ele havia acabado de ir embora. Quer que o chame?
— Certo. Não precisa incomodá-lo, mas obrigada pela sugestão. — ela respondeu e começou á descer as escadas, se sentiu desconfortável com o silêncio.
Pelos corredores do enorme castelo, a princesa caminha para o salão, que estava com os preparativos quase prontos para o baile, porém apagado. Era um pouco diferente olhar para o jardim naquele lugar de noite. Estava absurdamente acostumada com o sol iluminando a grama verde e o céu azul claro, vagamente nublado ou chuvoso. Na verdade, era estranho.
Pensou em William e como deveria ser a personalidade dele; não havia muito no que pensar em seu noivo se não essa dúvida, que tinha uma grande probabilidade de ser sanada em breve. Tinha tanto receio de se casar com alguém que nem sequer conhecia e não queria criar uma personalidade para o garoto sendo que poderia ser totalmente diferente.
E então, voltou seus pensamentos para Joseph. Queria que ele estivesse ali para que a mesma pudesse contar que não conseguia dormir, para que o garoto pudesse a ajudar com as dúvidas sobre o príncipe totalmente desconhecido ou que retirasse aquele leve sentimento de desconforto que o guarda trazia.
Ele a conhecia tão bem e era claro que iria dizer ou fazer algo extremamente correto, que a faria se sentir melhor.
Talvez, tenha se acostumado tanto a ver o moreno ao seu lado, que quando era uma outra pessoa em seu posto, sentia uma leve tensão no ar. Era óbvio que Sabrina sabia que seu amigo poderia protegê-la de qualquer coisa, até porque confiava cegamente no mesmo e já havia visto seu treino algumas vezes, quando era mais nova. Ele era bom no que fazia.
Sabrina continuou seu trajeto até a cozinha com o intuito de encher a jarra de água que segurava, mas parou ao sentir que era seguida. Girou os calcanhares, vendo Joseph com a calça e as botas do uniforme, mas com uma camisa de botões branco, com os três primeiros abertos, e com o cabelo negro bagunçado.
— Está me seguindo? — Sabrina cruzou os braços e ergueu a sobrancelha, querendo transparecer o mais intimidador possível e ao mesmo tempo não desviou o olhar do peito do rapaz quase amostra.
— Esse é o meu trabalho, não é? — o moreno sorriu aproximando-se da princesa que manteve sua postura anterior. — O que está fazendo acordada, Princesa?
Os olhos do guarda desceram para a roupa que a princesa trajava, seu robe se encontrava aberto deixando amostra a camisola de alça branca quase transparente. Percebendo os olhares dele, a ruiva se apressou em fechar o robe para se cobrir.
— Apenas sem sono. — ela deu de ombros e então ele se aproximou ainda mais dela, ficou com as duas mãos unidas atrás de seu corpo e observou o jardim por uma das janelas do corredor, assim como ela havia feito. — O que você está fazendo aqui?
— Adrien avisou que você estava acordada. — se explicou, como se não fosse nada demais. — Nunca havia acontecido antes e decidi vir ver se estava tudo bem.
— Está tudo bem. — ela disse, olhando para ele.
Os olhos esverdeados encontraram os azuis. Os dois cresceram juntos, então, assim como Sabrina conseguia ler Joseph, ele também conseguia. Poderia ser um super-poder, mas era apenas o instinto de amizade que ambos adquiriram com o tempo.
— Me diga a verdade. — ele murmurou.
— Ah, certo... — respondeu e contou tudo que lhe incomodava e porquê a mesma não estava conseguindo dormir. Poderia ser considerado apenas insônia, de fato, mas ela estava, realmente, muito ansiosa para descrever apenas isso.
— Acho que sei do que você precisa, milady. — ele tomou a mão dela e a levou para o meio do salão. — Você permite a honra de, um simples guarda como eu, poder dançar com uma princesa, de alma e de coração, como você?
Pela primeira vez em toda a sua vida, Sabrina sentiu o coração acelerar sem nenhum motivo aparente. Só aconteceu: ele simplesmente acelerou em seu peito e, no estômago, pareceu surgir borboletas, deixando claro o nervosismo. Nunca havia ficado nervosa com o amigo antes, e havia sido um sentimento tão novo, puro e, principalmente, desconhecido.
Como resposta, ela abriu um sorriso e olhou de uma forma que nunca havia olhando-o antes: com admiração e com amor. Ainda com uma das mãos apoiadas na dele, fez uma reverência; daquelas que se faz quando se consente uma dança e ele dez o mesmo. Logo depois, ele se aproximou dela e uma das mãos dele se encaixou perfeitamente bem na cintura fina dela, enquanto a outra segurava sua mão.
Estava tão nervosa que tudo que conseguia focar, para tentar reassumir o controle de seu corpo, era nos olhos de Joseph, que só era possível ser visto por conta da luz prateada que entrava na sala pela janela. Ele estava, da forma mais magnífica que se pode adjetivar, lindo; mas, deslumbrante se encaixaria bem no momento.
Sabrina prendeu a respiração quando as mãos de Joseph apertaram sua cintura fina e escorregaram pelas laterais do seu corpo lentamente sem desgrudar os olhos esverdeados dos seus, pareciam ímãs colados um ao outro. Ele a guiou, em uma valsa que ela nem sequer conhecia. Mantinha uma das mãos no ombro dele e a outra firmemente na mão dele, não querendo se separar por motivo nenhum. Em nenhuma outra ocasião, se sentiu tão viva, grata, amada e feliz.
Não tinha uma música tocando, preenchendo o local com timbre, que os permitisse dançar no ritmo correto, mas, na mente de Sabrina, tocava uma música clássica, a qual poderia ser considerada a mais linda e a qual passou a ter um significado a mais linda e a qual passou a ter um significado maior para ela.
Nem sequer sabia qual era o nome da valsa, mas a mesma passou a ter um local especial em seu peito, assim como aquele sentimento tão misterioso que surgiu no mesmo local.
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Uma Janela Para O Amor
De Todo[EM ANDAMENTO] Plágio é crime! No século XVIII, Sabrina Mackenzie como herdeira do trono de Birmingham, vê-se dividida entre proteger seu reino ou lutar pelo seu verdadeiro amor. Prestes a completar dezoito anos, isso se torna seu pior pesadelo, q...