Capítulo 2 - Jogo de Xadrez

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Oito anos depois...

Joseph era bom demais para ser um simples soldado em treinamento. Ele sabia se defender muito bem, era o melhor na esgrima e conhecia todas as passagens secretas do castelo. Por esses motivos, e por conhecer tão bem a princesa, ele foi designado, aos dezesseis anos e meio, à guarda-real, cuja principal função era proteger a princesa.

— Joseph, você está dispensado. — murmurou, frustrada, quando percebeu que ele estava logo atrás de si, perto da parede da biblioteca.

— Você não pode me dispensar, Alteza. — ele disse, seriamente.

Ela olhou para o garoto, que tinha um sorriso ladino no rosto. Sabrina sabia que quando ele a chamava por algum termo real significava que era por brincadeira, já que os dois eram próximos demais para utilizarem aqueles termos.

O guarda usava seu uniforme preto com os detalhes prateados, a calça branca e as botas. A espada na bainha, mas não estava na posição que eles eram treinado a estar: com os braços alinhados ao lado do corpo. O moreno mantinha os braços cruzados e sorria como bobo.

O cabelo, antes grande, havia sido cortado recentemente. Apenas no topo da cabeça havia algumas mechas maiores, mas fora esse detalhe, estava curto.

— Você é um péssimo guarda. — a princesa bufou, revirando os olhos, voltando a abrir seu livro.

— E você uma péssima princesa. — provocou, ainda sorrindo.

A garota voltou a se virar, agora com um sorriso no rosto. Seu amigo continuava sorrindo bobamente. Sabrina se levantou com classe, como foi ensinada a fazer.

— Como eu havia dito quando erámos criança, Alteza: eu estou aqui para protegê-la. — ele murmurou — E, como eu disse há três dias atrás, estou nessa posição pois preciso protegê-la.

— Pois, há bandidos à solta — Sabrina disse junto do guarda, a voz soando exaustiva — Tudo bem, eu já sei. Que tal você ser um ótimo amigo e jogar Xadrez comigo?

Ela estava frente a frente do guarda e precisava olhar um pouco para cima, assim poderia olhar nos olhos verdes do amigo. Joseph deveria estar sete centímetros mais alto que ela, e aquilo já era motivo para se gabar. Muitas vezes, nos últimos seis meses, ele apoiava um braço na cabeça dela e a chamava de "pequena", como se ela fosse muito mais baixa que ele.

A Mackenzie não era boba ou cega para não perceber que seu melhor amigo não estava lindo. Os anos foram bons não apenas para ela, mas para o pequeno Joseph, que já não merecia mais aquele adjetivo. Seu rosto começara a adquirir os traços mais firmes. A mandíbula começara a ficar mais marcada e os músculos da carreira como guarda estavam se ressaltando.

E, Joseph continuava sendo apenas o melhor amigo da princesa.

— Tudo bem — ele sorriu — Só dessa vez.

- Claro. Você diz a mesma coisa todos os dias por mais de dois anos. - ela sorriu e foi até perto da janela da biblioteca, onde se localizava a mesa para o jogo clássico.

— Lembrando que já ganhei quinhentos e noventa e cinco vezes — ele murmurou, se sentando na cadeira que sempre se sentava.

— Você está perdendo, lembra? — ela riu e se sentou na frente dele — Ganhei cinco vezes à mais que você.

O guarda bufou, mas arrumou as peças nos devidos lugares, juntamente com a princesa. O mais velho era sempre um concorrente à altura e Sabrina sempre iria competir com coisas como aquela: todos os dias, por dois anos, alguns meses e dias, uma vez por dia pelo menos, eles jogavam uma partida de xadrez.

Uma Janela Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora