Prólogo

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O rei Mackenzie observou pela janela embaçada de seu gabinete o cavalo cruzar a entrada do palácio. Os canteiros do jardim faziam com que as rosas amarelas se destacassem em meio a tanto verde, e ele se orgulhava em saber, que mesmo sem ter a sua rainha presente, a magia que ela carregava ainda sim nutria todo o jardim que ela tanto amou, embora nos últimos dias não tenha sido tão bem cuidado como deveria ser.

Notou o homem coberto por um manto preto sair da carruagem e seguir em direção á entrada ainda sem revelar seu rosto.

Esperou pela chegada do governante de um reino vizinho por dias, e estava curioso para saber o tal assunto importante que havia lhe informado por um mensageiro, além de finalmente conhecer o tão famoso Rei das terras de Birminghan.

Ouviu batidas leves sobre a porta algum tempo depois, e após autorizar a entrada, notou o homem envolto do manto preto se aproximar. O homem vestido elegantemente em uma túnica preta com detalhes em verde sorriu estendendo a mão para um cumprimento.

— Há quanto tempo Mackenzie? Onze anos? — o visitante disse observando atentamente o ambiente.

Ele notou o rei empalidecer enquanto os lábios formavam a expressão de surpresa. Sabia que a sua volta não era esperada, e se divertia ao vê-lo boquiaberto.

— Não faço ideia Wilson. Parei de contar quando não tive mais notícias tuas.

— Após o meu exílio você quer dizer. — ele analisou a expressão do rei a procura de culpa, porém, nada indicava aquele sentimento. — Aliás, após ser expulso sem direito a um julgamento sequer, ainda assim lhe devia notícias?

— A culpa do seu exílio não foi minha, Wilson! — o rei disse determinado. — Agora me diz o que veio fazer aqui!

O homem de cabelos lisos levou a mão a boca e hesitou por um momento antes de responder. A impaciência de Mackenzie lhe divertia, e isso lhe bastava.

— Após ser exilado, por motivos que realmente, a meu ver, foi ridículo, construí o meu próprio império. — informou o visitante satisfeito pelo seu desempenho. — Me casei com uma jovem de Cambridge , e anos mais tarde me tornei rei, assim como você, que tanto admirei. — ele lancou um olhar desafiador para Mackenzie que o escutava atentamente. — Infelizmente, após a morte da minha querida esposa há alguns meses, nossas terras passam por ... — e hesitou ao procurar uma palavra para descrever tudo o que ocorria em seu reino, e ao achá-la sorriu a pronunciando lentamente. — tribulações. Não conseguimos prosperar com nossas plantações, e a água se tronou impura. A dádiva da prosperidade, morreu com minha rainha, transformando o reino num verdadeiro inferno.

— Com você no comando de um reino até que isso durou tempo demais. Agora sem mais conversa, me diga o que você quer aqui Wilson.

— Como o seu conselheiro ...

— Você foi um dia meu conselheiro Wilson . — o rei interrompeu impaciente. — E você me traiu. Traiu Birminghan, e traiu a sua irmã!

— Fiz escolhas, Mackenzie, e dentre essas escolhas, a mais difícil foi escolher entre minha meia irmã e meu reino! O seu foco estava em uma mulher que já não mais falava, e o reino estava prestes a um colapso, pois, o rei choramingava pelos cantos por uma mulher semi morta. Daphene morreria de qualquer forma, apenas adiantei o processo.

— Saia! —O rei ordenou sentindo a fúria o invadir. — Suma da minha frente traidor.

Wilson soltou um longo suspiro tentando controlar a raiva que continha em seu peito. Estar ali, com toda certeza não era fácil, as lembranças de um passado cruel o atormentava, porém, ele não se arrependia por ter assassinado a própria irmã. Faria tudo novamente se preciso fosse.

— Vim para um acordo, Mackenzie. — ele disse calmo. — Sei que Birminghan está passando por crise com tantos saqueadores nas estradas. Sei que perderam soldados na tentativa de contê-los, e sei que a proteção do reino está por um fio.

O rei o analisou, querendo entender como ele sabia tantas informações, já que ninguém além de seus oficiais e conselheiros as tinham. Inclinou a cabeça, para que Wilson continuasse.

— A união dos reinos seria benéfica para ambos — Wilson viu Mackenzie revirar os olhos antes de continuar. — Birminghan tem terras prósperas, águas límpidas e há magia ainda após a morte de Daphene. E em Cambridge temos o exército que precisa para salvar teu reino de um ataque iminente.

Mackenzie gargalhou observando a expressão entusiasmada do homem que um dia havia depositado total confiança. Não acreditava que após tudo, ainda assim esperava uma união entre os reinos.

— E como faria isso, Wilson?

— Entregue a sua filha. A portadora do maior poder de prosperidade, e me casarei com ela. Assim salvaria o meu reino, e lhe entregaria o exército essencial para a proteção de Birminghan.

— Você quer casar com a minha filha? Ela é apena uma criança — Mackenzie o olhava incrédulo. — E mesmo se não fossem. Após tudo o que fez, ainda pensa que teria coragem de entregar a minha única filha à você? Só pode estar louco! Essa união jamais irá acontecer, Wilson! Agora saia das minhas terras, e volte para onde jamais deveria ter saído.

O rei ordenou se voltando para o homem parado com as mãos junto ao corpo.

— Eu não vim para negociar, Mackenzie. — informou o visitante. — Entregue a sua filha para se casar comigo, não agora é claro, quando estiver na idade de casar, ou mandarei meu exército por um fim nas terras prósperas de Birminghan. Saqueadores serão o seu menor problema, caso se recuse a se unir a Cambridge.

Wilson sorriu analisando o rei a sua frente. As rugas de preocupação se formou na testa do homem que parecia ter envelhecido o dobro de sua idade.

— Isso é um aviso, Wilson. — Philippe continuou . — Da próxima vez que voltar, estarei determinado a lhe destruir, da forma que desejar.

Wilson saiu deixando o rei pensativo. Mackenzie sabia que seu reino passava por dificuldades, porém, jamais entregaria a princesa, sua filha. Precisava de uma solução urgente, olhou pela janela a procura do homem que lhe confrontará, e decidiu que jamais aceitaria aquela suposta união.

— Guardas. — chamou. — Convoque meu conselho, preciso de uma reunião urgente.

Durante as seguintes horas, Philippe Mackenzie procurou por uma solução para que sua filha, sua única filha, fosse protegida. Ele sabia que Wilson não mediria esforços para conseguir o que desejava, e pensar em ter não somente o reino, mas também a filha em perigo, o deixava aflito.

— A proposta dele não é ruim. — disse o mais velho dos conselheiros.

— Como assim Shane? Estamos falando de minha filha ...

— Veja bem, Majestade... — disse ele coçado a barba branca que emoldurava o rosto repleto de rugas. — Você precisa proteger a princesa, e precisa de exército... Por que não à entregar para o filho do Fraser? Soube que ele está a procura de uma esposa para o filho. Sugiro uma troca: uma de sua filha por homens para a proteção de Birminghan.

O conselheiro notou o rei flexionar a mandíbula analisando a única solução que tinha naquele momento, e após um curto período, porém, o suficiente para decidir o destino do reino, Mackenzie assentiu em um leve manear de cabeça, indicando estar de acordo com a proposta.

— Chame a princesa, e mande um mensageiro até Chester. Quero consolidar essa união o mais rápido possível.

Uma Janela Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora