.prólogo I.

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Quando ele era apenas um garoto, esperava conquistar o mundo
Mas isso voou para longe de seu alcance
Então ele fugiu em seu sonho
E sonhava com o paraíso

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"A vida não é um mar de rosas"

Quem inventou essa frase estava completamente errado. A vida era sim um mar de rosas, pelo menos aos olhos daquele que segurava uma caixa de papelão com alguns poucos pertences, enquanto observava o trânsito passar diante de si naquele ponto de ônibus.

Oh, a vida era uma merda de um mar de rosas.

Você olha de longe e se encanta, enxerga a beleza e a cor viva das flores. Parece chamativo, o perfume é suave e um lindo convite a se jogar de cabeça. Até perceber que o que tem na superfície não passa de uma armadilha para te atolar nos espinhos enormes, afiados e doloridos.

Ele riu. Talvez porque sua única alternativa fosse essa. Rir porque chorar seria humilhante demais, a posição em que se encontrava já não era muito digna.

Ele olhou para dentro da caixa. Um porta retratos, alguns arquivos que ele jogaria fora assim que chegasse em casa, três livros, um MP3 pra lá de ultrapassado, um vaso de porcelana trincado, um relógio que havia parado às 15:23 cerca de duas semanas antes e uma rosa murcha. E aquela placa que agora já era inútil: advogado Park Jimin.

Eram seus únicos pertences naquele maldito escritório.

A garota adolescente que estava de pé a uma certa distância parecia prestes a correr se ele fizesse qualquer movimento brusco. Isso o fez pensar sobre seu estado. A roupa amassada e a gravata solta ou talvez o olhar de quem poderia matar o primeiro que o desafiasse.

A garota deveria ter uns 14 anos, mesmo tentando disfarçar, ela ficava o monitorando e Jimin esperou mesmo que os fones dela estivessem no volume máximo, assim ela não teria que ouvir todos os palavrões que ele estava proferindo a cada cinco segundos.

Uma senhora se aproximou do ponto de ônibus e tudo que Jimin fez foi rezar para qualquer divindade capaz de ouvi-lo para que ela de forma alguma viesse puxar papo com ele. O Park amava idosos, mas não estava em seu melhor momento para elogiar os netinhos de uma senhorinha desconhecida, ele apenas queria odiar o mundo.

A pequena mulher se arrastou lentamente, com a mão firme na bengala e se sentou ao lado dele. O cheiro intenso de naftalina e canela lhe preencheu as narinas e o homem abaixou mais ainda a cabeça. Uma mexa do cabelo loiro lhe caiu sobre os olhos.

Não fala do tempo, não fala do tempo, não fala do tempo. Ele implorava em silêncio. Acreditou que estivesse funcionando, pois a idosa, com os olhos que pareciam estar completamente fechados e os cabelos brancos como uma nuvem apenas encarou o trânsito assim como ele e não disse uma palavra.

Até se passar cerca de um minuto. Ela puxou o ar e Jimin prendeu a respiração e fechou os olhos com força prevendo o que viria a seguir.

— Você acha que vai chover hoje? — ela disse sem nem o olhar.

"É só ignorar. É só você ficar quieto". Ele se xingava internamente. "Ela vai entender que você não está no clima e vai parar".

Quando A Primavera Chegar - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora