Capítulo Dezesseis

11.3K 2.1K 1.8K
                                    

Eu ouvi falar de um amor

que só acontece uma vez na vida

E tenho quase certeza

que você é o meu

Porque eu estou em um campo de

dentes-de-leão

Desejando a cada um deles

que você seja meu

//////////

Jungkook se viu de pé no meio do jardim novamente. Encarando todas aquelas flores que não desabrochavam há muito tempo. Olhando o jardim meio morto.

As plantas ainda estavam vivas, mas não haviam flores, não havia cores. Somente um verde pálido e o amarelado das folhas doentes. Ele tocou aquelas folhas podendo sentir algo em comum.

Os espinhos haviam sido removidos, as ervas daninhas não estavam mais ali, mas da mesma forma parecia que ainda faltava algo. Jimin havia adubado a terra e havia regado, o solo estava propício. Porque ainda não haviam flores?

— Leva tempo para as flores nascerem — ele ouviu a voz. A voz dela. Olhou para baixo e a observou, revirando a terra — Foram sufocadas pelos espinhos tempo demais, as raízes estão fracas.

Ele não disse nada, apenas ficou ali observando Dahye jogar o cabelo para o lado e continuar trabalhando na terra normalmente.

— Onde está o Jimin? — ele perguntou. Ela não deveria estar ali. Jimin devia.

— Não tem espaço pra ele aqui, Jungkook — Dahye ergueu a cabeça e o olhou de forma que fez arrepios subirem pela espinha dele — Esse jardim é meu. Você é meu.

Ele sentiu o chão afundar debaixo dos pés. Como se algo se agarrasse a ele e o puxasse para baixo, estava afundando na terra. Jungkook engoliu seco, mas não se moveu. Ele não lutou e sequer tentou se agarrar. Dahye cantarolava revirando a terra, ele sentia coisas como espinhos se agarrando a sua pele, perfurando e o machucando enquanto arrastavam para baixo.

E Jungkook não fez nada. Apenas viu tudo desaparecendo conforme era engolido pela terra úmida e fria do jardim. Até sufocar. E parar de respirar quando tudo ficou escuro. Ele abriu a boca para gritar mas sentiu o gosto da terra entrando em sua boca, acabando por preenchê-lo.

— Jungkook! — ele abriu os olhos assim que ouviu o grito. Não havia terra, não havia Dahye. Apenas o céu ainda escuro da noite na janela, as lágrimas quentes em suas bochechas e as mãos cravadas em seu rosto.

E havia Jimin. O rosto iluminado pela luz fraca do abajur, os olhos bem abertos e a respiração ofegante. Estava sentado sobre suas pernas segurando seu rosto firme.

Jungkook puxou o ar com desespero, voltando a respirar de forma tão súbita que seus pulmões doeram. Ele tentou dizer algo, mas sua língua se enrolou e o ar faltou para isso.

— Só respira fundo, não tenta falar — Jimin disse. Tentava passar calma, mas ele mesmo parecia tremer de pavor enquanto limpava as lágrimas dos olhos de Jungkook — Respira devagar.

Jungkook não aguentava mais. Ele não aguentava os pesadelos e a forma como doía acordar deles. Era insuportável fechar os olhos para descansar sabendo que no meio da madrugada acordaria sem ar e com aquelas imagens horríveis na cabeça.

Quando A Primavera Chegar - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora