Capítulo Vinte e Seis

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Amar pode machucar

Amar pode machucar às vezes

Mas é a única coisa que eu sei

Quando fica difícil

Você sabe, isso pode ficar difícil às vezes

É a única coisa que nos faz sentir vivos

[...]

Amar pode curar

Amar pode consertar sua alma 

E é a única coisa que eu sei

Eu juro que vai ficar mais fácil

Lembre-se disso com cada pedaço seu

E é a única coisa que levamos quando morremos

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Era algo totalmente novo para Jungkook. A última vez que havia visto ou tocado algum pertence dela foi no dia que jogou todas as coisas naquele quarto e trancou. Então ainda era demais para processar. Ele mantinha sua mente focada em algo que havia se tornado quase um mantra nós últimos dias.

Os cinco estágios do luto. Negação. Raiva. Barganha. Depressão. Aceitação.

Para ele faltava um e era o mais difícil de todos.

Aceitar a morte de alguém e se conformar que jamais vai ver a pessoa novamente era aterrorizante. Ter apenas memórias não basta para alimentar o coração humano. Pois os seres humanos são feitos do presente e não do passado, qualquer coisa que os prenda em algo que já se foi há tanto tempo só machuca.

O passado era um aprendizado, um aconchego e uma espécie de conforto, mas a morada de um coração deve ser o presente. O que estava ali ele precisava preservar e entregar tudo de si, o que estava no passado ele precisava guardar para seguir em frente.

E Jungkook entendeu isso, por sorte, não foi tarde demais.

Ele amou Seo Dahye. Ela o amou de volta e ele tinha plena certeza. Quando era seu presente, Jungkook entregou a ela sua alma e criou memórias que carregaria para o resto da vida. Independente do que viesse, ele sempre teria a imagem daquela mulher doce e gentil em seu coração. Mas Dahye havia se tornado seu passado, ainda que de forma dolorosa.

Em seu presente havia Park Jimin. E Jungkook rezava para que em seu futuro ele também estivesse lá. E era hora de ele cortar os últimos fios que o seguravam nas memórias.

Jeon olhou para a própria mão que segurava a chave na fechadura com firmeza. Ele girou ouvindo o click da fechadura destrancando e levou a mão à maçaneta.

Ao empurrar a porta viu ela se abrindo com um rangido irritante e prendeu a respiração. O medo quis se instalar em seu peito, mas ele sentiu uma mão se encaixar na sua, lhe lembrando que não estava sozinho. Talvez nunca tenha estado. 

Ele apertou a mão de Jimin que insistia em permanecer no silêncio para lhe dar todo o espaço que precisava.

Jungkook correu os olhos pelo cômodo parcialmente escuro, iluminado apenas pela luz do sol que vinha da janela.

Quando A Primavera Chegar - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora