Capítulo Treze

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Porque se eu pudesse ver seu rosto mais uma vez

Eu poderia morrer como um homem feliz, tenho certeza

Quando você disse seu último adeus

Eu morri um pouco por dentro

Eu deito e choro durante toda a noite

Sozinho, sem você ao meu lado

Mas se você me amava, porque você me deixou?

/////////////

A sensação era de estar em um trem. Um trem desgovernado, em velocidade máxima, em um trilho caótico por cima de um vulcão. Em resumo, Jimin havia perdido o controle sobre tudo.

E isso era frustrante.

Ele colocou o último prato na pia e olhou as próprias mãos. Seus pulsos ainda tinham a marca avermelhada do aperto das mãos de Jungkook. Não doía, pelo menos não fisicamente.

Ele respirou fundo apoiando as mãos na pia da cozinha e olhando pela janela. Para ajudar, parecia que o tempo estava se armando. Ia ser um dia daqueles.

— Vai me ignorar? — a voz de Tae não estava nada delicada ou carinhosa, sinal que Jimin tinha um problema grande nas mãos. 

— Quer conversar sobre isso agora, Tae? — disse o loiro se virando para encarar seu irmão. Taehyung estava sentado em um dos banquinhos, os braços apoiados na bancada da cozinha.

— Você vai arrumar suas coisas e voltar comigo pra Seoul — Tae disse. O tom de voz baixo e o olhar frio diziam a Jimin que não era uma brincadeira. 

O loiro cruzou os braços e negou minimamente em silêncio. Tae o observou por longos segundos antes de abrir a boca novamente.

— Não vou deixar você ficar aqui — declarou ele.

— Não preciso da sua permissão, eu sou adulto — declarou Jimin.

— Um adulto que só faz merda — Tae foi duro. Jimin engoliu seco encarando o olhar cortante de seu irmão mais novo — Você quase morreu duas vezes nas últimas semanas, Jimin. Porque diabos você não pegou suas coisas e foi embora no instante que aquele cara apontou a arma pra você?

— Ele não apontou a arma pra mim, apontou para a própria cabeça — Jimin disse calmamente — Eu impedi ele de se matar, o que há de errado?

Taehyung riu. Não foi uma risada agradável e calorosa, soou com escárnio e mágoa impregnando ao som.

— Oh, o que há de errado? — Tae bateu na bancada com força, Jimin sequer estremeceu apesar do susto — Estou aqui há vinte minutos e já vi mais do que suficiente, esse lugar vai te deixar louco. Isso se não te matar.

— Eu disse que estou bem, você está exagerando como um maldito pirralho mimado — Jimin disse entredentes. Ele sabia que Taehyung odiava aquele adjetivo, odiava ser tratado como criança. Mas no fim das contas era a única coisa que podia usar contra ele naquele momento.

— Não consegue olhar nos meus olhos e conversar comigo como um adulto? — Tae cuspiu as palavras com raiva — Você ainda me trata como um garotinho. Você esconde tudo de mim há anos, Jimin! A morte do nosso pai e agora isso. Quando vai começar a falar comigo como um homem?

— Eu sabia que você ia reagir assim, por isso nem me dei ao trabalho — Jimin declarou. 

— Você percebe o que é isso? Você está exausto, ferido, está fazendo um trabalho que não entende, isolado aqui no meio do nada e ainda suportando as crises do seu chefe — Taehyung disparou — Primeiro um revólver, agora uma cobra. Qual vai ser o próximo? Quantas vezes mais você vai precisar se machucar pra ir embora daqui?

Quando A Primavera Chegar - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora