⚓ MARCO ⚓

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"Cada qual com seu caos"

- Cuidado com essa criança Amélie, pelo amor de Deus, riacho não é lugar para criança.- Aviso pela sétima vez desde que chegamos.

Zara está com 8 meses e é a primeira vez que ela conhece um riacho, estou tendo todo o cuidado do mundo nessa experiência.

- Calma Marco, ela está segura aqui, está firme.- Amélie diz segurando com um braço em volta do peito da nossa bebê e outra nas suas pernas, fazendo ela ficar de frente. As duas dentro da água entrando dentro da água.

As duas mulheres da minha vida.

Minha bebê é a criança mais perfeita desse mundo, com cabelinhos castanhos ondulados, perninhas e braços gordinhos, pele branquinha e macia com olhos claros como o meu. Sem contar o sorriso banguela com somente dois dentinhos que mal saíram.

Resumindo, minha esposa pariu ela mesma.

Enquanto estava admirando as duas sentado em uma pedra, um vento muito forte começou a agitar as águas. Amélie e eu olhamos para o céu para ver se estava preparando chuva, mas o céu estava sem nuvem e ensolarado.

Vendo que o vento estava ficando mais forte, faço um gesto para que ela saia da água a propósito de ir para um lugar seguro e assim ela faz. Assim que ela pisa na areia seca, vejo um homem sair da água de repente, se aproximar de Amélie e fale no seu ouvido. Não consigo ver o rosto do homem, somente seus pés e a sua boca falando próximo ao ouvido de Amélie.

Pulo da pedra direto na areia, o homem dá um passo para trás Amélie vem na minha direção e assim que está perto suficiente começa a dizer.

- Amor, nós precisamos ir.- Diz do nada.

- Já? Mas se quiser já podemos ir e...

- Você não entendeu, EU e a Zara precisamos ir. Precisam de nós, é muito importante.- O que?

- O que? Você ficou louca? O que isso quer dizer? Para onde vocês vão? Olha, para de besteira porque isso não não tem graça.- O que está acontecendo?

Ela se aproxima e me beija levemente, um beijo de despedida, sinto Zara desinquieta no meu peito e no colo de Amélie durante o beijo, ela quer vir no meu colo, mas algo no meu subconsciente não consegue esticar os braços para pegá-la.

-Nos deixe ir.- Diz somente, tirando um braço das perninhas da nossa filha e faz carinho no meu rosto.

Isso é uma despedida.

Mas por que ela vai me deixar? Por que essa sensação de não conseguir tomar uma atitude e impedir isso? Por que isso está acontecendo? Nessa altura do campeonato, minha mente estava a mil e o vento ainda estava forte.

A frase "nos deixe ir" ecoava em toda parte repetitivamente, mas como eu ia deixar a mulher da minha vida e a minha filha irem para um lugar que eu não fazia ideia onde era? De repente e com um homem que sequer vejo o rosto e ela não conhece?

- É claro que não! Nós vamos para casa AGORA!- Eu estava começando ficar com raiva por ela falar tudo isso, não entender isso está me deixando nervoso.

- Espere por nós, eu te amo.- Ela deposita um beijo na minha testa, vira as costas e vai em direção ao homem misterioso. No caminho, ouço Zara chorar muito e isso aperta o meu coração a ponto de doer, é um choro de dor e de desespero.

Destino ou coincidência?Onde histórias criam vida. Descubra agora