🌻CAMILLY🌻

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"Mar calmo não faz um bom marinheiro."

Esses dias que tenho visitado Marco e seu pai tem ocupado certa parte do meu tempo, mas reforçou um ponto de vista diferente pra mim.

Como filha de dono de hospital particular, na maioria das vezes, eu via o hospital como um lugar de trabalho, onde meu pai resolvia sobre os financeiro, construção para melhorar a mobilidade dos pacientes etc. Por mais que durante a minha vida, nas poucas vezes que eu tive que ir a um hospital como paciente, eu nunca tinha parado para pensar e ouvi o que se acontece em um hospital.

Nos últimos anos, eu me peguei visitando alas onde pessoas fazem quimioterapia onde vi de crianças até idosos, onde alguns venciam a batalha e outros não. Vi alas onde crianças "moravam" no hospital, talvez porque não conseguiam manter o tratamento adequado em casa ou responsáveis apenas não queria ter o trabalho de cuidar em casa, então deixava no hospital aos cuidados dos enfermeiros.

"As paredes dos hospitais já ouviram mais preces do que igrejas."

Desde que ouvi essa frase, eu deixei de viver em uma bolha onde eu via o hospital como um simples empresa, um comércio, por que não é isso. Está longe de ser.

Logo após ter falado com a minha mãe e com o babaca do meu patrão, volto para o quarto pensativa.

Me desculpo pela demora e conversamos um pouco até eu resolver dar um abraço nele.

Por que? Na maioria das vezes eu faço as coisas sem pensar, eu nasci assim.

Ele aceita o abraço de bom grado, não queria sair daquele abraço, confesso. Depois que o abraço é desfeito, fico com as mãos em sua cintura e ele alisa meu rosto com o polegar, seu olhar intenso cai sobre mim, fico vulnerável e até constrangida com aquela imensidão azul.

- Seu olhar me deixa pequena, constrangida.- Murmuro.

-Você não tem ideia o quanto significa pra mim agora.- Ele diz e estremeço.

Ele não sabe que eu quem sou a doadora, a pessoa que doou sangue para o pai dele, não quero que ele se sinta obrigado a falar comigo ou fazer qualquer coisa por isso, porquê eu quis ajudar.

- E o que isso muda entre nós?- Minha voz continua contida, baixa.

Ele fica em silêncio, beija minha testa e se afasta.

- Eu sou eternamente grato pelo que você fez e me proponho a te levar em casa, imagino que você não consiga voltar pra casa com o braço assim.- Ele muda de assunto, eu só concordo, ainda incrédula que ele apenas ignorou.

Aguardamos a volta do senhor Cavinsk dos exames para que eu possa me despedir. O silêncio que se instalou na sala e ensurdecedor, não me atrevo a puxar assunto enquanto Marco come uma salada de frutas vermelhas que eu trouxe para ele.

Eu nunca quis tanto chorar como uma adolescente que se decepcionou a primeira vez.

Eu deveria estar imune a qual tipo de decepção.

Com tudo que passei eu deveria aprender que sou iludida e que o amor não é pra mim.

Esse jogo do amor eu sei jogar, mas eu sei que nunca vou ganhar.

- Ora, mas que surpresa mais agradável.- Sr. Cavinsk entra na sala na cadeira de rodas.

- Eu só vim me despedir, estou indo pra casa.

- Muito obrigada minha filha, eu não tenho como agradecer por tudo que você tem feito por mim e pelo meu filho, mil perdões pelo prejuízo que ele lhe causou.- Ele olha para meu pulso.

Destino ou coincidência?Onde histórias criam vida. Descubra agora