capítulo 4

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- O que exatamente você tem a dizer ?

Ela indagou .

- Nos próximos meses você precisará viver nesta casa para sua segurança.

- Olha senhor Baroni, não é realmente necessário.

De novo essa conversa? Será que ela não aprendia com os erros do passado?

- sabe o que não é necessário? Pessoas tentando te matar , você não tem pra onde ir e nesse momento eu sou sua melhor opção.

- Eu posso alugar um outro lugar e...

Ela parou como se estivesse chegando a uma conclusão. - nada disso adiantaria não é?

- Sinto muito, esse pessoal tem muitos contatos .

- você é famoso, as pessoas não vão achar estranho eu morar aqui? E a sua namorada vai permitir?

De todas as preocupações que ela poderia ter essas eram estranhas demais .

- isso não será um problema, eu não me importo com o que as pessoas dizem e também não tenho namorada.

- Você é gay?

Essa pergunta me pegou de surpresa.

- O que? O que você está falando?

Aquela mulher só poderia estar de brincadeira.

- Desculpe é que homens na sua idade geralmente tem uma .

- Eu também não vi ninguém com você senhorita...

Ela riu como se estivesse envergonhada.

- Eu não vejo como isso pode dar certo.

- Porque ?

- Tenho uma vida senhor.

- Essa casa é grande o suficiente só não é permitido que traga qualquer pessoa aqui para nossa segurança.

- é disso que eu estou falando...

- não pode ficar sem um namorado alguns meses?

- Não seja ridículo, é que faz pouco tempo eu iniciei um processo de adoção...

- Adoção? Quantos anos você tem? Não parece ter mais de 27, porque quer adotar ?

- A adoção não tem nada relacionado a idade e sim ao amor e as condições.

- há sei, então não pode ter filhos ?

Era uma explicação plausível pra min.

- Não que eu saiba...

- Então...

- esse garoto, o Nathan, eu o conheci num evento beneficente , um desfile que fazemos a cada estação pra angariar fundos pra crianças orfans e ele adoeceu então o apadrinhei ,
tenho custeado todo seu tratamento além de ter doado medula para o seu transplante e acabei me afeiçoado a ele , nós nos vemos toda vez que venho a nova York.

- no orfanato?

- não, no hospital só tem 6 meses que ele fez a cirurgia e por ter ficado muito debilitado antes dela então precisa de fisioterapia e cuidados especiais , ainda não liberaram sua volta pra o orfanato .

- Quantos anos ele tem?

Por um instante tentei entender essa atitude.

- quase dois , geralmente tem muitos casais interessados em crianças nessa idade mas o problema de saúde dele faz com que as pessoas percam o interesse.

Ela explicou.

- Então você se conectou a ele.

- de certa forma...

- mas dai a virar a mãe...

- O fato da minha mãe não querer a min e o meu irmão não impediu que o meu pai fosse pai e mãe.

Um gancho de uma história que eu não sei se queria maiores informações.

- Então você está me dizendo que se sente capaz de ser uma mãe.

- Bem, não deve ser difícil, a maioria das mulheres que tem um filho de maneira natural não vem com um manual nas costas.

- Eles vão dar um bebê pra você sem um conjugue ou moradia fixa?

Até onde eu sabia eram pontos cruciais pra uma adoção.

- quando eu comecei tudo eu tinha moradia fixa e um cônjuge não é tão relevante quando se tem estabilidade financeira . Eu não contava com o que aconteceu mas é uma criança e não um brinquedo não vou abandoná-lo a própria sorte.

- porque?

- porque o que ?

- porque gosta de ajudar todo mundo?

Se ela não aspirava ser uma mártir com toda certeza estava no processo de graduação.

- não confunda as coisas, eu ajudei a você ,ao garoto eu não quero ajudá-lo e sim ser sua família , afeto não se dá através de um ato e sim de uma construção de relacionamento.

- Não sei se posso entender mas , se você puder dar conta dele provavelmente vocês poderão ficar aqui.

- Eu preciso de uma casa, contratar uma babá...

- Essa casa é grande o suficiente e eu basicamente só venho aqui pra dormir .

- Com seu pequeno garoto ou sem ele você não vai sair debaixo dos meus olhos até que eu saiba que ninguém mais vai estar no seu encalço.

Ela bufou de frustração e eu deixei o quarto, parecia que teríamos uma nova jornada pela frente; Uma criança na casa minhas crises de ansiedade durante a noite, aquela mulher teimosa, era uma disputa acirrada pra saber o que tiraria minha paz primeiro .

As sombras  do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora