HAITANI, baji keisuke.

0.3

𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒 𝐃𝐔𝐄𝐓
𝗵𝗼𝗻𝗲𝘆 𝗰𝗮𝗻'𝘁 𝘆𝗼𝘂 𝘁𝗿𝘂𝘀𝘁 𝗺𝗲?

Já se faziam alguns minutos desde meu encontro inesperado com outro membro da Tohman. Eu de fato não esperava que veria mais algum deles ali, mas não me surpreenderia caso eles começassem a surgir do chão como malditos insetos, eu confiava no meu potencial incrível em ser a pessoa com a maior má sorte existente. Keisuke não saia de meus pensamentos, e não de um modo confortante é claro, ele parecia saber quem eu era bem antes que meu nome fosse revelado e isso simplesmente me incomodou bastante, aqueles olhos, pareciam esconder segredos malditos que eu nem me atreveria a saber. Diferente de Angry, ele exalava um poder absurdo mesmo que sua força não fosse o ponto principal para seu título dentro da gangue em si, não era muito dificil ver seu nome circulando por todos os lugares. E isso era extremamente frustrante pra mim, eu me sentia como a porra de uma antagonista da minha própria história, saber tão pouco sobre a maior gangue de Tóquio me incomodava, e eu deveria agradecer aos meus irmãos por isso, eu só queria saber a verdadeira façanha que a Tohman havia armado contra eles para que a odiassem a tal ponto. E eu tinha certeza que não era apenas uma batalha por território e poder, tinha algo que eu não sabia, e nem tinha certeza se queria saber.

Suspirei exausta fechando meus olhos. Meus pensamentos circularam por todo lugar enquanto escutava a professora falar qualquer coisa que não parecia tão interessante quanto minhas teorias familiares. Eu voltei para a sala dois minutos depois de encontrar com Baji, tive de dar uma desculpa qualquer para Hina do porquê eu havia saido como uma tonta pelos corredores da faculdade, não é fácil mentir pra ela, mas quando eu disse que estava apenas com uma dor no estômago ela pareceu entender e até me deu um remédio pra isso. Eu odiava ter que omitir coisas dela, mas não gostaria de falar sobre o fato de um dos amigos do namorado dela ter esfaqueado sem pena um dos meus irmãos. Hinata evitava falar sobre Takemichi ou qualquer outra coisa que ligasse a Tohman perto de mim, ela sabia muito bem o quão racional deveria ser, mesmo que eu não me incomodasse com esse fato, acho que ela tinha apenas medo de me perder, por achar que meus irmãos fariam algo sobre quando descobrissem que eu sei demais sobre algo que ao menos deveria pensar.

Que ironia, imagina se eles descobrem que apenas hoje eu fui parar no braço de dois dos caras que eles odeiam.

Cruzei minhas pernas e voltei a abrir os olhos, escutando os alunos se remexerem em suas carteiras enquanto o sinal ecoava por todo local. Estava na hora do intervalo, e eu esperava realmente não ter que lidar com a cara daqueles dois, minha cabeça já estava lotada por si só. Levantei-me da mesa e arrumei minhas coisas, minha barriga roncava mas eu não tinha a minima vontade de comer. Senti uma mão tocar a minha e levantei meu olhar, encarando logo de cara os olhos castanhos de Hinata, aflitos em minha direção.

一 Você realmente se sente bem? 一 Perguntou sincera, levando uma de suas mãos para minha testa, enquanto a outra repousava em minha cintura. 一 Vamos falar com a enfermeira, você pode voltar pra casa hm? 一 Seus olhos se encontraram com os meus novamente. Sorri negando com a cabeça enquanto entrelaçava seus dedos que antes estavam em minha testa aos meus.

一 Não se preocupe, eu só preciso ficar um pouco ao ar livre. 一 Respondi com um sorriso enfeitando meu rosto. Ela não pareceu muito convencida, mas agarrou-se ainda mais a minha mão e pegou suas coisas enquanto nos guiava para fora da sala.

Confesso que não estava me sentindo assim tão bem, na realidade eu tinha uma vontade imensa de correr pra minha casa e me agarrar naquele urso gigante enquanto qualquer musica que estivesse na minha playlist tocasse. Mas caminhava com a cabeça erguida e de mãos dadas com a minha melhor amiga, algumas pessoas passavam por nós nos encarando de modo desconfiado, outras ao menos se dignavam a olhar e eu confesso que era melhor a segunda opção. Torcia internamente para que Baji e Angry não cruzassem meu caminho naquela manhã pelo menos. Meu celular não havia nenhuma mensagem desde aquela que troquei com Rindou, e de certa forma eu me preocupava, ainda mais depois de saber da maldita facada. Suspirei pesado e encarei meus pés que davam passos lentos enquanto era levada por Hina.