16.0

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𝐄𝐍𝐄𝐌𝐘
𝗼𝗵 the 𝗮 𝗺𝗶𝘀𝗲𝗿𝘆, 𝗲𝘃𝗲𝗿𝘆𝗼𝗻𝗲 𝘄𝗮𝗻𝘁𝘀 𝘁𝗼 𝗯𝗲 𝗺𝘆 𝗲𝗻𝗲𝗺𝘆.

Queixo levantado e postura reta, é assim que uma dama se comporta. A sociedade vive para que esse momente chegue finalmente para todas as meninas, desde o ventre da mãe é assim que se espera de uma figura feminina. Mas não para você, poderia dizer que enquanto seus pais eram vivos, tentaria ter uma vida normal, ser a dama que você não é. Se lembrava vagamente das noites em que possuia medo dos trovões pelo céu, corria para as cobertas junto de Ran e Rindou e era recebida pelos abraços calorosos de proteção, depois sua mae entraria no quarto e com xicaras de leite quente ela faria o possível para que você não se importasse mais com as trovoadas.  Em seguida seu pai viria, com o rosto amassado pelo colchão caro e uma coberta na mão, e então se jogaria em sua cama e todos dormiriam unidos em família. Mesmo pequena essas memórias pareciam frescas em sua mente, como se seu corpo pudesse recusar todas, menos ela. Sentia saudade da sua mãe, se lembrava dos longos cabelos negros e olhos azuis como o oceano, seu sorriso era gentil e seu cheiro acolhedor, ela te amava seus filhos e tê-los em seus braços era uma dádiva para a jovem mulher. Seu pai a mesma coisa, era seu herói, contava histórias mágicas e passava remedio no seu joelho ralado, lhe chamava de princesinha e lhe dava presentes todo ano. Eram a familia perfeita.

Até aquele maldito acidente surgir, lhe tirando seus pais, mas tirando ainda mais de Ran e Rindou que foram obrigados a crescer rápido para que você tivesse um futuro perfeito.  Porquê era assim que Haitani [Nome] se sentia, um peso, uma obrigação. Postura reta e nariz levantados lhe levariam para uma boa faculdade e então nao se preocuparia mais em ser um problema para eles. Não queria ser um fardo para as pessoas que mais amava nesse planeta.

Se recordava muito bem de quando Rindou com a voz fraca pelo choro, segurou sua mão naquele dia chuvoso, no enterro de seus pais e encarando seus olhos infantis disse:

Papai e Mamãe viraram anjinhos [Nome], mas não se preocupe, seus irmãozaos vão cuidar de você. ─ Susurrou.

E eles nunca quebraram aquela promessa.

Tudo mudou quando se mudaram para casa de seu avô. Foi quando eles foram introduzidos  naquele mundo trágico da violência. Com treze anos já eram os deuses de Tóquio, e  por toda parte poderia escutar falar sobre a força bruta dos Haitani. Mal sabiam eles que toda aquela força e poder de luta era dada graças ao velho, que os ensinou a lutar todos os dias.

Nem mesmo você tão pequena conseguiu sair das garras nojentas e doentias daquele que prometeu cuidar de vocês. Era obrigada a lutar, por comida, porque ele so lhe deixaria comer se conseguisse derrubar um homem adulto. E Ran e Rindou também sofriam as consequências daquilo, em parte você agradecia pois era forte graças a tudo aquilo. Mas houve um episódio em que tudo embaralhou em sua mente, seu corpo pequeno pendeu para o lado, os olhos raivosos brilhavam em direção ao alvo, agora era seu avô. Ele mesmo queria lutar com você.

Não soube o que era aquilo, mas entao uma força se ponderou de seu corpo, seus pés correram mais rapido do que pensou ser capaz e então pulou em direção a ele. Sangue por toda parte quando sua mão ainda jovem deslizou pela pele velha em continuos socos, estava cega pelo ódio.

Pensava em sua mãe e no corpo quebrado dela dentro daquele caixão. Pensava nos momentos que lhe foram tirados, vamos lá pequena [Nome], é apenas fome. Quer ser uma boa irmã? Feche a boca para que Ran e Rindou possam comer. Não conte a eles o que passa dentro da sua cabeça, não conte a eles dos treinos forçados e nem das lagrimas derramadas pela lágrima. Quer lhes dar orgulho? Não fale a verdade.

Minta, mas não por você, por eles.

Não seja egoísta, eles fizeram tanto por você não precisam se preocupar mais.

Seja forte, é apenas um pouco de sangue.

Seus pensamentos estavam a mil por segundo, ainda o socava sem parar, vivenciava aquele momento como se estivesse no seu corpo de anos atrás, como se aquele ainda fosse seu avô.

Soque, soque e soque. Deixe seus irmãos orgulhosos.

Derrame o sangue que eles derramaram por você.

Sentia a areia da praia ainda em seus pés, seu corpo por cima do de Kazutora. Socava seu rosto sem parar, cega pelo ódio que lhe consumia.

Se lembrava da mão de Rindou, dos curativos e da careta de dor que ele fazia. Se lembrou também de quando Kazutora chegou a praia e sem pensar duas vezes seu sangue esquentou e você pulou para cima de seu corpo e agora estava ali.

O sangue escorrendo por suas mãos, estava vivendo um dejavú. Foi então que uma mão pegou na sua e lhe puxou para longe tao rapido que não teve escolha alguma.

Hey [Nome], se acalma estou aqui. ─ A voz melodiosa de Baji susurrava em seu ouvido, seu corpo tremia contra o dele. ─ Tirem Kazutora daqui, agora.

Abriu os olhos e encarou todos, Hanemiya ainda possuía sangue pelo seu nariz e era acodido com desespero por um rapaz loiro que o abraçava com toda força possivel. Mikey estava com os olhos arregalados e ajudava ele a se levantar, Emma e Hinata corriam em sua direção mas pararam ao verem Keisuke sinalizar para elas.

─ Ele machucou meu irmão, eu tenho que ser uma boa irmã e vinga-lo ─ Voce susurrou contra a pele de Baji, ainda trêmula ─ Se eu não o fizer, eles não vão se orgulhar.

Keisuke tremeu também e arregalou os olhos, mas que merda era aquela? Ele sabia que Ran e Rindou te amavam acima de tudo e não gostariam de modo algum de lhe ver naquela situação. Foi então que ele percebeu que tinha algo totalmente errado naquela situação.

Abraçou seu corpo ainda mais e então afagou seus cabelos.

Esta tudo bem, eles estão orgulhosos. ─ Susurrou ─ E eu estou com você.

HAITANI, baji keisuke.Onde histórias criam vida. Descubra agora