Baji estava exausto. Os olhos pesados pelas noites mal dormidas que denunciavam a cabeça que estava a mil por segundo. Ele se sentia um estúpido e egoista por não ter te feito lembrar antes, trato nenhum, irmãos e lider algum deveriam ser mais importantes que você, e mesmo assim ele não foi egoista o bastante pra te insistir a lembrar. Sabe que não foi culpa dele, mas não poderia sentir que não tivesse alguma parcela dele nisso tudo, desde ao acidente até a situação atual.
Você o salvou de todas as maneiras que alguém possa ser salvo, e ele não pode impedir Kisaki de tentar ceifar a sua.
Estava andando até em casa e olhando a mesma lua que você e isso era a única coisa que o confortava. Conseguia se lembrar do seu sorriso, do seu toque e risada, e as lembranças o torturavam o caminho todo.
Quando tudo aconteceu e ele viu o sangue escorrer de sua cabeça enquanto seus irmãos choravam sob seu corpo, ele sentiu parte do seu peito ir embora. Seus olhos brilhavam como se você estivesse totalmente bem, no meio daquelas pessoas sangrando e quase morrendo você sorriu para ele, para mostrar que estava tudo bem, mesmo não estando.
E entao ele se lembrou daquele dia.
CINCO ANOS ATRÁS
TÓQUIO.Você estava deitada sob o peito de Keisuke, ele sentia sua respiração no local e a batida de seu coração em sua barriga, e era mágica a sensação. Estavam assistindo um documentário sobre perca de memória traumática e ele não entendia o porquê você gostava tanto dessas coisas. Os dedos deles penteavam seus cabelos e a outra mão pousada sob sua cintura que fazia um singelo carinho.
Eram poucos os momentos de lazer que vocês tinham, só estavam tão intimamente deste modo pois seus irmãos estavam viajando a trabalho. Você prestava atenção a cada diálogo na televisão sob a perda de memória traumática, com os olhos vidrados na tela como uma criança quando vê o doce.
─── Mas doutor, o que ocasionaria a perda de memória? Acredita que a lesão causada por um acidente possa ser o real problema? ─── Perguntou a entrevistadora bonita, que na realidade não parecia muito interessada no assunto. Apenas seguia o roteiro dos papéis em sua mão.
O doutor todavia, era um homem na casa de seus cinquenta anos com poucos cabelos grisalhos que pareceu ainda mais inteligente ao ajeitar os óculos no rosto.
─── Não necessariamente. Vejamos eu acredito que não exista nada mais perigoso do que um cérebro humano. A pancada pode ter sido o gatilho mas a capa de proteção que a mente cria é ainda mais cruel. ─── Disse entre pequenas pausas. Você estava atenta a cada palavra. ─── A sua mente vai apagar de você sua única fraqueza para lhe proteger de qualquer coisa.
─── E o que seria? ─── Perguntou a jovem mulher.
─── Os sentimentos é claro. E os sentimentos vem através das memórias, tire as lembranças de uma pessoa e então pancada nenhuma vá poder tirar muita coisa. O emocional estará intacto, para mata-la apenas um tiro na cabeça. ─── Disse ─── A perda da memória é um mecanismo de defesa potente, e eu acredito que o mais cruel.
A entrevistadora pareceu ponderar por um tempo antes de colocar os dedos em cima dos lábios bonitos.
─── Tem razão doutor. Muito obrig──
E então a televisão desligou , e você ja sabia porquê. Socou o peito de Baji e resmungou como uma adolescente birrenta.
─── Droga Kei, por que desligou? ─── Perguntou.
─── Porque quero ficar com a minha namorada enquanto os irmãos maniacos dela não estão aqui, e também não quero escutar um velho chato falar bobagens. ─── Resmungou, puxando seu corpo pra cima com seus rostos praticamente colados.
Você o socou novamente e dessa vez forte o bastante pra ele gemer com a dor.
─── Chame meus irmãos assim novamente e eu arranco seu rostinho fora. ─── Sorriu esnobe, e mordeu sua bochecha ─── E outra, não é chatice ok? Na realidade é muito interessante você nem se deu ao trabalhar de prestar atenção.
─── Eu prestei pelos dois primeiros segundos.
─── E percebeu o quão triste é? Perder suas memórias, parte de você.
─── Mas isso é uma chance em quinhetos mil, nunca vai acontecer então para de pensar sobre isso. ─── Ele tocou sua testa, colando suas cabeças e te olhando bem de perto ─── Jamais estaremos longe um do outro.
─── Acho que isso acontecesse eu nunca te esqueceria completamente Keisuke.
Ele sorriu para você, bonito o bastante para se apaixonar novamente.
─── Como pode ter essa certeza? ─── perguntou ele.
E entao você o puxou acabando com aquele espaço entre vocês, grudando os lábios com carinho e amor. Baji tocou sua bochecha e você pressionou seus corpos ainda mais.
Não havia nada sexual naquele gesto, eram apenas dois adolescentes vivenciando o amor.
Quando se separaram do beijo você o olhou como se ele fosse a única coisa no seu mundo ── E talvez fosse.
─── Mesmo que minha mente te esqueça, meu coração ainda vai te amar do mesmo jeito que hoje.
Eram jovens demais pra entender que o destino havia reservado para os dois.
TÓQUIO
ATUALMENTE.Keisuke bateu os pés sujos no tapete do próprio apartamento. Amava a solidão de morar sozinho, não que detestasse o apego da mãe mas era muito reconfortante chegar em casa e não dever satisfações a ninguém. Mas por mais lesado que fosse Baji sabia quando algo estava errado, e então estranhou o costumeiro cheiro de café no apartamento, pois ele não tomava café.
Correu para o lado da sala e pegou a primeira coisa que viu, um taco de beisebol que Chifuyu havia lhe dado de aniversário, e em passos lentos caminhou até a cozinha. Mas nada o prepararia para o que viu em seguida.
Você estava lá, o encarando com uma expressão sem ânimo enquanto bebericava café puro em uma xícara preta, ele tinha muitas perguntas é claro, mas nenhuma se equipava com a dopamina que era te ter em seus frente.
─── [Nome] como...─── Disse enquanto soltava o taco do lado de seu corpo.
─── Você sabe, não é muito dificil para mim entrar em qualquer lugar. E não se incomode eu vou lavar as coisas que fiz o café, é só que sai agora da minha casa com as minhas malas. Não vou demorar muito Angry me espera la embaixo. ─── Disse tudo muito rápido.
─── Angry? ─── Perguntou ─── O que faz na casa dos Kawata?
─── É o único lugar que meus irmãos nunca procurariam, eles duvidam que de todas as pessoas eu esteja justamente com quem os mandou para o hospital. Sem contar que Souya é a única pessoa que eles temem.
─── Não me agrada muito essa sua aproximação com ele. Eu sou homem, sei o que ele quer.
E então seu riso ecoou alto pela casa, sua barriga chegou a doer e mesmo com o tom claro de deboche em qualquer ação sua. Baji só conseguiu se apaixonar a cada segundo
─── Este é o fim da linha para nós Keisuke, não fale de Angry ou eu posso mudar de ideia sobre a nossa conversa. ─── Disse, empurrando a cadeira e se sentando nela de frente para Baji ─── Vamos conversar sério agora, e decidir sobre nós dois. Preciso de um bom motivo para não ir embora. Me dê apenas um, e eu fico.
Aquele era sem dúvidas o fim da linha, e você não sabia onde podia parar.
E Baji também não, aquela era a última conversa.
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HAITANI, baji keisuke.
Fanfiction❝ acho que você não tem coração, tola fui eu que pensei em lhe dar o meu ❞ onde uma memória recuperada foi o bastante para causar uma guerra em tóquio e despertar o mais genuino amor. keisuke baji x oc fem © kz2tora.